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Bombeiros do RN enfrentam dificuldades

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FOGO BAIXO - Bombeiros potiguares estão deixando a corporaçãoO Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte precisa de ajuda. Se por um lado a comunidade valoriza o trabalho dos homens que, pelo próprio espírito do ofício, enfrentam as mais adversas situações pela vida do próximo, por outro lado, esses mesmos soldados têm enfrentado pesadas cargas de trabalho, pelo pouco efetivo atual da corporação.

Com isso, além dos que saem para a reserva, muitos bombeiros têm procurado outra forma menos estafante e melhor remunerada para sobreviver. Os concursos públicos para outras áreas totalmente diferentes têm atraído cada vez mais os soldados-do-fogo, que são obrigados a largar a farda em busca em um emprego melhor.

A proporção ideal é de um bombeiro para mil pessoas e, desta forma, o Estado necessitaria de cerca de 2.500 bombeiros. Mas a realidade atual é bem diferente, e a corporação dispõe de pouco mais de 500 homens. Uma quantidade bem abaixo do aceitável. Uma lei estadual de 2002 prevê que o Estado tivesse hoje pelo menos 1.065, o que já não seria o ideal.

“É uma defasagem muito grande. A comunidade não quer saber se está faltando gente. Quer o serviço bem feito”, disse o coronel  Gervásio Protásio Bentes, sub-comandante do Corpo. Segundo ele, o comando precisa usar de criatividade para que os bombeiros continuem prestando um bom serviço ao povo potiguar. Mas às vezes, as dificuldades são quase insuperáveis. “Na Operação Verão do ano passado colocamos em serviço cerca de cem homens. Este ano são cerca de sessenta.”

O coronel informou que, atualmente, há dois processos de seleção cm curso. Uma para a escolha de 70 soldados e outro para 30 oficiais. As provas já foram realizadas, mas os certames estão parados, à espera de julgamentos de questões judiciais. “Alguns candidatos entraram com recursos e até que sejam julgados, os concursos estão paralisados”, explicou o sub-comandante.

Na noite da última quarta-feira, o fogo destruiu uma loja de pesca e o galpão de uma outra, na rua Tavares de Lira, na Ribeira. E a comunidade percebeu que o caminhão-tanque dos bombeiros precisava ser abastecido com água constantemente, o que teria atrasado o controle do fogo. Além disso, as viaturas coletavam água fora do local e não usavam os hidrantes da Ribeira.

O coronel explicou que esta é uma outra dificuldade. Os hidrantes são ligados à rede doméstica e, por isso, muitos não têm pressão para abastecer as viaturas com rapidez. “Se fôssemos usar os hidrantes da área, iria demorar cerca de cinqüenta minutos para encher o carro. Com o trânsito tranqüilo no horário, os carros vinham pegar água aqui no quartel, onde demoravam dez minutos”

A Caern foi avisada para fazer uma manobra d’água, o que é comum nesses casos. Desta forma, os hidrantes da Ribeira teriam pressão. Mas a operação é demorada, e a vazão ideal só chegou por volta de 2h da madrugada. O sub-comandante explicou que seria impossível ter boa pressão em toda a cidade, já que sempre faltaria água em um outro lugar.

Segundo o coronel, atualmente são 77 hidrantes em funcionamento na capital. Segundo ele, a manutenção é feita pela Caern e a instalação é determinada pela presença de grandes edificações. “Natal está bem servida de hidrantes”, disse o oficial. Mas segundo ele, em função do crescimento da cidade, muitos bairros das zonas Sul e Norte ainda são completamente desprovidos do equipamento.

Um outro problema é a capacidade das escadas magiros do Corpo de Bombeiros. O equipamento é bastante conhecido pelo combate a incêndio e resgate de pessoas em edifícios. O RN dispõe de duas. Uma com 30m, que atua em Mossoró e alcança o equivalente a dez pavimentos. A que fica em Natal,  tem 52m e alcança uma altura de 18 andares. A questão é que a capital tem prédios muito mais altos que isso. Mas o coronel Protásio argumentou que o problema é com o plano-diretor da cidade, que deveria prever tal situação.

Mas mesmo com as dificuldades, os poucos bombeiros que ainda restam seguem com o duro serviço que prestam ao povo. Um fato ocorrido durante o incêndio comprova que as dificuldades não diminuem o espírito de servir dos soldados-do-fogo. Ao saber do incêndio ocorrido na Ribeira, quatro bombeiros se apresentaram voluntariamente para o serviço.

Prédios abandonados preocupam comerciantes

O incêndio ocorrido nos estabelecimentos comerciais da Tavares de Lira assustou os outros comerciantes da área. Diversos prédios da velha Ribeira estão em situação calamitosa. Abandonadas, as edificações estão caindo aos pedaços, representando um verdadeiro perigo para quem freqüenta o bairro.

Um prédio localizado na rua Dr. Barata chega a dar pena. As belas linhas arquitetônicas contrastam com a realidade da estrutura. A marquise já foi corroída. Das janelas de madeira, pouco restou e as portas, foram trancadas pela população. “Isso aqui estava servindo de motel”, disse Oldair de Castro Leitão, que tem um comércio em frente ao prédio.

As paredes laterais do velho sobrado já começam a rachar e parecem que vão cair a qualquer momento. Uma árvore nasceu entre as frestas da parede frontal e o que é belo aos olhos dos transeuntes representa na verdade um outro risco. As folhas da pequena planta já encostam nos fios de energia e podem causar um curto-circuito a qualquer momento. “Se um prédio que tinha movimento, um incêndio fez aquele estrago, imagine num desse aí”, disse Walfran Mata, outro comerciante.

Um outro grande prédio, localizado na esquina da rua Dr. Barata com a avenida Tavares de  Lira inspira cuidados de quem trabalha na área. A estrutura está deteriorada e o abandono é claro.

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