sexta-feira, 19 de abril, 2024
28.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Bate-papo com Flávio Rocha

- Publicidade -

Bate-papo

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e vice-presidente do grupo Guararapes

O que a estreia da Zara significa para o mercado?

A estreia da Zara mostra que Natal comporta esse tipo de operação. A gente está cansado de ouvir: ‘Natal não comporta; em Natal não cabe um teatro desse’. A gente adora desafiar essas crenças pessimistas e mostrar que Natal pode.
Flávio Rocha: A gente adora desafiar as crenças pessimistas e mostrar que Natal pode
O Midway negocia, nesse momento, a vinda de outras grandes marcas nacionais e internacionais?

Sim. Isso é um processo permanente. O mercado é muito dinâmico. Sempre estão aparecendo novidades e a missão do Midway é essa, inclusive trazendo concorrentes da própria Riachuelo.

A Zara está ao lado da Riachuelo…

Pois é. A prova é justamente essa. Cortamos da própria carne, reduzindo o tamanho da nossa loja para viabilizar a Zara.

Você poderia listar as marcas com as quais negocia?

Não, por que às vezes gera frustração (quando não se concretiza). A nossa regra é divulgar só quando o contrato está assinado e sacramentado.

A GAP estreou essa semana em São Paulo. Assim como a Zara no RN, a GAP era uma loja muito aguardada no país. O Midway comporta uma GAP?

Olha, a GAP é sem sombra de dúvida uma marca muito forte, mas pelo modelo totalmente importador, ela lida melhor com o básico da moda e eu acho que o futuro está muito mais para o fast fashion do que para o varejo tradicional, para o básico.

Entidades ligadas ao comércio, tanto a nível local quanto nacional, tem, nesse momento,  uma visão pessimista do setor. Como você enxerga o varejo?

Desde o início a gente ouve essa voz pessimista e vem registrando semestres cada vez melhores. O terceiro trimestre está se desenhando muito melhor que o segundo e não é imaginação nossa, é o número produzido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que faz uma amostragem das 50 maiores cadeias de alta performance do Brasil, e os índices do quarto trimestre são ainda melhores que os do terceiro. Então eu acho que o melhor ainda está por vir. Acredito que o fim do ano será muito melhor do que o início.

O que está estimulando esse crescimento?

Credito isso a profissionalização, a estruturação do varejo. No Brasil, 50% do varejo pode ser considerado de baixa performance, não equipado tecnologicamente: é a sacoleira, o feirante. No mundo, quase 100% do varejo já é considerado de alta performance, capaz de assumir o papel de locomotiva. O que a gente espera é que o varejo de alta performance predomine no Brasil no futuro.

O varejo deve crescer quanto no país este ano?

Por volta de 8%. Nosso índice está projetando um crescimento de 8,7% para outubro, um recorde nos últimos dois anos. A mesma taxa é esperada para novembro. Nós ainda não projetamos a taxa para dezembro. Isso o crescimento real, sem considerar a inflação.

E o varejo de moda?

Ficará acima dessa média, em torno de 10%. Na verdade, a gente não classifica como varejo de moda e sim como de semi-duráveis, incluindo moda, livraria, papelaria, entre outros.

Por que crescerá mais?

Porque é onde está ocorrendo a maior formalização. E outra coisa, as pessoas estão descobrindo a moda. O vestuário está mudando de sentido principalmente para nova classe média. Enquanto os gastos com alimentação e moradia ficam mais ou menos dentro do aumento da renda, gastos com beleza e moda são três, quatro vezes maiores que os outros gastos.

Apesar da tendência de alta, há fatores inibindo o crescimento nesse momento?

A complexidade regulatória, tributária, trabalhista do Brasil é o grande gargalo. A própria Zara apontou em matéria recente o Brasil como o país mais complicado, pior até que Venezuela e Argentina, que são dois países notoriamente hostis ao investimento. Acho que isso realmente é o fator que breca o investimento não só no varejo, mas em todos os setores.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas