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Baudelaire para sempre

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Alex Medeiros 
Exatamente hoje, 9 de abril, faz 200 anos de nascimento do poeta francês Charles-Pierre Baudelaire, filho de um modesto pintor que se tornaria guardador de livros de convento e de uma inglesa que logo lhe daria um padrasto militar posteriormente diplomata. Baudelaire foi educado em três instituições, o College Royal de Charlemagne, o College de Lyon e o Louis-le-Grand, de onde foi expulso. Os primeiro e terceiro colégios ficavam em Paris. 
Completou os estudos no College Saint-Louis, obtendo o bacharelado em 1839, ano em que decidiu seguir uma carreira de escritor, determinado a fazer dessa experiência uma sondagem profunda da própria alma, do emocional, do amor, da luxúria, da morte e dos demônios internos que nos alimentam do mal. Com essa decisão, ele afastou o padrasto das intenções relativas ao seu futuro, pois este tinha planejado para o enteado ambições mais comezinhas.
Àquela altura, ele já desenvolvera um desprezo pelos valores estabelecidos pela classe média, era irônico com os conceitos de multidão igualitária. Refutou de vez a política após o golpe bonapartista e a coroação de Napoleão III.
Seu modernismo enviesado ganhou dimensão crítica quando descobriu Edgar Allan Poe, o poeta maldito americano cuja visão ele reconheceu semelhante à sua. Poe foi influência visível em As Flores do Mal, sua obra poética universal. 
Foi precursor do simbolismo e pai da crítica de arte moderna, e junto com Poe compôs o dueto de referência do maior simbolista brasileiro, o paraibano Augusto dos Anjos, que era um jovem de 17 anos quando o francês faleceu.
Dizia Baudelaire: “É inútil e tedioso representar o que existe, porque nada do que existe satisfaz a mim. Eu prefiro os monstros da minha fantasia ao que é positivamente trivial”. O sentimento mórbido e depressivo encharca sua obra.
No soneto “Remorso Póstumo”, do livro clássico, vê-se a influência fúnebre em Augusto: “O túmulo que tem seu confidente em mim / Porque o túmulo sempre há de entender o poeta / Na insônia sepulcral destas noites sem fim”. 
Baudelaire acumulou em vida todos os fracassos e sentimentos de ausência, sofria colapsos oriundos de uma hemiplegia que lhe paralisava parte do corpo, além de ter contraído a sífilis, praga tão comum no nosso legado lusitano. 
Morreu sem ver uma edição de As Flores do Mal, referência para milhares de poetas depois. Por várias vezes ensaiou se matar, uma alternativa radical à falta de dinheiro, às corrosivas críticas literárias e ao problema do alcoolismo. 
Com 24 anos buscou na ponta de um punhal o fim de todos os martírios. A fracassada tentativa de suicídio foi após ter conhecido a dançarina haitiana Jeanne Duval, que se tornaria sua musa, retratada pelo pintor Edouard Manet. 
Na carta de despedida usou um dos sobrenomes utilizados pela mulher, Lemer (ela usava também Lemaire e Prosper): “Quando, Jeanne Lemer, te entreguem esta carta, estarei morto”, utilisando termos como “horripilante inquietude”.
Num trecho, dizia ser “insuportável tanto a fadiga de dormir quanto a de despertar”, num claro quadro de vazio na alma que lhe contaminava o corpo. A missiva era a versão crônica dos tantos versos que cantavam seu desconforto. Se o punhal falhou, coube à sífilis o golpe certeiro. Baudelaire foi o primeiro poeta que trouxe para a poesia o tédio em meio ao prazer. Soube dele pela primeira vez quando vi uma edição do jornal Flor do Mal, voz da contracultura no alvorecer dos anos 1970 e cujo título remetia ao seu livro que vivo a reler.
Arrivistas
O adesismo ao “esquerdismo científico” é tendência entre neocapitalistas gulosos. Nada é mais risível que tiozão endinheirado com ideologia retroativa, após passar a juventude saboreando as sobras de governos das “zelites”.
Arrogância
Uma vestal judiciária não deveria jamais acusar colegas ou advogados no ato do exercício do Direito, de “ter fumado erva estragada”. Principalmente quando a tal figura há muito vem demonstrando agir por força de uma ética estragada.
Dedurismo
Os decretos de restrições estão satisfazendo a neura dos recalcados, como ocorreu com vizinhos denunciando os judeus. Quatro viaturas da PM e doze policiais foram ao Bar Roberto Carlos, a partir do telefonema de um alcaguete.
Coronavac
Os patrulheiros ideológicos pró-China juravam pelas almas penadas de Stálin e Mao que a relação do Brasil com o PCC melhoraria com a saída de Ernesto Araújo. Entrou um alinhado e agora Pequim não tem insumo para o Butantan.
Respiradores
Ontem fez aniversário de um ano do sumiço dos respiradores comprados pelo governo do estado e nunca recebidos, apesar de pagos. Um flyer registrando a data e com foto da governadora circulou bastante nas redes do WhatsApp.
Educação
Com os recursos do Fundeb praticamente garantindo a folha da educação, como está o caixa do setor se com as escolas fechadas não há gastos? Há falta de energia, mato crescendo nos locais, um sinal de não manutenção.
MBappé
Na imprensa francesa, até o sisudo Le Monde se desmanchou em elogios ao talento do jovem MBappé, que conduziu o PSG na incrível vitória sobre o Bayern, em Munique. Candidatíssimo a herdar os tronos de Messi e Ronaldo.
Pressão
O domínio do Bayern na posse de bola, os quase 30 chutes a gol contra 6 do PSG deram dimensão à vitória francesa e ao espetáculo de MBappé. O Le Parisien estampou: “Números malucos para uma vitória heroica e épica”.
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