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Bira Rocha quer fim do amadorismo

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Em meio a sucessão de poder no ABC, onde o presidente eleito Fernando Suassuna decidiu renunciar e, o vice-presidente Bira Marques, assumiu o comando do clube, uma voz alerta para questão que é considerada fundamental a sobrevivência do clube atualmente: o pagamento do imenso volume de dívidas acumuladas. O conselheiro Bira Rocha, que realizou um levantamento completo sobre o montante devido pelo Alvinegro que, por anos, adotou a “política do tapete”, acredita que tão importante quanto o futebol, o enfrentamento da dívida deve se tornar outra prioridade do novo presidente, que assume um clube com um débito beirando os R$ 35 milhões. 
Estádio Frasqueirão foi dado como garantia ao pagamento das dívidas trabalhistas do clube, que está com todos os seus bens indisponíveis por determinação da Justiça
“O ex-presidente Fernando Suassuana, me procurou e pediu para colaborar com a diretoria dele para realizar algumas mudanças no ABC. Na oportunidade disse que essa questão a gente só conseguiria com transparência e a verdade sobre o clube.  Foi quando comecei a mexer e retirar de baixo do tapete algumas dívidas que não vinham sendo apresentadas da forma correta. Então resolvemos adotar um sistema que, realmente, refletisse o que se passava dentro do ABC. Na ocasião percebi que a situação, de tão séria, forçaria o clube ser dividido em dois: uma parte exclusivamente para tocar o futebol e a outra para tratar da questão do gerenciamento dessa dívida, que se não for combatida com seriedade, pode acabar com aquilo tudo que temos hoje”, ressaltou o conselheiro Bira Rocha. 
A providência imediata foi trabalhar para evitar o surgimento de mais déficit e, nas duas primeiras prestações de contas apresentadas após a adoção das novas medidas, surgiu um prejuízo nos balanços de janeiro e fevereiro, últimos, que somados, beiram a casa dos R$ 600 mil. O fato gerou muita polêmica dentro da família alvinegra, mas Bira Rocha fez questão de explicar uma a uma as dúvidas de conselheiros, sócios e torcedores. 
Por sinal, mesmo dentro do isolamento necessário por ser integrante do grupo de risco para Covid-19. Bira, ciente das dificuldades que Fernando Suassuna vinha apresentando para se manter no cargo, pelo fato de também pertencer ao grupo de risco e estar isolado, ajudou a costurar o pedido de renúncia do presidente eleito, num momento tão delicado para o clube. Coube ao conselheiro mais antigo do Alvinegro, explicar ao presidente do conselho deliberativo, Cláudio Emerenciano, a decisão de Suassuna. 
“Quando vi que a situação estava complicada, para Suassuna tratar pessoalmente das questões necessárias ao ABC, mostrei a ele que não havia problema algum em abrir mão do cargo. Então foi quando me autorizou a falar com Cláudio Emerenciano, uma vez que o presidente, assim como eu, está impedido de sair do apartamento e o clube necessita, urgente, de muitas reuniões pessoais. Dentro desse cenário, não havia como Fernando Suassuna se apegar ao posto. Ele é um homem de bem, direito, fez o que estava no alcance dele”, frisou. 
Bira Rocha apresentou um plano de enfrentamento da dívida e prevê a venda de bens do ABC
O perfil assumido pelo Alvinegro, principalmente após a construção do estádio Frasqueirão, na opinião de Bira Rocha, exige uma administração profissionalizada, visto que  frente ao montante devido, bem como a baixa arrecadação e o valor dos compromissos assumidos, faz o volume de dívidas no clube crescer na ordem de 16% ao ano, contra uma inflação que beira a casa dos 4%, fato que na visão empresarial vai matando o clube aos poucos, por “asfixia financeira”. 
O projeto apresentado no final do ano passado com a finalidade de readequar as contas abecedistas, Rocha destaca que não era exclusivamente para administração de Suassuna, mas para o clube. O conselheiro clama que a questão seja levada a frente pela nova diretoria, dada a gravidade da situação, ou então que outro grupo surja com uma proposta de adequação melhor e coloque logo em prática. 
