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Boas ideias para solucionar velhos problemas urbanos

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Em lugares em que as velhas soluções não conseguem resolver os problemas (velhos e novos), a saída é criar novas ideias. Para isso é preciso um ambiente favorável para a inventividade. Mas, então, como propiciar esse ecossistema criativo se os espaços públicos, principal lugar para semear ideias, se tornaram inseguros, desconetadas e hostis? É exatamente para desatar esse nó que a ideia de Cidade Criativa pode ser usada. Ainda mais quando 54% da população do mundo vive em áreas urbanas. No Brasil, esse número é ainda maior: 84%. Em 1940, era apenas 31%.
A falta de mobilidade urbana é um dos principais problemas das cidades. As soluções convencionais dependem de muitos recursos e mega projetos. Criatividade pode ajudar a encontrar soluções
No Rio Grande do Norte, o número de moradores urbanos cresceu 1.582% em 76 anos. São 2,6 milhões de pessoas nas cidades potiguares hoje. Isso significa 76,5% de toda a população potiguar. Em 1940, eram apenas 164.248mil, ou 21,4% da população da época. Uma explosão de crescimento acompanhada de políticas públicas insuficientes, semelhante ao adolescente que passa pela fase do “estirão” sem alimentação adequada.

Basicamente, existem duas concepções sobre o que pode ser uma cidade criativa.”Não é uma concepção uniforme. Existe várias propostas”, afirma Fernando Cruz, professor do Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande (UFRN). Uma  cidade pode ser criativa porque consegue amenizar ou se livrar de problemas não necessariamente com a solução mais cara e usual.

Exemplo disso foi a revitalização social do centro de Rotterdam (Holanda). Depois de iniciar um processo de ocupação cultural do bairro, um grupo de artistas solicitou ao poder público uma passarela para conectar melhor a região. Como tantas regiões urbanas pelo mundo, o centro da segunda maior cidade holandesa também foi desenhado para carros e transporte de massa, o que dificultava o passeio a pé.

O poder público disse que até poderia construir uma passarela, mas isso levaria 30 anos. Em resposta, o grupo resolveu apelar à população. Fizeram um financiamento coletivo (crowdfunding) da passarela, convocando as pessoas a contribuírem por meio de uma ferramenta digital. Em três meses, foram arrecadados 100 mil euros.

A mobilização forçou o poder público a se mexer. No final das contas, as seis fases de construção da ponte durou dois anos (2012 a 2014).Nada de concreto foi usado. Para erguê-la,  17 mil pedaços de madeira foram encaixados. Em cada um deles, há o nome dos doadores do dinheiro.

Essa foi claramente uma intervenção urbana, mas nem é preciso ir tão longe para ver ideias criativas aplicadas em outras situações. No campo social, uma entidade que cuida de idosos em Joinville (Santa Catarina) resolver unir afetos. De um lado, estavam pessoas idosas em instituições de longa permanência. Do outro, cães idosos que foram abandonados pelos seus donos. Os cães foram adotados pelos moradores da instituição e o problema de solidão de ambas as partes foi resolvido. Essa foi um das situações descritas pela consultora Ana Carla Fonseca Reis na 28ª edição do Seminário Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

Conceito pode ser propulsor da economia
Outra concepção de Cidade Criativa está diretamente ligada aos setor produtivo. Nesse caminho, a economia criativa torna-se um dos propulsores do desenvolvimento da cidade. As atividades econômicas dentro dessa definição são aquelas diretamente ligadas às artes e setores funcionais que tem a ideia como principal insumo para gerar valor. Na mais recente pesquisa feita sobre a produção de riqueza  desse setor, o Brasil havia produzido R$ 126 bilhões no ano de 2013. Isso representou 2,6% de toda a riqueza produzida no País naquele ano.

Mundialmente, a média de crescimento da economia criativa é bem maior que a brasileira. O mais recente relatório de uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a força econômica da criatividade, o mundo cresceu 6,1% em 2013. Países como Equador (5%) e Bósnia e Herzegovina (5,7%) tiveram um crescimento maior que o Brasil nesse quesito.

O Reino Unido é um dos pioneiros na quantificação de resultados da economia criativa. Desde o final da década de 1990, o Departamento para Cultura, Mídia e Esporte tem a missão de mensurar a produção de riqueza desse setor. Em 2014, o conjunto de produziu 133,3 bilhões de libras de produtos e serviços criativos. No ano, isso representou 8,2% de todas as riquezas produzidas.  Em valores atuais, isso representa R$576 bilhões.

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