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Bolsa-atleta atrasa repasses no RN

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Ícaro Carvalho
Repórter

Os 44 desportistas do Rio Grande do Norte contemplados com o bolsa-atleta reclamam que o repasse mensal por parte do Governo do Estado não está sendo feito há pelo menos seis meses. A transferência é referente aos meses de julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2017, ano em que o projeto entrou em vigor.

A paralímpica Joana Neves reclama que o governo não dá explicações aos atletas

A paralímpica Joana Neves reclama que o governo não dá explicações aos atletas

De acordo com a nadadora paralímpica Joana Neves, uma das contempladas com a bolsa, o repasse não vem acontecendo e o poder executivo sequer chamou os atletas para explicar a situação. Embora receba o maior valor entre todos os participantes, Joana diz que não deixou de competir em razão dos atrasos, mas diz que o não recebimento do valor  faz falta.

“Eu acho que para mim já é muito difícil né? Eu que sou atleta Loterias Caixa, que tenho um patrocínio extra, governo federal, pra mim pesa sem receber o bolsa-atleta do RN, quem dirá para os outros atletas que não tem um custo de vida como eu tenho? Pesa muito, pesa demais. A gente precisa de suplementação, alimentação boa, roupa para competição, material esportivo, é muito complicado”, disse à TRIBUNA DO NORTE.

Efetivado em agosto do ano passado, os atletas ainda chegaram a receber os valores das parcelas dos seis primeiros meses do ano, porém, a partir daí, o repasse não aconteceu mais. O investimento total em 2017 foi de R$ 205 mil, sendo R$ 130 mil desse valor fruto de emendas parlamentares da deputada estadual Márcia Maia (PSDB) e do deputado Fernando Mineiro (PT). Para 2018, por exemplo, estão previstos um investimento de R$ 310 mil, com o aumento no número de bolsas: de 44 para 59 atletas contemplados.

Ecildo Lopes sofre com atraso e teve de recorrer a empréstimos para competir

Ecildo Lopes sofre com atraso e teve de recorrer a empréstimos para competir

Quem também lamenta o fato de não estar recebendo os valores garantidos por lei é o tenista de mesa Ecildo Lopes. Ele explicou que “quem tem uma estrutura para treinar, afeta menos, mas atrapalha os compromissos assumidos”, disse o atleta, acrescentando ainda que precisou pegar dinheiro emprestado de outras fontes para custear suas viagens e treinamentos para competições que disputa. “É uma lei e deve ser cumprida em respeito aos atletas”, concluiu.

A judoca Layla Raquel, de 18 anos, é outra que enfrenta dificuldades com a falta dos repasses. Ela conta que chegou a perder competições em virtude da falta de recursos financeiros, fatores que atrapalham no planejamento anual do judô.

“Já perdi muitas competições. No judô tem que somar pontos para o ranking. A gente tem a seletiva nacional, quem for melhor ranqueado pega o caminho melhor, então você traça o caminho melhor e você vai pegar as pedreiras lá na frente. Então como não tem dinheiro para estar viajando, somando pontos para o ranking, sempre o pessoal deixa de competir para somar pontos porque não tem dinheiro para viajar”, explicou.

Layla Raquel (azul) disse que chegou a perder competições importantes devido a falta de dinheiro

Layla Raquel (azul) disse que chegou a perder competições importantes devido a falta de dinheiro

O atraso nos repasses não atrapalhou os atletas somente nos calendários esportivos do ano passado. Como existem parcelas em aberto de 2017, o poder executivo ainda não pôde lançar o edital de 2018, o que atrasa ainda mais a situação dos potiguares.

Projeto de lei da deputada estadual Márcia Maia (PSDB), o programa foi sancionado pelo poder executivo em 2015, mas só passou a vigorar em agosto do ano passado. O Bolsa-Atleta contempla profissionais além de atletas em idade escolar, que precisam ter vínculo ativo com escolas públicas ou privadas.

“Depois de muita luta conseguimos a efetivação do programa. Esses jovens que são contemplados hoje são espelho para os demais. Investir em esportes é investir na juventude e reduzir a violência”, disse a deputada Márcia Maia, em plenário, informando ainda que vem recebendo pedidos das comunidades para que reporte o problema do atraso no repasse da bolsa.

Do total de bolsas, 30 são destinadas a categoria Estudantil, 10 para Regional, duas para Nacional, uma para Internacional e uma para Olímpico/Paralímpico.

Outro lado
Em contato com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o atual titular da Secretaria de Esporte e Lazer do Rio Grande do Norte (SEEL-RN), Cezar Nunes, confirmou o atraso nos repasses e revelou que o valor referente a um dos meses em aberto (julho) já teve o seu protocolo iniciado, devendo estar disponível para os atletas nos próximos dias.

Sobre os atrasos, Cezar Nunes disse que os motivos para a demora podem ter sido o trâmite das solicitações, uma vez que o bolsa-atleta envolve emendas parlamentares e recursos do poder executivo. Além disso, ele aponta as dificuldades orçamentárias gerais do estado como um todo, que convive com atrasos na folha de pagamento dos servidores e crise fiscal.

“Chegou aqueles momentos de crise penitenciária, na saúde, e tivemos algumas ações que a sociedade precisava com uma certa urgência que foram colocadas na frente”, explicou.

Mesmo com a falta do recurso, César Nunes garantiu que o fato do valor estar em atraso não significa “que ele vai deixar de ser pago nem que ele vai deixar de existir”.

“A expectativa é que agora em abril seja totalmente regularizado e em abril mesmo, após a regularização, a gente já lance o edital 2018”, garantiu o secretário, explicando ainda que o programa terá um aumento no número de contemplados, de 44 para 59, um reajuste de 7%  com base no salário mínimo de 2017 e um valor estimado de R$ 310 mil.

Números
44 é o número de beneficiários do bolsa-atleta em 2017;

205 mil
é o valor total a ser pago aos esportistas potiguares em 2017.

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