Yuno Silva
Repórter
Apesar de muitos torcerem o nariz para o perfil comercial, (muitas vezes) previsível-conservador e até pouco ousado da indústria cinematográfica norte-americana, é indiscutível o fato de Hollywood ser um importante parâmetro para o cinema mundial. Dentro desse contexto, o ponto alto de toda essa ciranda (ainda) é o Oscar, premiação que há 86 anos gera expectativa e traz uma lista das melhores produções (ou pelo menos deveria) lançadas no mercado. 
Apresentando uma lista equilibrada de indicados ao prêmio de melhor filme, relação como há muito tempo não se via, livre dos blockbuster da vida e onde boa parte dos concorrentes tem chances reais de levar alguma estatueta para casa, o Oscar 2014 promove sua tradicional cerimônia de premiação neste domingo (2) direto do Teatro Dolby, na Califórnia.
Mas não adianta zapear pelos canais abertos, no Brasil a transmissão ao vivo está restrita ao canal fechado TNT, a partir das 20h30, visto que a TV Globo não exibe o evento devido a cobertura do Carnaval. A anfitriã da noite é a atriz Ellen DeGeneres, que já havia conduzido a premiação da Academia em 2007.
A TRIBUNA DO NORTE ouviu diversas pessoas, entre cinéfilos, especialistas e curiosos, para fazer um balanço sobre as expectativas quanto ao Oscar 2014. Não há unanimidade, mas alguns filmes levam ligeira vantagem na loteria de apostas como “Gravidade”, “12 Anos de Escravidão”, “Trapaça” e “O Lobo de Wall Street”. Nas demais categorias, está tudo bem equilibrado – destaque para as indicações do diretor Alfonso Cuarón, da atriz Meryl Streep e Matthew McConaughey, este seguido de perto por Leonardo DiCaprio.
Roberto Sadovski, jornalista, crítico de cinema e ex-editor da saudosa revista Set, aposta em “Gravidade”. “É meu favorito, para mim o melhor filme de 2013. Curiosamente, o que menos gosto é o favorito ‘12 Anos de Escravidão’: não que seja conservador, mas é um filme muito acadêmico, burocrático e pouco emocionante”, avalia.
Sadovski admite favoritismo para McConauguey como melhor ator, apesar de preferir DiCaprio, e torce para Cate Blanchet para melhor atriz por “Blue Jasmine”. “Mas direção é barbada: Alfonso Cuaron na cabeça!”. A indicação de melhor filme para “Gravidade” é compartilhada pelo radialista Bernardo Luiz: “O filme soa como uma orquestra em que a direção, fotografia e trilha se encaixam perfeitamente, deixando a obra cativante”. 
Já o jornalista Isaac Ribeiro confessa que perdeu um pouco o interesse pelo Oscar depois da não indicação do longa pernambucano “O Som ao Redor” para melhor filme estrangeiro.
“Azedou minhas expectativas. Ficou a sensação de dança anual das cadeiras, com quase as mesmas peças de sempre no tabuleiro apenas um pouco embaralhadas”, disse. Para ele “12 Anos…” chega como favorito em várias categorias, e aponta “Gravidade” para os prêmios técnicos.
Cineclubista vê boas chances para “O Lobo”
O professor do curso de Comunicação Social Jarbas Martins, apesar de evitar dar palpites sobre o Oscar “desde meus tempos de cineclubista” vê boas chances para “O Lobo…” e DiCaprio. “É um grande filme e Leonardo DiCaprio esta soberbo em sua atuação. Karoline Marinho, professora do curso de Direito da UFRN, comunga da mesma opinião que Jarbas: “Bem que a academia poderia ser justa dando a estatueta a DiCaprio, apesar de acreditar que quem leva mesmo esse ano é Matthew McConaughey”.
O jornalista Sandro Fortunato assistiu todos os nove concorrentes na categoria melhor filme, e verifica a alta competitividade dos indicados. “Formaram uma lista como não se via há muito tempo”. Seus preferidos são os longas “12 Anos…” e “Clube de Compras Dallas”. Para Sandro é “inexplicável” Sandra Bullock e qualquer indicação de “Gravidade” para categorias que não sejam técnicas. “E filme estrangeiro? Como neto de italianos, torço por ‘A Grande Beleza’, mas vou comemorar se ‘Alabama Monroe’ ganhar”. Já o produtor Roberto Nunes, responsável pelas sessão Cine Cult, viu todos os indicados a filme estrangeiro e “de todos o que mais gosto é o cambodjano ‘L’image Manquante’. Mas tudo é mercado ali, tem que ver a cotação do dia”.
Potiguares apontam 12 Anos como favorito
O sociólogo e gestor cultural Josenilton Tavares é outro que aposta em “Gravidade” como melhor filme, “mesmo sabendo que concorre com os fortes ‘Trapaça’, ‘Capitão Phillips’, ‘12 Anos…’ e ‘O Lobo…’. Considero ‘12 Anos…’, que já ganhou o Globo de Ouro, o filme mais parecido com a Academia: politicamente correto e muito bem feito, trata de um tema importante (escravidão). O chapa branca ‘Capitão Phillips’ também pode surpreender”. Para Tavares “Gravidade” também tem chances nas indicações para melhor montagem, direção e atriz, “mesmo com a difícil tarefa de Sandra Bullock superar Meryl Streep em ‘Álbum de Família’”.
A jornalista Renata Moura e a atriz Lyna Malheiros também acreditam nas chances de Meryl Streep como melhor atriz. “Onde ela concorrer vai ganhar, ou pelo menos deveria”, brincou Lyna. A também jornalista Bethise Cabral apresenta sua lista: “Gravidade”, Cuáron, Blanchet, McConaughey e Jared Leto (ator coadjuvante); enquanto o publicitário e editor de imagens Edu Ferr, aposta “90% das fichas em ‘Trapaça’, um filme completo!”.
Pedro Fiuza, do Cineclube Natal e do Goiamum Audiovisual, lança foco sobre “12 Anos…”. “O filme traz uma carga política que se sobrepõe ao lugar comum dos demais filmes. ‘O Lobo…’ tem uma boa história, ‘Gravidade’ apresenta ousadias cinematográficas, mas nenhuma deles têm a mesma força que o filme de Steve McQueen”. Fiuza diz que “felizmente este ano não há blockbuster passando por cima de filmes melhores”.
A torcida do radialista João Victor também vai para “12 Anos…” pela sua “importância social e valor crítico. Entre os estrangeiros, Victor destaca o dinamarquês “A Caça”: “Com uma temática forte sobre uma séria acusação de pedofilia, o filme é denso e realista”.
Ailton Medeiros, jornalista e cinéfilo, é outro que acredita nas chances de “12 Anos…”, assim como o jornalista Cefas Carvalho. Para filme estrangeiro Cefas destaca o belga “Alabama Monroe” e acredita que “Trapaça” pode findar a noite com um prêmio de consolação pelo roteiro original. Diferente do roteirista de quadrinhos Rodrigo Bezerra: “Tudo cheira a ‘Trapaça’. 
