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Brasil fecha temporariamente embaixada e consulados na Venezuela

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Para evitar possíveis retaliações de chavistas na
Venezuela, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) determinou que as
representações diplomáticas do Brasil no país permanecessem fechadas
nesta quarta-feira, dia 13, em virtude do incidente registrado na
embaixada venezuelana em Brasília.

A reportagem apurou que a ordem valeu para todas as sedes da diplomacia
brasileira em território venezuelano. Em regime de plantão, os
servidores do Itamaraty mantiveram as portas fechadas e trabalharam de
casa, em constante contato telefônico com Brasília, onde o chanceler
Ernesto Araújo monitorava a situação. Eles também passaram informes
sobre a fronteira, ante um receio de que a passagem pudesse ser
bloqueada.

O Brasil tem uma embaixada em Caracas, onde também funciona o
consulado-geral, um consulado em Ciudad Guayana e dois vice-consulados
em Puerto Ayacucho e Santa Elena do Uairén. Não há embaixador brasileiro
na Venezuela atualmente – o chefe no local é o encarregado de negócios
Rodolfo Braga.

Na madrugada desta quarta-feira, um grupo de apoiadores de Juan Guaidó,
liderado pelo ministro-conselheiro Tomás Silva, acreditado no MRE,
entrou na embaixada. Ele afirmou que assumiu o local com a conivência de
alguns funcionários enviados pelo presidente Nicolás Maduro, que teriam
passado a apoiar o opositor Guaidó, reconhecido como presidente
legítimo pelo Brasil. O governo Maduro protestou e denunciou uma invasão
violenta. Durante todo dia, permaneceu um impasse sobre quem tinha o
controle real da sede, até que os opositores aceitaram abandonar a
embaixada, após a reprovação do governo Jair Bolsonaro, e enfrentamentos
do lado de fora, com troca de agressões. Alguns dos nomes envolvidos no
incidente diplomático de hoje estavam também coordenando ações de
protesto e a tentativa frustrada de atravessar caminhões com ajuda
humanitária, em fevereiro, em Pacaraima (RR), entre eles o próprio
ministro-conselheiro Tomás Silva e o colaborador venezuelano radicado em
Brasília Alberto J. Palombo.

Dos Estados Unidos, a embaixadora Maria Teresa Belandria, que tem
oficialmente a credencial reconhecida pelo governo brasileiro, disse que
mandou que sua equipe se retirasse por não conseguir garantir a
segurança deles e por causa dos episódios de violência.

“Agradecemos ao governo Jair Bolsonaro pelo todo seu respaldo nessas
difíceis circunstâncias. Atuando com esse apoio (do governo Bolsonaro) e
em respeito ao ordenamento jurídico do Brasil, saímos pacificamente da
mesma forma como chegamos à sede da embaixada. Sabemos de onde vem a
violência e quem a provocou, as evidências demonstram. Confiamos nas
investigações para que se apliquem sanções legais e diplomáticas”,
cobrou ela. “A partir de agora, iniciamos com autoridades do Brasil um
processo de negociação para que, conforme seus interesses e nossos
direitos legítimos, possamos acessar no menor prazo possível a nossa
sede diplomática.”

Insatisfação
Fazia meses que a equipe de Belandria reclamava em não ter acesso à
embaixada e ter de trabalhar de improviso, num flat na capital federal.
No Brasil desde fevereiro, ela teve as credenciais aceitas pelo
presidente em junho. Assessores da embaixadora afirmam que ela já havia
comunicado a autoridades do Itamaraty que uma parte dos funcionários da
diplomacia chavista, que ocupa a embaixada e responde a Maduro, estava
com credenciais vencidas. A falta de acesso teve uma mensagem de apoio
hoje do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Na semana passada, o chanceler de Guaidó, Julio Borges, se reuniu no
País com o Grupo de Lima, que anunciou mais pressões alternativas
políticas e diplomáticas. Borges queria que o Brasil tentasse
sensibilizar Rússia e China, principais potências que apoiam Maduro e
injetam dinheiro em Caracas, a rever sua posição.

O episódio de não conseguir garantir a inviolabilidade da embaixada
constrangeu diplomatas brasileiros, que haviam se preparado para receber
na 11ª cúpula dos BRICS, os presidentes da China, Xi Jinping, da
Rússia, Vladimir Putin, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o premiê da
Índia, Narendra Modi. Ao contrário do Brasil, esses países reconhecem
apenas o governo Nicolás Maduro.

Desde cedo, o MRE destacou o ministro Maurício Correia, coordenador de
Privilégios e Imunidades, para fazer a negociação com os dois lados,
tentando uma saída. Ele também mobilizou a equipe de policiais militares
do Batalhão Barão do Rio Branco, responsável pelo setor de embaixadas,
para tentar solucionar o caso pacificamente. O maior temor era de que um
confronto entre os dois lados fizesse vítimas.

Episódios de “tomada” de embaixadas e outras sedes do governo
venezuelano pela diplomacia de Guaidó, sobretudo na madrugada, já haviam
ocorrido em outros países como a Costa Rica e nos Estados Unidos.
Enfrentamentos entre apoiadores de Maduro e Guaidó já ocorreram no Chile
e na Argentina, e também houve invasão na Bolívia.

Estadão Conteúdo

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