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Bate papo com Josivan Cardoso

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A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE conversou com Josivan Cardoso, diretor-presidente do Igarn (Instituto de Gestão das Águas do RN). Confira a entrevista:

Quanto tempo será necessário para que os reservatórios melhorem de volume? em quantos anos isso seria possível? Por quê?
O Igarn fez simulação, através de dados de monitoramento e acompanhamento, e foi possível mensurar que, se o inverno deste ano (2018), tivesse regularidade média com chuvas constantes nas áreas de drenagens dos reservatórios, as reservas hídricas poderiam chegar a uma recuperação de 20% da situação dos reservatórios antes da quadra chuvosa. Entretanto, ainda não há mudanças significativas que apontem esta previsão, que indiquem uma melhora dos mananciais, isso decorre da inconstância das precipitações, mesmo já tendo ocorrido em alguns mananciais uma recuperação mínima. Sendo assim, o que se pode afirmar é que havendo dois invernos, com acumulado pluviométrico médio nas áreas onde se encontram os reservatórios, e estas chuvas sendo constantes, existiria uma significância positiva para uma recuperação de volume de água dos grandes reservatórios.

Ainda não há mudanças significativas que indiquem melhora dos mananciais, diz Josivan Cardoso

”Ainda não há mudanças significativas que indiquem melhora dos mananciais”, diz Josivan Cardoso

A recarga também depende das águas que chegam…
Sim. Os reservatórios superficiais dependem de abastecimentos através de águas que vem por drenagens da bacia hidrográfica que está inserido. Cada reservatório tem sua condição especifica, portanto, sua recarga depende das águas que chegam pelas chuvas aos rios que desaguam no reservatório e também das águas que vem das chuvas que ocorrem diretamente bacia hidráulica (bacia de acumulação de água do próprio reservatório). Ou seja, antes que as águas cheguem ao reservatório, outros do seu entorno também retém as águas. Posteriormente, cheios, transbordam até as águas serem drenadas ao maior reservatório. Isto ocorre principalmente após tantos anos de seca. Neste caso, também aumentam as áreas secas de solo do entorno destes reservatórios. Quando ocorrem as primeiras chuvas, estas servem para reabastecer estes locais que estavam completamente secos, isto é, as águas só começam a drenar mais intensamente para os maiores reservatórios após o solo ficar saturado.

Dos 47 reservatórios, 11 estão secos e 19 em volume morto, de acordo com o próprio Igarn. Qual o prognóstico para os próximos meses?
O monitoramento é realizado diariamente para que possamos entender a dinâmica de recarga dos reservatórios. Por isso atualizamos, também diariamente, o site do IGARN (níveis dos reservatórios) onde cada reservatório tem sua simulação da situação atual, com base em recarga nula. Recarga nula é como se não fosse mais haver entrada de água no reservatório. Sendo assim, qualquer prognóstico futuro é dado sob as perceptivas de recarga nula, isto é, o planejamento é realizado com base na água existente no reservatório no dia do monitoramento. Havendo novas recargas são redimensionadas as tomadas de decisões dos usos e quantidades. Ressalte-se que ainda aguardam-se as chuvas constantes e bem distribuídas em toda a bacia hidrográfica onde se encontram os reservatórios para os meses de abril e maio, possivelmente, e assim melhorar a situação atual.

Se as expectativas de um inverno mais chuvoso para 2018 não se confirmarem, qual será a opção de abastecimento das cidades que hoje recebem água da barragem Armando Ribeiro Gonçalves?
A Armando Ribeiro Gonçalves atende cerca de 40 municípios. Para a operação dos abastecimentos, as águas são captadas do lago da reserva (volume acumulado dentro da barragem) e também do Rio Açu, cujas águas saem da barragem pelas válvulas dispersoras. Assim, para as cidades abastecidas pelas águas de dentro da barragem, pode-se afirmar que a continuidade de abastecimento continuará mesmo que não haja recarga significativa, já que o volume atual ainda permitirá o atendimento regular dentro de usos racionados. É importante destacar que para a continuidade dos abastecimentos, as captações tendem a passar por adaptações, ou seja, ampliações e instalações das tomadas de água em pontos estratégicos dentro da barragem que permitam as operações de bombeamento. Quanto às captações pelo Rio Açu, não havendo recarga, e a barragem não mais descarregando água pelas válvulas dispersoras para o Rio, serão suspensas.

O IGARN tem dialogado com outros órgãos e secretarias a respeito da crise hídrica, certamente. A que conclusões tem se chegado?
Sim, o Grupo de Segurança Hídrica, integrado pelo Igarn, Semarh, Sape, Defesa Civil Estadual e Caern, coordenado pelo Gabinete Civil do Estado, vem se reunindo constantemente e é afirmativo dizer que a situação só não está pior, porque o Grupo elaborou o Plano Emergencial de Segurança Hídrica, que vem implementando ações diversas como a utilização das águas subterrâneas, por implantação de poços rasos e profundos; instalação de dessalinizadores; efetivação da operação vertente (carros pipa) e implantação de adutoras emergenciais. Estas ações vêm sendo desenvolvidas pelo Estado através de suas instituições e com recursos próprios, e quando possível em parceria com o governo federal. Um ponto importante para a continuidade dos abastecimentos são as ações de fiscalização, controle e monitoramento feitas pelo Igarn, que atende aos conflitos de uso de água nas regiões mais afetadas pela estiagem, à exemplo do Seridó e Oeste. Neste caso, as alocações negociadas de água tornam-se imprescindíveis, vez que junto aos usuários e comitês de bacias são definidos o tempo e o uso da água que ainda existe.

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