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Brasileira se prepara para disputar ultramaratona mais tradicional do mundo

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Imagine correr por 170km, em uma trilha com 10km de
desnível na vertical, enquanto cruza três países – começa na França,
passa por Suíça e Itália e volta à França. É para esse desafio que a
brasileira Fernanda Maciel, de 39 anos, está se preparando nos últimos
dois meses: a ultramaratonista irá disputar a Mont-Trail du Blanc, prova
mais tradicional do esporte, no próximo dia 30.

Fernanda Maciel, atleta
Ultramaratonista Fernanda Maciel, de 39 anos se prepara para a prova que acontece em três países da Europa

Por isso, há dois meses, Fernanda está correndo entre montanhas próximas
ao do local da corrida, ainda mais altas do que as vai ter de
enfrentar: a prova ocorre entre 2.000 e 3.000 metros de altitude nos
Alpes e ela treina em outras de 4.000 metros. Também tenta se acostumar
com a amplitude térmica: como a prova dura muitas horas, é normal que
esteja calor e depois esfrie conforme sobe os montes. Além disso, a
brasileira mantém a dieta regrada de atleta e anda de bicicleta para
poupar os tendões.

Nada disso é novidade para Fernanda Maciel. Ela já fazia corridas de
aventura, mas começou na ultramaratona há 10 anos, por iniciativa de uma
marca de roupas norte-americana, a The North Face, que procurava quatro
corredoras brasileiras para participar de uma competição do tipo na
Califórnia. Acabou se apaixonando pelo esporte.

Nesses 10 anos, ela já ganhou algumas corridas importantes, como a do
Monte Fuji, no Japão, a das Montanhas Dolomitas, na Itália, e a da
Transgrancanarias, arquipélago da Espanha, no Oceano Atlântico. Bateu
recordes nos montes Aconcágua (mais alto da América do Sul) e
Kilimanjaro (mais alto da África). Também já foi vice-campeã mundial do
circuito de ultramaratonas, em 2014, e venceu a própria Mont-Trail du
Blanc, mas na categoria de 120km.

E como fazer para completar trajetos tão exaustivos? “Fazer uma coisa de
cada vez. Acelerar, parar, diminuir, comer, depois só chegar. Para não
gastar energia, limito até os pensamentos e sigo somente ‘no flow’.
Paro só para pegar alimento nos pontos determinados. É preciso ter muita
força física e psíquica, e saber equilibrar os dois”, explicou
Fernanda.

“O controle mental e emocional é fundamental. Não se deixar abalar
quando está em último, não se deixar deslumbrar quando está em primeiro.
Não tenho fome, porque o estômago dói com o exercício, às vezes sinto
que faltam forças, mas chegar é a melhor coisa do mundo”, completou.

Para Fernanda, não há sensação melhor do que chegar e ver que foi uma
jornada de aprendizado. O primeiro pensamento depois de cruzar a linha
de chegada é simples. “Uau! Eu consegui. É uma sensação de trabalho bem
feito. Penso nas condições da montanha, penso nas pessoas que me apoiam.
É muito louco, é uma paixão pelo esporte que vem do nada, uma
explosão”, descreveu.

Depois que terminam as provas, ela volta para uma vila de 40 pessoas nos
Pirineus, região da Espanha próxima à fronteira com a França. Mas segue
a rotina regrada, de treino e alimentação, e, para impedir a inflamação
das articulações de joelho e tornozelo, mergulha as pernas num rio
glaciar após as corridas. Também pratica pedalada, alpinismo e yoga,
tudo pensando nas ultramaratonas.

O esporte não é a única fonte de renda de Fernanda. Além da
ultramaratona, ela também gere uma empresa de importação para o Brasil
junto com o irmão e, duas vezes por ano, dá aulas magnas de nutrição
esportiva na Universidade de Barcelona. Já foi advogada ambiental no
Brasil, trabalhando para a Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas
Gerais. Tentava proteger principalmente a Serra do Cipó, onde cresceu e
começou a amar as montanhas.

Para o futuro, Fernanda vê duas coisas: uma possibilidade de vencer
neste ano o título do Circuito Mundial, que tem 18 provas e leva em
conta os dois melhores resultados das atletas nas provas mais difíceis
(a própria Mont-Trail du Blanc é uma das com melhor pontuação) e seguir
no esporte por vários anos ainda – para isso, tende a ser mais seletiva
com as corridas que escolhe e, além disso, aproveitar a experiência de
que já dispõe para seguir no esporte que ama.

Estadão Conteúdo

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