Bienal discute flores raras em museu de Natal

Ramon Ribeiro
Repórter

A Bienal de Orquídeas chega à cidade com a proposta de divulgar os estudos mais recentes sobre orquidofilia, meio ambiente e preservação. O evento terá uma extensa programação de palestras, oficinas e uma grande exposição de orquídeas – a EXPOSORN, que chega a sua 27ª edição. Ao longo da bienal também acontecerão apresentações culturais e um concurso com entrega de troféus para as orquídeas premiadas.

“O público verá orquídeas numa grande variação cromática. É uma boa oportunidade para conhecer a cultura orquidófila,  saber os novos estudos que as associações estão produzindo, também teremos algumas espécies à venda. Todo mundo que está vindo está trazendo suas plantas”, conta o orquidófilo Edison Antonio de Mattos. Ele cultiva orquídeas há pelo menos 33 anos. Seu orquidário, Jardins Suspensos, fica na Estrada do Lago Azul, na Colônia de Pium, em Nísia Floresta. É onde cultiva cerca de 17 mil plantas, com destaque para as flores de corte do gênero Vanda e Cattleya, e onde presta serviços de conscientização ambiental. “As orquídeas são as plantas mais deslumbrantes do planeta. Tem texturas e cores muito diferentes das outras flores”.

Edison conta que há um interesse maior por orquídeas e que é possível encontrar espécies a preços acessíveis. Mas ele lembra que o cultivo dessas plantas é ainda é algo de custo. “Ainda não dá pra dizer que é algo muito democrático, por causo do custo alto, alguns adubos precisam ser importados, mas temos visto nas exposições mais gente se interessando”, diz o orquidófilo.

Ele também dá as dicas para quem pretende adquirir uma nova planta. “É muito importante ver o ambiente que se tem em casa, o microclima, pra saber qual planta se adapta melhor. Mas antes de tudo é preciso estudar, saber como se cultiva esse tipo planta, os cuidados que se deve ter”, comenta. Edison fala que até é possível cultivar orquídeas em apartamento, mas é algo que requer bastante atenção. “Temos gente na associação (SORN) que cultiva em apartamento. Você submete a planta a uma adaptação importante, então é preciso ter conhecimento na área para esse tipo de cultivo”.

Orquídea potiguar
A Bienal é uma ótima oportunidade para a população de Natal conhecer de perto a flor símbolo do Rio Grande do Norte. Chamada “Cattleya granulosa Lindley”, essa orquídea foi instituída em maio, através da Lei nº10.508, como a flor oficial do Estado. O decreto também estabeleceu a última semana de agosto como a “Semana de valorização, conservação e preservação da Cattleya granulosa no estado no Rio Grande do Norte”.

De acordo com Edison, a “Cattleya granulosa Lindley” é uma espécie de orquídea nativa da região Nordeste, com abrangência aqui no Estado, principalmente no litoral, mas sendo encontrada até a Bahia. “É uma planta exuberante, a mais bela da região. Sua variação cromáticas vai do vinho, passando pelo amarelo, verde. É uma planta incrível”, afirma.

Mas é bom lembrar que a “Cattleya granulosa Lindley” está ameaçada de extinção, inclusive já figurando nas listas oficiais de espécies ameaçadas pela Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies da Flora e Fauna Selvagem em Perigo de Extinção. Elevá-la a símbolo estadual, iniciativa que partiu da SORN, foi uma maneira que os orquidófilos encontraram para buscar uma forma de preservação e valorização da espécie. “É até bom ressaltar que é crime ambiental retirar essas plantas da natureza”, lembra o especialista.

Serviço
5ª Bienal de Orquídeas do Nordeste em Natal

De 23 a 25 de agosto

Local: Parque do Museu Câmara Cascudo (Av. Hermes da Fonseca, 1398, Tirol)