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Brasil assume presidência e busca solução de consenso

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O documento base que definirá as decisões da Rio+20 não ficou pronto, ontem, último dia programado de diálogos oficiais. Às 23 horas, o Brasil assumiu a presidência da conferência e agora definirá qual será o modelo de negociação para os próximos dias. A meta é finalizar o texto até o dia 19, antes do início da cúpula de alto nível que encerrará a conferência, no dia 20, com a participação de chefes de Estado.

Apesar dos impasses que dificultam a negociação, Nikhil Seth, um dos porta-vozes da ONU no evento, fez uma avaliação positiva da situação. “Em todas as salas de negociação há um sentimento de otimismo cauteloso”, disse, em entrevista coletiva no Riocentro. “A sensação geral é de que nosso maior inimigo agora é o tempo.”

Com relação à negociação dos meios de implementação (incluindo a transferência de recursos financeiros e tecnológicos de países ricos para países em desenvolvimento), tema mais difícil da conferência, Seth disse que um novo texto foi proposto pelo facilitador do grupo de trabalho que discute o assunto e que as negociações continuam em aberto.

Segundo ele, o novo texto não contém “valores de dólar”, em referência a uma proposta do Grupo dos 77 mais China de criar um fundo internacional de apoio ao desenvolvimento sustentável, no valor de US$ 30 bilhões por ano. A proposta é rejeitada pelos países desenvolvidos, que teriam de contribuir com a maior parte deste valor.

Ainda não se sabe como as negociações serão conduzidas nos próximos três dias. Isso será definido pelo Brasil, em consulta com os outros países, e anunciado na noite desta sexta, após o encerramento da agenda formal de negociações do Comitê Preparatório (PrepCom) da conferência.

“Não há plano B”, garantiu Seth, referindo-se à possível apresentação de um texto alternativo ao que já vem sendo negociado – como já ocorreu em outras conferências, como a da Convenção do Clima em Copenhague, em 2009, quando um grupo de presidentes da Europa e dos Estados Unidos acabou produzindo um documento próprio de última hora para evitar um fracasso total do encontro.

Seja qual for o formato escolhido pelo Brasil, ele garantiu que será um processo “transparente”.

Protesto removido

A operação Choque de Ordem da Prefeitura do Rio de Janeiro retirou, na manhã de ontem, o acampamento de um grupo de manifestantes do movimento ‘Ocupa dos Povos’.  Na noite de quinta-feira, o grupo, composto por quase 40 pessoas, ocupou uma praça, em frente ao Parque do Aterro do Flamengo, onde está sendo realizada a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 que reúne diversas ONGs e movimentos sociais até o dia 22.

Com barracas e pequenos cartazes, o grupo reproduz a proposta do movimento Occupy Wall Street, que tomou as ruas de Nova York em 2011. Segundo um dos manifestantes, que não quis se identificar, o objetivo é “criticar o discurso oficial de sustentabilidade e incluir outras pautas na agenda da conferência, como a questão política e de ordem pública.”

A retirada das barracas aconteceu no início da manhã. Segundo os manifestantes, uma equipe da Polícia Militar e da Guarda Municipal negociou com o grupo por cerca de 4 horas para a retirada das barracas. A prefeitura proibiu a realização de acampamentos ligados aos movimentos sociais e à Cúpula dos Povos na região do Aterro do Flamengo. O grupo, entretanto, chegou a um acordo com os policiais, que permitiram a permanência dos manifestantes sem as barracas.

“Foi preciso muita negociação, muito diálogo. Eles nos pediram para tirar as barracas para descaracterizar o acampamento, mas continuamos aqui e esperamos que a partir desta noite o movimento se fortaleça com a participação de outros grupos da Cúpula”, disse a estudante Paula Fernandes, de 24 anos. Uma equipe de cinco guardas municipais acompanha os manifestantes.

O grupo planeja manter o acampamento até o dia 22, quando terminam a Cúpula dos Povos e a conferência oficial da Rio+20. Alguns dos participantes do protesto acompanham as atividades e oficinas no Aterro do Flamengo, durante o dia, mas o movimento se diz independente. A proposta é realizar “atividades artísticas na região, com projeções de vídeos, oficinas, músicas e intervenções poéticas”, contou Paula.

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