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Bebeto: “Brasil é melhor, mas não é favorito”

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CONFIANÇA -  Bebeto diz acreditar numa recuperação de Ronaldo

União pode ser uma palavra pequena na extensão, mas tem um imenso valor para o ex-craque da seleção brasileira, José Roberto Gama de Oliveira, 42 anos, ou simplesmente “Bebeto”. Ela, a união, é quem pode fazer a diferença, segundo ele, à favor do time de Parreira na Copa da Alemanha, que se aproxima.

“A união foi nosso grande reforço em 1994. Firmamos um pacto entre nós para trazer o título e a união foi fundamental. Chegamos a nos reunir com a CBF para dizer apenas que não jogaríamos por dinheiro. Queríamos apenas trazer o caneco. Tudo que você faz com amor e alegria, o trabalho rende mais”, revelou Bebeto, que concedeu entrevista à TRIBUNA DO NORTE, durante sua rápida passagem por Natal, no último dia 13, quando participou do “Bate Bola Petrobras”, projeto interno da empresa brasileira de petróleo:

TRIBUNA DO NORTE: Você acredita no hexacampeonato? 
BEBETO: Sem dúvida. Estou torcendo muito por isso. Mas, não existe essa história de favoritismo. A Copa sendo na Europa então… Temos o melhor time, mesclando jogadores jovens aos mais experientes. Qualidade técnica o Brasil teve, tem e sempre terá, mas tem que ser provada dentro de campo. Tenho certeza que Zagalo vai ficar dizendo no ouvido de cada um que não existe favorito. Disso não tenho dúvida. Outra coisa importante é que não adianta ir pensando em premiação, o que acabou nos prejudicando em 1990. O grupo tem que estar unido e estar sempre de bem com a vida, como era em 1994. E este grupo que vai à Alemanha demonstra isso.

• Quem pode fazer a diferença na seleção, na sua opinião?
BEBETO – Acho que Kaká e Ronaldinho Gaúcho estão em grande fase e podem fazer a diferença, além do Ronaldo, que vai estar recuperado na Copa. Mas, o importante é deixar os meninos em paz. Não adianta fazer pressão em jovens revelações como Robinho, por exemplo.

• Você acredita que Ronaldo vai estar bem na Copa?
BEBETO:  Eu tive conversando com o Ronaldo e disse a ele para seguir em frente. O que vamos falar de um menino que foi lá em 2002, depois de todos os problemas de contusão que ele teve, e acabou sendo o jogador mais importante da Copa. Temos que deixá-lo em paz. Ele já fez muito pela seleção e, agora, mais experiente, vai dar a volta por cima novamente, com certeza.

• Que comparação você pode fazer da seleção de 1994 com a atual, de 2006?
BEBETO: Não tem como comparar. Cada um tem seu tempo, cada um tem seu valor e já entrou para a história.

• Paulo César Caju acha que Parreira deve lançar o “quinteto” e não o “quarteto”. Você concorda com ele?
BEBETO: No futebol de hoje em dia a qualidade técnica é muito pouca. É uma competição muito curta, onde todo o cuidado é pouco. Pelo que conheço de Parreira e Zagalo, o Brasil terá um esquema mais cauteloso. Em 1994 era assim. O importante era não levar gol e ‘deixa que Bebeto e Romário resolve lá na frente’.

•  Qual a sensação de ser campeão do mundo?
BEBETO: Olha, é muito gostoso e gratificante, uma sensação única. Quando fomos campeões do mundo comemoramos muito, mas só fomos sentir o real valor deste título quando chegamos no Brasil. O calor da torcida. Parece que quando o Brasil conquista um título mundial, o povo esquece de tudo que é ruim. É, realmente, uma experiência fantástica. Defender a seleção brasileira é uma grande responsabilidade, é representar todo um país apaixonado por futebol e que pára, literalmente, durante a Copa. O frio na barriga a cada jogo, até para os mais experientes, é inevitável.

