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Brasil tenta aumentar comércio com países africanos

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Renata Giraldi – Repórter da Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, comandará nesta semana uma missão no sul da África, com o objetivo de incrementar o comércio na região. A ideia é buscar novas áreas de investimentos, como alimentos in natura e processados, construção civil, armas não letais e materiais de segurança, além de veículos e autopeças.

Por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Miguel Jorge e representantes do Ministério das Relações Exteriores e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) guiarão um grupo de 98 empresários para reuniões na África do Sul, em Moçambique e em Angola.

De amanhã (9) até quinta-feira (12 ), Miguel Jorge coordenará reuniões de negócios que ele espera reverter de forma imediata em acordos bilaterais. Em entrevista à Agência Brasil, o ministro mostrou-se confiante no sucesso da missão, mas disse que não é possível antecipar valores nem cifras.

“Não é possível fazer cálculos de antemão, porque os acordos são fechados durante a viagem. Há empresários de várias áreas e a seleção dos setores é feita em uma parceria dos ministérios do Desenvolvimento e das Relações Exteriores, além da Apex -Brasil”, disse o ministro

A missão ao Sul da África deve custar cerca de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Os percursos da viagem serão realizados no Sucatão – a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) KC-137, que ganhou esse apelido por ser considerada obsoleta, uma vez que foi montada nos anos 80 sobre a plataforma de um Boeing 707.

O avião foi transformado para acomodar o presidente da República e primeira-dama. De acordo com o ministro, o governo gastará apenas com o combustível do Sucatão, uma vez que a mão de obra é militar. 

O ministro, os representantes do Itamaraty e da Apex e os empresários saem hoje (8) de São Paulo rumo à capital angolana, Luanda, onde passam um dia. Depois seguem para Maputo, capital moçambicana, onde também ficam por pouco mais de 24 horas. Por último, vão a Joanesburgo, na África do Sul. O retorno ao Brasil está previsto para a madrugada de sexta-feira (13).

Intercâmbio comercial apresenta
expectativas promissoras

O intercâmbio comercial do Brasil com a África do Sul, Moçambique e Angola ainda é tímido, mas apresenta expectativas promissoras, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O saldo comercial com os três países é superavitário em favor do Brasil. Só com a África do Sul, o comércio bilateral envolve US$ 1,2 bilhão.

É a quarta vez que o governo brasileiro organiza uma missão para a África. As missões anteriores foram direcionadas a Serra Leoa, a Cabo Verde, e ao Marrocos e à Tunísia, no Magreb (região do Norte da África, que inclui ainda o Saara Ocidental, a Argélia, a Mauritânia e a Líbia). Só presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi duas vezes ao continente africano. “É a oportunidade para o empresariado, tanto o pequeno e médio quanto o grande”, disse à Agência Brasil o ministro.

A África do Sul ocupa uma posição de liderança no Continente Africano. É a 32ª economia mundial, registrando um Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) de US$ 277,2 bilhões. Dos países de língua portuguesa na África, Angola apresenta PIB  de US$ 84,9 bilhões.

Apesar de ter uma economia mais retraída, Moçambique apresenta perspectivas positivas, registrando PIB de US$ 9,9 bilhões. As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a economia moçambicana deve crescer 4,3% este ano e 5,2% em 2010.

Para os sul-africanos, o interesse de compra do Brasil volta-se para o petróleo e derivados, aeronaves e peças, automóveis e autopeças e aparelhos de telefone, além de bens de informática e medicamentos. Para parte do Brasil, o mercado da África do Sul se concentra na compra de carvão, veículos, aparelhos de filtro de gases, óleo combustível e até vinho.

A balança comercial de Moçambique tem um histórico de deficits e de dependência externa. As exportações brasileiras para os angolanos se somam a US$ 1,97 bilhão e estão concentradas na venda de carne de frango, veículos de carga, chassis com motor e barras de ferro e aço.

As exportações brasileiras para Moçambique têm números semelhantes aos de Angola. De janeiro a setembro, o total foi de US$ 1,065 bilhão. Os principais produtos vendidos do Brasil para os angolanos são veículos de carga, tratores, açúcar refinado, móveis e gasolina.
 
Missão visitará países com cultura,
geografia e economia distintas

Os três países visitados pela missão brasileira apresentam intensa diversidade geográfica, cultural e econômica. Apenas a África do Sul tem 11 línguas oficiais, embora o inglês seja o idioma adotado nas negociações públicas e comerciais. A população, de 48,7 milhões de habitantes, é formada etnicamente por maioria negra, mas que fala dialetos distintos.

Em 1990, o sistema de segregação racial (apartheid), que estabelecia duras regras de distinção entre direitos e deveres para brancos e negros, foi desmantelado. Em 1994, o líder Nelson Mandela foi eleito presidente. No mês passado, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, esteve no Brasil. Na ocasião, ele destacou as afinidades entre seu país e o Brasil.

Em 2010, a Copa do Mundo de Futebol será realizada na África do Sul. Zuma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram sobre o assunto e firmaram protocolos de intenção nas áreas esportiva e cultural.

Já Angola vive uma situação bastante diferente. Dos 16,8 milhões de habitantes, a maior parte da população vive em situação de pobreza. Apesar deste dado, o país é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e tem uma imensa produção de diamantes.

A história recente de Angola foi marcada por uma longa guerra civil, que começou em 1975. Em 2000, foi assinado um acordo de paz na região. A guerra civil no país teria vitimado cerca de 500 mil pessoas entre adultos, jovens e crianças.

Moçambique, assim como Angola, pertence à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e mantém vários acordos de cooperação com o Brasil. Com uma população de 20,7 milhões de habitantes, aproximadamente metade de seu território tem potencial agrícola.

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