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Bom gosto consciente

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Tádzio França
Repórter
Colaborou: Cinthia Lopes
Editora

Na economia criativa assim como na natureza, pode-se dizer que nada se perde, tudo se transforma. Formas tradicionais de comércio como bazar e brechós podem atualizar sua proposta, incorporando novos conceitos em alta, como sustentabilidade e ‘coworking’ (espaços compartilhados). Um exemplo disso é a recente iniciativa da paisagista Rosana Melo e da advogada Ustana Bezerra: num mesmo espaço em Petrópolis, elas estão comercializando um eclético acervo de peças novas e usadas, entre objetos garimpados ou cedidos em consignação, artesanato, antiguidades, e até material descartado. Uma grande feira de bom gosto.
No endereço da rua Mipibu, o espaço compartilhado reúne peças de diversos acervos oriundos de uma rede de colaboradores
No endereço da rua Mipibu, o espaço compartilhado reúne peças de diversos acervos oriundos de uma rede de colaboradores
A ideia surgiu de um momento de crise, conta Rosana. “Foi num período especialmente difícil no comércio local que a Ustana me convidou para participar de um bazar. Achava que não era minha praia, mas amei a experiência. Ela estava precisando de um espaço fixo para suas peças, e eu de alguém para dividir o escritório de paisagismo. Daí surgiu uma ideia ambiciosa, de integrar e vender variados produtos num mesmo local, promovendo o reuso de material”, explica.

O espaço escolhido para a empreitada foi o local em que funciona o escritório  de paisagismo de Rosana Melo. A casa espaçosa foi adaptada para receber o material comercializado em variados ambientes. Há roupas, móveis, quadros, plantas, peças decorativas, acessórios artesanais e para jardins. “Quando acabamos a montagem do espaço, achei que ficou parecido com os mercados árabes, aqueles lugares que juntam muita coisa, e tudo está à venda”, diz a  paisagista. Uma rede de pessoas foi aglutinada para montar o acervo.

Reuso de grife
Ustana Bezerra explica que o acervo tem diferentes fontes. Pode ser resultados de garimpos próprios, em lugares variados como Alecrim, Quintas e Ponta Negra, ou peças compradas de lojas que foram fechadas. Muita gente também liga, oferecendo seu material. “No geral a gente pega coisas que estavam sendo descartadas, peças boas de vestuário ou decoração que nós resgatamos para dar outra utilidade”, ressalta.

A advogada trouxe para o negócio a sua experiência com brechós e bazares, adquirida em dois anos na área. O segmento de moda é a sua especialidade no empreendimento. Ustana conta com dois ambientes para exibir o acervo, entre peças novas e usadas. Boa parte é material de grife. “São roupas que a pessoa não usa mais porque engordou, ficou mais velha, ou não quer mais repetir. Um material de qualidade não pode ficar guardado sem utilidade, precisa circular”, diz.
Há peças nacionais e internacionais, entre vestidos, calças, blusas, camisas, coletes, e alguns acessórios. Ustana cita alguns exemplos como um par de sapatos femininos da Gucci a R$200; uma blusa de Carlos Miele que custa originalmente três mil, saindo a R$300; uma saia de seda pura da Zara; vestidos de fina alfaiataria europeia, peças de alta costura de oito mil por R$400, entre outras. A comerciante ressalta que também há materal repassado de lojas de multimarcas que fecharam, uma boa oportunidade de renovar o guarda-roupa com estilo.

Decoração verde

O segmento natural do bazar também conta com o espaço verde de Rosana Melo, uma das paisagistas pioneiras em Natal, com 35 anos de estrada. “Aqui eu mostro o que pode ser feito em pequenos ambientes para quem deseja ter planta em casa”, diz. Ela trabalha com plantas adaptáveis ao clima tropical, como palmeiras, suculentas, samambaias/avencas, forrações em grama, e até mesmo plantas artificiais, que estão em alta. “São feitas com uma nova tecnologia em resina, e a semelhança é impressionante. Ideal para quem mora em apartamento e não pode cuidar de planta”, sugere.

Ao lado das plantas, uma gama enorme de acessórios relativos. Há cachepôs de vidro e alumínio e muitos vasos feitos de plástico, cerâmica, louça, porcelana, e barro cru. Há verdadeiras preciosidades como vasos chineses e italianos. “Eu posso montar o jardim do tamanho que a pessoa quiser”, ressalta.

Antiguidades sem retoques
As peças antigas também se destacam no acervo do bazar colaborativo. Há pesadas cadeiras com refinado trabalho de marchetaria; uma cristaleira da década de 40; um aparador com espelho dos anos 30; uma mesinha árabe original, vindo do renomado antiquário de Laura Matos, entre outros. Rosana Melo ressalta que algumas peças foram adquiridas com suas marcas e imperfeições originais – e é o charme delas. “É isso que mantém a identidade da peça, que mostra sua idade. Não é nossa intenção restaura-las”, diz. É o que pode ser visto  num grande espelho antigo com moldura de madeira, ou num banco original de ferro.

O elemento decorativo é amplo. Tem peças curiosas, como um cocar indígena original emoldurado num quadro; há coloridas almofadas da Home Decor; um conjunto de luminárias entre o artesanal e o futurista, cortesia da Oficina da Luz; muitos quadros, entre pinturas e ilustrações. No local também é possível encontrar trabalhos de artistas de diferentes áreas, como por exemplo as aquarelas e porcelanas pintadas de Uiara Porto e Moema Conceição; os tamboretes artisticamente trabalhados do caicoense Jota Sobrinho; e as bolsas em fio de malha de Ana Paula Melo, que que também é restauradora de arte sacra. “Procuro sempre trabalhar modelos diferentes, já que a exclusividade é a alma do negócio”, afirma ela, que já expôs em várias feirinhas de rua da cidade.
O bazar de Rosana e Ustana funciona em exposição permanente, de segunda a sábado. O acervo deverá ter mudanças pelo menos a cada dois meses. “Nosso negócio ainda está no começo, estamos conhecendo a clientela. Vamos observar no dia-a-dia que as pessoas gostam de comprar, o que elas gostariam que tivesse mais, o que está faltando. Esse formato de negócio é bastante flexível, e nos dá a oportunidade de inovar, e sempre ter algo novo e interessante à mão”, conclui.

Serviço:
Bazar compartilhado de Rosana Melo e Ustana Bezerra. Rua Mipibu, 643, Petrópolis. Aberto de segunda a sabado, das 8 às 18h.

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