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Brasil desconstrói o messias Bono

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SEM SCRIPT - Vaias e surpresas no palco desconsertaram o cantor

Por Paulo Celestino

O clichê é inevitável: Bono é uma celebridade. Tem livre acesso a presidentes, líderes mundiais, altos investidores, une nações, suplica e consegue perdões de dívidas. A princípio, seria um daqueles seres intocáveis vindos de outro mundo, como só o show business consegue fazer. Até o Brasil chegar na frente dele.

O país do futuro hexacampeão do futebol, segundo o próprio vidente Bono, parece desconstruí-lo como num drible de Ronaldo, no caso, o Gaúcho. Aqui as coisas não saem bem dentro do script para o cantor-líder. É muita espontaneidade e caos ao mesmo tempo para um europeu de Dublin. O Brasil é muito para ele.

O encontro com Lula soou inadequado em tempos de eleição. Ao evocá-lo durante o show, foi vaiado. Reservado, é flagrado só de toalha na janela do hotel. E ainda na apresentação da segunda-feira, ao congregar uma unidade latino-americana é surpreendentemente vaiado de novo ao mencionar a Argentina. E a essa altura, ele deve estar se perguntando onde está aquele país do futuro. Alguém deveria avisá-lo que faz tempo que nos perguntamos também. Ainda mais em tempos de Lula.

Para completar, pareceu brochar com a brasileira rebolando na frente dele (e onde está o Bono sex-symbol de outros tempos?). Sem falar no chapéu de vaqueiro em pleno planalto central que nos remete algo conhecido demais, quase coisa de Zezé de Camargo e Luciano, os filhos de Francisco. Bono nasceu em Goiás?

Não, as fazendas de tomate passaram longe do Paul David George Hewson, o hoje famoso Bono Vox. Mas vamos lá…Dublin tem um jeitão de interiorzão, mesmo sendo a cidade dos universais James Joyce e do próprio U2. Enfim, como diriam os pernambucanos, Dublin (o local) fala para o mundo (global) através da boca de Bono.

Se houver uma hecatombe e pouca coisa sobrar, é possível que sobreviva na memória coletiva dos restantes a toada “Ôooooôo oô oou” do já clássico “With or Without You”. Ou quem sabe os primeiros acordes da marcha política “Sunday Bloody Sunday”. O discurso político e todo o esforço do messias Bono de nada terá servido.

Mas, como ele e seus fiéis escudeiros mostram na sua vertigem coletiva, o U2 segue tentando desarmar a bomba atômica como muito rock, palavras e tecnologia….bem, se não consegue em definitivo, pelo menos, segue coexistindo na guerra entre Linkin Park´s, Shakiras, Mariah Carey´s e outras coisas do tipo. Graças a Alá, Jesus Cristo, Buda ou qualquer outro Deus!

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