Paris (AE) – O Barcelona é campeão europeu de clubes da temporada 2005/06. Venceu ontem o Arsenal (da Inglaterra) por 2 a 1, de virada (graças a um gol do lateral-direito brasileiro Belletti), e assegurou pela segunda vez em sua história o título da Liga dos Campeões da Europa (havia sido campeão em 1992). E é o primeiro título neste torneio dos brasileiros Ronaldinho, Thiago Motta, Edmilson, Deco (naturalizado português), Sylvinho e o próprio lateral pelo atual bicampeão espanhol.
O Arsenal foi para cima e criou boas chances. Depois disso, aos poucos, o Barcelona começou a equilibrar a partida e ir chegando ao ataque. O lance que mostrou sua força ofensiva foi aos 18 minutos, quando Ronaldinho tocou para Eto’o, que sozinho, saiu de frente ao gol e foi derrubado pelo goleiro Lehmann fora da área (expulso por isso, sendo o primeiro na história do torneio numa final). Na sobra da bola, saiu o gol do Barcelona, mas o juiz anulou porque o auxiliar marcou a falta antes.
Henry, mais uma vez, fez a diferença. Numa bola cruzada por ele em cobrança de falta, pelo lado direito, o zagueiro Campbell subiu mais alto e cabeceou forte, sem chance de defesa para Valdés, marcando o primeiro gol do jogo, para o Arsenal.
No segundo tempo, o técnico do Barcelona, Frank Rijkaard, colocou em campo Iniesta no lugar do volante brasileiro Edmilson. Assim, o time ficou mais ofensivo e passou a pressionar. Aos 31 minutos o torcedor do Barcelona enfim comemorou o gol, furando a defesa que não tomava gols no torneio há 996 minutos (não tinha tomado nenhum até então). O sueco Larsson recebeu o lançamento na área e ajeitou para Eto’o, que chutou colocado no canto direito (num espaço pequeno) do goleiro Almunia.
Ajudado pela chuva forte e o cansaço dos ingleses, os espanhóis mantiveram a pressão e conseguiram a virada. Larsson, de novo, passou em profundidade e Belletti, num chute cruzado de pé direito, fez o segundo gol. Foi o lance da virada e o que garantiu a justa conquista taça, já que o time espanhol é campeão invicto.
Invasão estrangeira à França
A Torre Eiffel foi tomada por espanhóis e ingleses durante toda a quarta-feira. Desde cedo, torcedores do Arsenal e do Barcelona se concentraram no ponto turístico mais famoso de Paris e fizeram festa digna de grande evento. Milhares de pessoas se aglomeraram no local à espera da final da Liga dos Campeões da Europa e muitos tiveram de ficar por lá até o fim do dia, pois não conseguiram ingressos.
Espanhóis e ingleses cantavam o hino de seus times e trocavam provocações. Mas sem exageros. Imperou o clima esportivo e a violência, até o começo da partida, ficou de lado. Os policiais, precavidos, se desdobraram nas principais regiões da cidade para evitar conflitos. Poucos incidentes ocorreram. Na maioria das vezes, foram causados por ingleses embriagados.
A rotina do parisiense mudou. As ruas foram dominadas pelos torcedores. Os franceses mais entusiasmados entraram na folia. Os mais contidos preferiram se esconder em casa e no trabalho. Os organizadores da final contribuíram para a festa. Reservaram um grande espaço para a torcida nas proximidades da Torre Eiffel e conseguiram entreter o público até o início da decisão, com jogos, um campinho de futebol de grama sintética, lanchonetes e lojinhas. A Champs Elysée, avenida mais importante da capital francesa, ficou parecendo um grande balcão de negócios. Cartazes com “cherche tickets, compro billetes e buy tickets” eram exibidos com freqüência por pessoas desesperadas por ingressos, desde o início da manhã.
Um senhor inglês contou que tentou comprar a entrada de um cambista, mas o rapaz lhe pediu 4 mil euros. “E não aceitou vender nem por um pouco menos que isso”, relatou.
Ficha técnica
Barcelona: Victor Valdes; Oleguer (Beletti), Rafael Marquez, Carles Puyol e Giovanni van Bronckhorst; Deco, Edmilson (Andres Iniesta) e 17.Mark van Bommel (Henrik Larsson); Ludovic Giuly, Samuel Eto’o e Ronaldinho. Técnico: Frank Rijkaard.
Arsenal: Jens Lehmann; Emmanuel Eboué, Kolo Toure, Sol Campbell e Ashley Cole; Robert Pires (Manuel Almunia), Gilberto, Fredrik Ljungberg, Francesc Fabregas (Mathieu Flamini) e Alexandr Hleb (Reyes); Thierry Henry. Técnico: Arsène Wenger.
Árbitro: Terje Hauge (Noruega)
Público: 77.500 espectadores
Renda: Não disponível
Local: Stade de France