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Bolsonaro quer processar Delegado Waldir

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Daniel Weterman e Camila Turtelli
Agência Estado

Brasília (AE) – O presidente Jair Bolsonaro acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para processar o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). O deputado federal disse, em áudio vazado de uma reunião interna da legenda, que vai “implodir” o presidente Jair Bolsonaro. Na mesma gravação, Waldir chamou Bolsonaro de “vagabundo”.
Jair Bolsonaro

Na sexta-feira, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado repetiu a citação ao termo “vagabundo” e disse ainda que Bolsonaro estaria “comprando” deputados com “cargos e fundo partidário” para colocar o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), na liderança no partido.

Segundo uma fonte ouvida reservadamente, a AGU está avaliando as medidas cabíveis. Um dos pontos que devem ser considerados é a questão da imunidade parlamentar. O Estado apurou que o uso da AGU para o processo causou mal-estar entre integrantes da instituição. A avaliação é que a entidade não poderia defender algo pessoal do presidente, mas apenas atos oficiais do governo federal.

Repercussões
Além da ofensiva jurídica, o Palácio do Planalto busca saídas políticas para a crise no PSL depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu comandar, sem sucesso, uma manobra para destituir o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), e substituí-lo por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). O jornal O Estado de S. Paulo publicou que uma nova lista com assinaturas de parlamentares já está sendo preparada e será apresentada à Câmara, em mais uma tentativa de tirar Waldir da liderança do PSL.

A aposta do Planalto é que, com todos os percalços, será possível “realinhar” o partido em torno de Bolsonaro. Antes de decolar de Brasília para Florianópolis, no início da tarde da quinta-feira, 17, Bolsonaro incumbiu o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de comunicar à deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) de que ela estava sendo destituída da função de líder do governo no Congresso.

Para o lugar de Joice Hasselmann foi indicado o deputado Eduardo Gomes (MDB-TO). Ramos telefonou antes, porém, para os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a fim de lhes informar sobre a mudança.

“Precisamos serenar a situação”, disse Ramos ao Estado, em rápida conversa, lamentando não ter tido sucesso na missão de “construir pontes” entre os dois lados em disputa no PSL. O ministro fez questão de elogiar o trabalho de Joice em várias votações no Congresso. “Mas infelizmente, depois do dia de ontem, em que conversas em salas fechadas foram gravadas e vazadas e atitudes foram tomadas, para uma líder do governo no Congresso o presidente esperava que ela se comportasse, pelo menos, de forma isenta”, disse Ramos, admitindo que já havia um desgaste na relação.

O próprio Bolsonaro também manifestou sua indignação com Joice, em conversa com parlamentares. Para ele, a deputada não poderia ter permanecido em uma reunião na qual Delegado Waldir o xingava, sem fazer nada. Além disso, Joice apoiou a manutenção de Waldir na liderança do PSL na Câmara.

O presidente também manifestou incômodo com as ameaças de destituição de seus filhos – o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro – dos comandos dos diretórios do PSL em São Paulo e no Rio, respectivamente. No seu diagnóstico, isso não passa de “retaliação”.

À reportagem, o ministro Ramos disse acreditar que o racha no PSL “não vai atrapalhar” afetar a votação da reforma da Previdência no Senado, marcada para o próximo dia 22. “Não se trata de um problema de natureza política, que impacta o Legislativo, mas, sim, do problema de um partido.” Ramos também minimizou possíveis impactos para o governo em votações na Câmara, onde a bancada do PSL tem 53 deputados.

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