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Bordeaux Sem tirar nem por – VI

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Nesta matéria abordaremos a última das mais importantes comunas do Haut-Médoc, Margaux. A apelação (denominação) mais ao sul do Médoc, próximo a cidade de Bordeaux. Margaux faz os vinhos mais macios, charmosos, elegantes, refinados e femininos de Bordeaux. Vinhos que melhoram depois de muitos anos de guarda, quando se tornam ricos, complexos e voluptuosos. O grande destaque dessa comuna é indiscutivelmente o Château Margaux, Premier Grand Cru Classé desde 1855 e um dos mais fantásticos e mais caros vinhos do mundo. É importante salientar que apesar de femininos, os vinhos de Margaux não são frágeis. Como bem dizia o diretor desse icônico Château, Paul Pontallier, falecido n ano passado, é preciso saber diferenciar força de brutalidade. O Margaux esbanja elegância e delicadeza, mas tem uma força descomunal que se revela para resguardá-lo das intempéries do tempo.
Comuna do Haut-Médoc, Margaux é uma das mais importantes da França
Château Visitado
em Margaux

A visita ao Château Margaux não foi possível em razão da vindima (colheita). Por uma questão de segurança o Château alegou não receber nem mesmo especialista no mês de outubro. Visitei então em Margaux, no dia 11/10/2016, às 10:00 horas o Château Palmer, Troisième Grand Cru Classé em 1855, onde fui conduzido pela gentil  Mélodie Petit (Hospitality Maneger), com um tour completo pelas várias dependências da vinícola em pleno processo de vinificação. O castelo (Château) funciona apenas como residência para as famílias dos sócios, e o nome Palmer foi herdado de um dos seus proprietários, o General Palmer, adotado por ser comercialmente fácil e conhecido no mercado inglês de então. A propriedade conta com apenas 66 hectares de vinhas plantadas, constituindo-se num Château Boutique, distribuídos entre 46% de Merlot, 46% de Cabernet Sauvignon e 8% de Cabernet Franc e Petit Verdot. Produz apenas dois vinhos tintos, o Palmer e o Alter Ego, seu segundo vinho. As vinhas têm uma idade média entre 38 e 45 anos, e desde 2009 recebem tratamento orgânico, passando, para biodinâmico a partir de 2014. O castelo data de 1854 e teve como arquiteto Charles Bourguet, o mesmo do Château Pichon. Em 2012 a vinícola passou por uma modernização, depois do que passou a vinificar por gravidade. O grande Palmer estagia por 22 meses em barricas de carvalho austríaco e francês, das quais 60% a 70% são novas, e 30% a 40% são de segundo uso. Depois da longa maturação em carvalho, o vinho afina por mais 03 meses em garrafa, na cave do Château, para só então ser liberado à venda. 50% de toda produção é endereçada aos negociantes de Bordeaux, ficando a outra metade sob o domínio do Château. Em minha visita degustei o Palmer 2007 e o Alter Ego 2011, ambos com uma ligeira predominância de Cabernet Sauvignon.        
A degustação do Château Palmer e Alter Ego
Degustação Château
Palmer 2007

A sala de degustação exibia uma mostra de quadros com fotos do pintor Pablo Picasso na ocasião. O Palmer 2007 (esta não foi uma grande safra) mostrou-se um vinho muito intenso, sob todos os aspectos, apesar dos seus 09 anos de vida. Cor intensa e brilhante, rico em extrato, com um nariz sugestivo de especiarias, licor de cassis, ameixa, notas empireumáticas (tostado, defumado e torrefação), e um mentolado que se confirmava na boca, com um longo retro-gosto. Um vinho prá lá de persistente, complexo e equilibrado ao mesmo tempo, mas ainda uma criança perto do seu imenso potencial de evolução. Seguramente com mais 10 a 15 anos de vida as sensações seriam ainda mais arrebatadoras e indescritíveis. O Preço do Palmer na França gira em torno dos 200 €, mas para safras como a de 2010, a melhor deste século até aqui, pode ultrapassar os 500 €.

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