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Brasil vai crescer menos e terá mais inflação, diz BC

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Brasília (AE) – O Relatório Trimestral de Inflação, documento mais importante e abrangente do Banco Central (BC) sobre a economia brasileira, foi divulgado ontem projetando menos crescimento neste ano e mais inflação até o primeiro semestre de 2015. Para o crescimento deste ano, o banco reduziu a previsão de 3,1% para 2,7%. Para o IPCA – índice de inflação – a previsão de 2013 subiu de 5,7% para 6%.
Hamilton, do BC: em meio a cenário negativo, juros devem subir
O Banco Central tirou proveito dos protestos nas ruas e antecipou a revogação do aumento das passagens de ônibus de algumas cidades em suas projeções para a inflação. Mesmo com essa manobra, que a instituição admitiu ser excepcional, a estimativa para o IPCA aumentou e colocou em xeque a promessa da presidente Dilma Rousseff e do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a inflação este ano será menor do que no ano passado. O mercado interpretou essa estratégia do BC como “maquiagem” para amenizar a inflação mais alta.

Ao mesmo tempo em que previu uma inflação maior, de 6% para este ano, o BC reduziu sua previsão de crescimento da economia. O dado também é importante politicamente, porque o governo trabalha para no mínimo repetir o desempenho do primeiro ano de governo de Dilma.

A cada trimestre, quando apresenta o relatório de inflação, o BC define uma data limite para a coleta de informações econômicas disponíveis para fazer seus cálculos. Desta vez, o dia foi 7 de junho. Só que o recuo dos governos em aumentar as tarifas se deu dias depois e mesmo assim o dado foi usado no cálculo. “Houve um esforço adicional para isso”, limitou-se a explicar o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo.

Ao mesmo tempo, o BC ignorou a disparada recente do câmbio, que pode pressionar a inflação, e usou uma cotação próxima à da data definida como limite. “Não julgamos oportuno”, justificou o diretor. Ele argumentou também que o repasse do câmbio na inflação tem sido menor do que visto há uma década.

Surpresa

Ao usar uma variável favorável para os preços e dispensar outra que poderia alimentar ainda mais a alta, o BC pegou analistas de mercado financeiro de surpresa. Hamilton mostrou nervosismo quando questionado sobre abalos na credibilidade da instituição. “Não vou nem comentar essa ilação.”

Pelas novas projeções feitas pelo BC com base na taxa básica de juros, a Selic atual de 8% ao ano e dólar de US$ 2,10, o IPCA poderá fechar o ano em 6%, acima dos 5,84% do ano passado. A alta da inflação é hoje uma das principais ameaças à reeleição da presidente ao lado de um crescimento fraco do País, que também foi revisto para baixo pela instituição.

Com as projeções mais salgadas para a inflação e a perspectiva de que o IPCA ainda vai subir no curto prazo, o BC sinalizou que continuará a trajetória de alta dos juros. Para agentes do mercado, a leitura foi a de que o ciclo de elevação pode ser mais longo do que o imaginado inicialmente.

Em uma resposta à ruas, Hamilton repetiu o mantra já citado por Dilma e Tombini. “A inflação tem estado, está e vai continuar sob controle”, disse.

Controlada, mas pressionada. Segundo a instituição, quem for eleito presidente da República no ano que vem já terá que enfrentar uma inflação de 5,5% no acumulado em 12 meses do primeiro para o segundo trimestre de 2015.

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