“O presidente Bira Marques terá de fazer um acompanhamento dessa dívida muito de perto e, vai se deparar com duas alternativas. Ou segue com o projeto que apresentei ao conselho deliberativo e foi aprovado, ou junta um grupo para formalizar um novo plano de gestão da crise para tratar dessa questão. Hoje o ABC não tem receitas, basicamente, o clube se encontra numa asfixia financeira. O balanço publicado levando em consideração as receitas e despesas demonstram isso de forma clara e, a turma que estava habituada a política de varrer tudo que não presta para baixo do tapete, não gostou muito do que viu”, afirmou Bira Rocha. 
Sem fonte de recursos fixas e sem poder contar com os recursos mensais da Timemania, dado como garantia para o pagamento das dívidas à Justiça Trabalhista, mas que também já deixaram de ser repassados pela Caixa Econômica devido ao registro de atrasos nos depósitos do FGTS e do INSS, o conselheiro acredita que a diretoria abecedista não terá como fugir da alienação de parte dos bens, que atualmente estão todos indisponíveis justamente para dar garantia aos acordos trabalhistas firmados e que voltaram a ficar inadimplentes. 
“Se o futebol é a razão de ser e, é essencial a sobrevivência do ABC, o pagamento dessa dívida é fundamental para que possamos ter a chance de dar uma nova vida ao clube. Para combater essa dívida, teremos de contratar um gerente capaz de descobrir as melhores alternativas de solucionar esse problema. A parte que fosse ficar ligada ao futebol teria acesso a todos aqueles recursos oriundos de receitas que não fossem provenientes dos ativos, que terão de ser sacrificados, visando a quitação dos débitos”, disse Rocha.  
No projeto de sua autoria, Bira Rocha destaca que a gestão do novo grupo seria do presidente do clube, que deve contratar profissionais das áreas administrativo-financeira, um gerente profissional para o futebol e outro gerente para dívida. O empresário classifica essas três peças como fundamentais para adoção de um novo sistema administrativo. 
“Necessitamos de profissionais ocupando cargos considerados chave no ABC, os amadores que passaram por lá, só deram dor de cabeça. O Fortaleza fez isso e vem conseguindo uma administração excelente. Neste caso passaríamos a funcionar basicamente como uma empresa, não existe a menor dificuldade, é simples de adotar. Entregamos o projeto a Suassuna cujo, primeiro ato, foi contratar um profissional administrativo-financeiro, que vem realizando um bom trabalho já. Mas ele ainda lida com quatro pessoas amadoras, então se o novo presidente mantiver assim, mostrará que o clube quebrou. Se optar por realizar uma gestão híbrida, unindo amadores com profissionais, vai mostrar que o projeto não irá funcionar, porque essas áreas só funcionam com profissionais, pessoas que sabem o que estão fazendo e onde pretendem chegar com as suas ações”, argumentou. 
Rocha ainda bate na questão, de que o momento delicado no qual encontrou o ABC, Bira Marques vai ter de tomar decisões certeiras e rápidas, uma vez que não existe muito tempo hábil antes do sufocamento completo das finanças. 
“Tem uma turma que gosta de fazer no clube experiências que, se fosse na empresa da família deles, não fariam de modo algum. É muito fácil fazer loucuras com o bem alheio e a estes eu pergunto logo se fariam o mesmo nas empresas deles. Realizar atos pelos quais depois dificilmente será responsabilizado é fácil, eu quero ver o sujeito fazer o mesmo ciente de que irá responder por todo e qualquer ato desastroso. Neste caso o cidadão pensa mil vezes antes de ser irresponsável”, salientou. 
Na linha de frente no combate aos desmandos que levaram o clube a tal situação, o empresário não engole, sequer, a desculpa de que o clube não possui dinheiro para contratar profissionais e colocar na área administrativa. 
“A quem chega me dando esse tipo de desculpa, lembro logo: o ABC não tem dinheiro para contratar profissionais para gerir o clube de forma profissional, mas não falta dinheiro para contratar não sei quantos laterais, um meio-campista e alguns atacantes. No meio de tantas contratações, alguns quase não têm oportunidade de jogar devido a qualidade duvidosa. Os valores desses são até superiores aos que seriam pagos aos profissionais administrativos. Então o que podemos deduzir disso? Que o ABC não leva a sério a questão do combate a sua dívida, não é visto como uma prioridade, embora hoje seja fundamental para sobrevivência do clube”, reforçou. 
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