sexta-feira, 29 de março, 2024
30.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Bate papo com Maria Lima

- Publicidade -

Confira a entrevista com Maria Lima, Subcoordenadora de vigilância e epidemiologia da Sesap, em que ela fala sobre a situação da dengue nos municípios do RN

O que significa uma cidade estar em estado de alerta ou risco?
Temos uma classificação preconizada pelo Ministério da Saúde. Em uma cidade que você encontra até 1% de infestação nas casas, você está dizendo que ela tem uma infestação satisfatória. Entre 1% e 4% está em alerta e acima disso está em risco. O vírus continua circulando em todo o estado, uns com menos e outros com mais. Quando esse índice está acima de 4% é porque há um risco iminente de epidemia. Nesses casos, usamos o carro fumacê, que é uma medida feita em último caso. A epidemia ocorre quando temos casos confirmados na área.

Estamos apreensivos com a dengue, diz Maria Lima

”Estamos apreensivos com a dengue”, diz Maria Lima

Quando esse estado de alerta e risco teve início?
Desde janeiro. Até dezembro consideramos dentro da normalidade. No primeiro mês do ano recebemos uma comunicação de Campo Redondo pedindo a UBV (Ultra Baixo Volume). Nem todos os municípios que pedem são atendidos, para que ele receba nós deslocamos uma equipe para avaliar as condições e ver se há realmente necessidade de fazer uma operação de fumacê no local.

Como os dados são coletados? Os municípios enviam as informações?
Tanto as informações epidemiológicas como de infestação os municípios enviam os dados para a secretaria estadual para fazermos análise e encaminhar para o Ministério da Saúde. No primeiro semestre somente três municípios não enviaram as informações. No caso de Natal, ele usa usam uma metodologia diferente e os dados são enviados direto para o Ministério da Saúde.

O que está contribuindo para esse alto percentual?
Aqui no Nordeste temos uma característica em comum que é a intermitência da água. O mês de fevereiro foi chuvoso, embora não tenha sido uma pluviometria bem estabelecida em todo o estado. Associado a isso temos um aumento no número de criadouros do mosquito, seja através dos naturais ou artificiais, que é o lixo. Por causa da condição de seca as pessoas armazenam água e, infelizmente, por questões financeiras ou falta de informações, elas ainda deixam  água armazenada por um bom tempo e descobertas. Isso faz com que  o mosquito coloque o ovo e crie um ciclo. Também há lixões por todo o estado. Só temos dois aterros sanitários, um em Mossoró e outro na Região Metropolitana de Natal e isso favorece um grande aumento desse ciclo do vetor. Embora muitas cidades tenham coleta normal, os resídios acabam ficando em lixões ou espalhados em toda a cidade. Temos também um déficit de educação sanitária da comunidade, da população, dos órgãos fiscalizados e das gestões.

Quais medidas estão sendo feitas pela Sesap a partir desses altos índices?
A realização das atividades de campo é de responsabilidade do gestor municipal. Os agentes de endemias fazem o trabalho, e eles são treinados, inclusive, a fazer orientações à população. Mas quando os agentes não têm treinamento adequado, isso acaba refletindo na sua missão. Nós da secretaria, todos os semestres fazemos cursos de atualização em todas as regiões. A maioria dos municípios não tem concurso para agente de endemias, e quando chega o final de uma gestão a maioria é dispensada, ou são recontratados ou chega uma nova demanda de pessoas.

As epidemias são sazonais, como tem sido observado por membros da saúde. Para 2018 a Sesap espera uma grande epidemia, como ocorreu em 2016? 
Em 2015 tivemos uma pequena epidemia, já em 2016 tivemos uma que superou em cinco vezes a do ano anterior. Em 2017 houve uma baixa. Esperamos uma epidemia em 2018. Em 2016 o que matou foi a Chikugunya, porque tínhamos um novo vírus e uma população suscetível. Este ano estamos apreensivos com a dengue, mas isso não quer dizer que vamos ter um número exacerbado de casos. Acreditamos que vamos viver uma epidemia como a de 2015, que foi leve, mas essa é apenas uma expectativa.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas