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Beleza e realidade da Vila registradas em aquarelas

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O cotidiano da Vila de Ponta Negra através de suas casas antigas, de seus moradores, da musicalidade, dos grupos folclóricos, do artesanato, das festas, mas também da violência que assola o bairro, matando a juventude. Esses dois lados da Vila é o que permeia a exposição “Tem Cerol na Linha”, do artista Osvaldo Oliveira, na galeria do NAC (Centro de Convivência da UFRN). A vernissage acontece nesta quinta-feira (1º), a partir das 19h, com entrada franca.
Aquarelas trazem personagens nativos de Ponta Negra
“A vila é esse oásis onde se leva uma vida simples, em que inspira liberdade. Ao mesmo tempo, se percebe que há uma violência latente. Isso aflige os jovens nativos, na maioria negros, filhos de pescadores”, comenta Osvaldo, baiano que está em Natal há 30 anos, sendo 25 deles vivendo na Vila de Ponta Negra. “A Vila é o meu habitat. Convivo com essa dualidade diariamente. A beleza e os problemas do bairro”.

O grave problema do assassinato de jovens nas periferias do Brasil, especificamente no bairro, está retratado no painel que dá título a exposição. A obra é montada com retratos pintados de nove jovens da Vila, mortos na guerra do tráfico de drogas. Os retratos foram baseados em fotografias que o artista conseguiu junto aos familiares dos jovens. “Conhecia esses garotos desde pequenos. Você não espera que isso um dia chegue a acontecer com eles”, diz. Depois da exposição, a família de cada jovem receberá uma pintura em aquarela do familiar.

“Tem Cerol na Linha”, o título da exposição remete ao viver livre das crianças que soltam pipa, ao mesmo tempo que convivem com o perigo das ruas. A curadoria é assinada por Sanzia Pinheiro. “Existe uma linha com cerol na geografia e na população da Vila. É possível mapear regiões de ruas largas, com casas grandes e outras de ruas estreitas e sem saídas com casas menores de menos recursos. Assim também é a população: pescadores, artesões, ambulantes e também advogados, juízes, professores, funcionários público federal, intelectuais, artistas, estudantes universitários, sulistas e estrangeiros”, diz a curadora no texto crítico.

Com 30 anos dedicados à pintura, Osvaldo Oliveira é aquarelista, com curso de observação e cores com o pintor nipônico hiperrealista Michinori Inagaki e exposições e prêmios pelo Brasil e exterior. “Rascunho na rua, às vezes fotografo, às vezes faço de memória quando chego em casa. O importante é que eu vivo a Vila.”

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