Vicente Serejo
Um ano depois de tomar posse, numa virada política do voto popular e secreto que mandou quase todas as proeminências político-familiares para casa, a governadora Fátima Bezerra fecha o exercício sem ter realizações a expor. A situação, embora com os ajustes, é a mesma que recebeu ao assumir o poder, exceto por pagar os restos de uma quarta folha de pessoal, de 2017, ficando três outras de 2018 no limpo duvidoso dos recursos extraordinários.
Não é à toa que a sua aprovação nas pesquisas ganhou até agora uma estabilidade que não pode ser posta em dúvida, constatada que tem sido por todos os institutos e não tem sido posta em dúvida pela oposição. O tropeço está na clara manobra na articulação da derrota do aumento de 16,38% para a faixa entre um e três salários mínimos, a mais caracterizadora dos ‘companheiros’ de uma sindicalista, consentindo em troca o aumento para as elites salariais.
Amainado o sol do verão, calados os últimos clarins de Momo e lavadas as cinzas que perdoam os pecados do mundo, a governadora Fátima Bezerra chegará a março diante de pesado desafio. Se os adversários não podem cobrar, pela própria herança trágica a ela legada, também a ela não será dado o elixir da compreensão. E, veja-se, o ano é de eleição municipal com um PT que vem de uma devastação eleitoral com o seu líder maior julgado e condenado.
Não será fácil o novo ano. O PT não pode aliar-se a Bolsonaro, afinal sua única saída é polarizar. E, o pior: este país não tem a altivez política de ser governado sem revanchismo, buscando a construção de um futuro melhor para todos. Ora, as costelas da nossa feia miséria financeira, expostas ao longo do primeiro ano, agora vão espetar o couro do boi pobre, magro e sem dono no qual se transformou o Rio Grande do Norte. Que Deus tenha piedade de nós.
AINDA – Como o ex-prefeito de Natal sabe que vai fugindo das mãos de Andréia Ramalho, a sua mulher, a chance de disputar a Prefeitura de Parnamirim sem a presença de Agnelo Alves.
ALIÁS – Para salvar o PDT de uma bancada medíocre, já que não há aliança proporcional, a saída é a candidatura de Carlos Eduardo Alves a vereador para ser o grande puxador de votos.
3×4 – Chega dos corredores da Assembléia, via e-mail: “Enquanto o aumento dos servidores será de apenas 3,9%, em duas parcelas, a Unimed reajusta seu plano de saúde em mais 7,3%”.
GUERRA – O pesquisador Rostand Medeiros marcou para dia 5, na livraria do Campus, na UFRN, o lançamento do livro ‘Lugares de Memória’, os lugares onde Natal viveu a II Guerra.
ELEIÇÃO – Por falar em livraria da UFRN: a eleição da Cooperativa da diretoria da Cultural anda silenciosa, mas intensa, entre as suas prateleiras. Ainda não há um nome por aclamação.
EXPO – ‘Andares’ é o tema da exposição do fotógrafo e poeta Marcos Cavalcanti, amanhã, sexta, às 9h, no Fórum Seabra Fagundes. Nas paredes, um acervo de 96 fotografias expostas.
ÍCONE – Débora é o símbolo brasileiro de superação e consagração. O melhor que Maurício de Souza poderia escolher no projeto com a ONU. Estou na sua platéia, aplaudindo, faz anos.
RETRATO – Ao longo de anotações de encontros com Garibaldi, Fernando Bezerra, Agripino Maia e Geraldo Melo, FHC registra disputas políticas internas e o descontentamento do PFL de Agripino Maia com a escolha de Geraldo Melo para líder do governo no Senado.
ESTILO – A leitura atenta das anotações mostra que os políticos do Rio Grande do Norte vão ao presidente com politicagens, até intrigas. Como uma ligação de Garibaldi Filho para dizer do silêncio das rádios de Agripino Maia não mencionando que obras são do Governo de FHC.