• Você estava preparado para bater o último pênalti do Brasil na final contra a Itália, caso Baggio fizesse o gol?
BEBETO: Sim. Estava muito confiante. Cobrava uma média de setenta pênaltis no final de cada treino. O Zico sempre me aconselhou a ficar um pouco mais depois dos treinos. Pedi ao Parreira para bater o primeiro pênalti, mas ele me escalou para cobrar o último, para decidir. Eu disse tudo bem porque estava muito confiante. Mas, nem foi preciso (risos).

• Tem planos para ser técnico ou dirigente de futebol?
BEBETO:  Não. O Jorginho me colocou na vida de empresário e hoje nós dirigimos o Projeto social “Bola pra Frente”, em Guadalupe, periferia do Rio de Janeiro, onde contamos com cerca de mil crianças cadastradas na faixa etária dos seis aos dezesseis anos. O projeto já tem cinco anos e o objetivo é educar a criançada através do futebol e revelar novos talentos, se aparecer, é claro.

• E se recebesse convite para ser técnico do Flamengo?
BEBETO: Não. Deixa eu continuar sofrendo como torcedor.

“Filho de peixe, peixinho é!”

O jogo contra a Holanda pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1994 ficou marcado na mente dos brasileiros, menos pela vitória da seleção de Parreira, mais por um gesto do atacante Bebeto, autor do segundo gol na vitória de 3 a 2. Na comemoração, o baiano fez uma homenagem simbólica ao filho Mattheus, que acabara de nascer.

A simulação do pai embalando o filho no colo foi imortalizada e até hoje copiada nas peladas ou em jogos oficiais mundo à fora. Bebeto relembra o gesto com carinho e torce para que a tradição seja mantida na família, já que o bebê de 1994 se transformou numa promessa para o futebol brasileiro, 11 anos depois.

“Realmente foi um momento marcante. E foi espontâneo. É coisa de Deus mesmo. É gostoso ver, hoje, todo mundo fazendo a mesma coisa. Espero que ele (Mattheus) possa vir a fazer o mesmo, em breve”, declarou o ex-craque da seleção. Com 11 anos de idade, o filho mais novo de Bebeto tem, já é destaque no time mirim do Flamengo.

O desempenho de Matteus é acompanhado de perto pelo pai “coruja”, que confessou estar presente quase todos os dias na Gávea, assistindo aos treinos e jogos do garoto. “Ele é uma meia esquerda e tem muita personalidade. E, apesar de ser canhoto, também chuta com a direita”, comentou, orgulhoso.

“Sou Mengo até morrer”, diz Bebeto

Antes de começar o “Bate Bola Petrobras”, realizado no último dia 13, na sede da empresa patrocinadora, em Natal, Bebeto fez questão de deixar claro a sua paixão pelo Flamengo, clube que o revelou para o futebol brasileiro. “O Flamengo é meu time de coração. Sou Flamengo até morrer. E não poderia ser diferente. Minha mulher também é flamenguista. Tem, inclusive, as mesmas cores do Vitória, clube que me revelou e que eu tenho também muito carinho”, confessou.

Para não ficar mal com a torcida do Vasco, clube pelo qual sagrou-se campeão brasileiro em 1989, depois de uma saída conturbada do Flamengo, Bebeto disse que tem apenas boas recordações de São Januário, por onde atuou durante dois anos. “Adoro o Vasco por tudo que vivi lá, sempre muito bem tratado e respeitado”, afirmou Bebeto.

Sobre a atual situação do rubro-negro carioca e do futebol do Rio de Janeiro, Bebeto apenas lamentou, dizendo que torce como qualquer outro torcedor para que “tudo volte a ser como era antes”. O Flamengo, no entanto, deixou de ser sua única paixão, quando o jogador se transferiu para o La Corunã, onde foi ídolo e um dos grandes responsáveis pelo inédito título espanhol na década de 1990. Bebeto fez questão de afirmar que La Corunã é sua segunda casa.

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