É uma iniciativa nacional do Ministério da Saúde (MS), desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do RN e coordenada pelo LAIS (Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde). O apoio técnico do NESC envolve as equipes de pesquisadores e os 52 apoiadores que atuam em 72 municípios de todo o Brasil. Em breve esse número de apoiadores será ser ampliado, para atender os 100 municípios considerados prioritários pelo MS – selecionados conforme tamanho da população, incidência de casos da doença, e regiões críticas como zonas de fronteiras. Aqui no RN, no momento, há um apoiador atuando em Natal e Parnamirim. O projeto terá duração de três anos (até 2020), e o orçamento inicial, que também inclui a remuneração dos apoiadores, é de R$ 160 milhões.
E como funciona na prática?
A equipe de apoiadores do projeto auxilia a execução de ações, e o enfrentamento dos gargalos, dificuldades e problemas encontrados nos municípios no sentido de controlar e combater a sífilis. Esse trabalho inclui a conscientização dos gestores quanto à priorização do tema, e o incentivo para a mobilização de recursos para se buscar melhores resultados. Também são coletados dados que alimentam uma plataforma digital, utilizada para a produção de pesquisas na área. Essa é uma das dimensões do projeto, pois ainda é preciso garantir a disponibilidade da penicilina, do teste rápido para diagnóstico e tratamento, e a adoção de uma campanha de educação da população.
A incidência de sífilis no Brasil pode ser vista como epidemia?
Sim, sem dúvida. É uma problema mundial, mas a situação do Brasil é extremamente desconfortável: os números são assustadores, e sabemos que, mesmo com os dados que temos, considerando as subnotificações, a incidência da doença deve ser bem mais grave. As medidas de combate que vinham sendo implementadas não conseguiram conter o avanço da doença. Um dos propósitos é justamente investigar por que as ações não estão contendo o aumento dos casos.
Há explicações para esse avanço?
Desde entraves burocráticos, e a falta de disponibilidade do medicamento para tratamento, até a não priorização do combate, e a falta de informação. Alguns dados são bem absurdos, como quando um paciente busca tratamento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que não aplica a penicilina e encaminha a pessoa para uma Unidade de Pronto Atendimento – chegando na UPA é feita uma nova consulta mesmo já tendo uma prescrição médica. Outra situação é quando uma gestante é diagnosticada e não se trata o parceiro para interromper o ciclo da contaminação. É um tema complexo, que as práticas de saúde e de gestão precisam priorizar, pois a sífilis não teve um movimento social como teve a AIDS, e há uma visão equivocada de que é uma doença “de pobre” – mas que qualquer pessoa pode se contaminar.
A gestão do novo governo Federal pode afetar o projeto a partir de 2019?