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Beyoncé coloca 60 mil para cantar

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Por Marco Bezzi

A vasta oferta mercadológica na prateleira da música parece proporcionalmente inversa ao da qualidade do produto. Pegue o exemplo do termo diva. A cada semana uma nova “diva” surge na internet, na TV, na rádio. O critério que definia se uma cantora teria os predicados para carregar tal selo de qualidade ficaram enterrados na época de Diana Ross, Tina Turner, Aretha Franklin. Mas há exceções. Da mesma casta de Diana e Aretha vem Beyoncé Giselle Knowles, artista que atualizou a cartilha e foi além.

Além da performance vocal, o som era perfeito. Impossível perceber se Beyoncé dublava ou nãoCom apenas 28 anos, a cantora de pouco mais de dez de carreira conseguiu o que apenas dinossauros do rock e pop foram capazes de fazer: encheu o Morumbi na noite de sábado e colocou 60 mil pessoas para rebolar. O mise-en-scène tem início com a abertura das cortinas negras, que escondem uma silhueta cheias de curvas. O figurino dourado revela um produto à beira da perfeição. Corpo volumoso, voz talhada no soul, olhos que ao mesmo tempo passam malícia e candura. Como não se apaixonar por Beyoncé? A indústria americana pensou o mesmo.

Com poucas alternativas além dos vencedores do “American Idol”, adotou a cantora, laureada com seis prêmios Grammy na semana passada. O jornal The Guardian a considerou a artista da década e o Brasil deu-lhe o disco de diamante por 250 mil cópias vendidas de “I Am… Sasha Fierce” (2008). Beyoncé se apropria com competência da escola de Madonna e Michael Jackson.

Com a abertura de “Crazy in Love”, às 22h20, deixou claro que a noite seria dela e de ninguém mais. Dançarinos musculosos, uma banda formada só por mulheres, um trio de estilosas vocalistas batizado de The Mamas e um telão de altíssima definição no fundo do palco formavam os adereços das pouco mais de duas horas de concerto. Sem chuva, porque São Pedro é eclético e gosta tanto de Metallica como de Beyoncé, dando uma trégua nas duas apresentações no Estádio do Morumbi com intervalo de uma semana. Mesmo quando traja figurinos como um maiô branco – na segunda parte do show com início em “Smash Into You” – e um vestido de noiva – quando entoa “Ave-Maria” -, Beyoncé ganha perdão pelo exagero. O bombardeio de prêmios e elogios untados ao talento inegável da artista nos faz relevar seus pecados fashionistas.

Beyoncé se emociona com a reação impressionante da plateia. A todo momento agradece: “Este é provavelmente o maior show da história da minha vida.” O som perfeito ganhava força nos graves, que eram sentidos no peito como se um soco o atingisse a todo momento. Era impossível perceber se Beyoncé dublava ou não. Caso existisse um playback, tudo era muito bem ensaiado. O primeiro bloco trouxe músicas animadas, com referências ao funk e à disco, como em “Naughty Girl””.

A segunda parte foi dedicada às baladas. Era o instante dos casais que pagaram R$ 600 por cabeça na pista VIP usufruírem o momento fofura. “Broken Hearted Girl” antecede “If I Were a Boy” Beyoncé, de figurino preto, emenda “You Oughta Know”, de Alanis Morissette, e faz a temperatura subir novamente. O telão acompanha sua performance com um show de imagens e vídeos destinados a colaborar com a imagem de super-heroína indestrutível.

Um palco menor montado no meio do gramado do Morumbi levou Beyoncé a cantar “Sweet Dreams”, “Check On It”, “Say My Name” e ainda a relembrar em um medley os hits do “Destiny’s Child” (Bootylicious, Bug A Boo e Jumpin’ Jumpin’). Em “Say My Name”, pegou uma entre as milhares de “bibas” que se apertavam nas grades e perguntou seu nome: “Samir!”, respondeu, antes de começar a chorar.

Beyoncé voltou ao palco para tocar seus dois maiores sucessos. Precedida de vídeos caseiros da coreografia de “Single Ladies” (“Put a Ring on It”) – que conta até com Obama -, cantou para um público em êxtase. “Halo” fechou o concerto e homenageou Michael Jackson. “Vamos cantar isso para o Rei, pois só vai existir um Michael Jackson”, pediu Beyoncé, dê joelhos, ao público. Depois de São Paulo, Beyoncé tocaria ainda hoje e amanhã no Rio e, na quarta-feira, em Salvador. Marketing, voz, visual e apelo popular. Beyoncé é o pacote completo.

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