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Bravo e o futebol

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A revista Bravo!, edição de janeiro, citada aqui ontem por conta do centenário de Nelson Rodrigues, tema de sua capa (até por isso o suficiente para o cara comprar, ler e guardar), traz um encarte precioso: um livro sobre literatura e futebol reunindo contos, crônicas e poemas da lavra de alguns dos maiores nomes da literatura brasileira. Um verdadeiro clássico para o gáudio (ah, o gáudio!) das arquibancadas ululantes. Claro que Nelson Rodrigues está nesse timaço. Indo e voltando umas quatro vezes pela Reta Tabajara o livro me fez companhia naqueles dias de janeiro, dividindo o meu encantamento com os flamboaiãs floridos da Reta (são cinco ou seis pés) e de Cajazeiras (mais uns oito ) nos seus tons vermelhos e alaranjados. Uma goleada de boniteza.

O livro é editado por Marcelo Moutinho, escritor, contando com o adjutório de João Gabriel de Lima, Almir de Freitas, Fernando Santos e Thiago Melo. Ilustrações de Ricardo Soares e duas dúzias de fotografias marcantes do futebol  brasileiro. Tem até mulher escrevendo sobre futebol. E que mulher: Clarice Lispector! No timaço dos homens, entre outros craques, além de Nelson Rodrigues, estão Rubem Fonseca, José Lins do Rego, Lima Barreto (que não gostava de futebol), João Cabral de Mello Neto, Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade (que meio-de-campo, hein?), Antônio de Alcântara Machado, Sérgio Sant’Anna. Luis Fernando Veríssimo, Glauco Mattoso, Cristovão Tezza e Marcelino Freire.

Junto a este escrete aparece também o cordelista José Soares,  paraibano de Alagoa Grande, mesmo lugar onde nasceu Gonzaga Rodrigues, o grande cronista. O poeta canta em sextilhas “O Futebol do Inferno”, começando assim:

No futebol do inferno / Está grande a confusão. / Vai haver melhor de três / Pra ver quem é campeão, / Se o time de Satanás / Ou o Clube de Lampião // Lampião ganhou um turno, / Satanás, outro  também. / No domingo que passou / Empataram  no 100 a 100. / E a grande decisão / Vai ser domingo que vem.

A crônica de Nelson Rodrigues, “Conveniência de ser covarde”, foi publicada originalmente no jornal Manchete Esportiva, de 1955. Logo na primeira linha o estilo inigualável, inconfundível, a marca registrada do grande escritor: “Há tempos, fui à rua Bariri ver um jogo do Fluminense. E confesso: – sempre considerei Olaria tão longínqua, remota, utópica como Constantinopla, Istambul ou Vigário Geral. Já na avenida Brasil, comecei a sentir uma nostalgia e um exílio só equiparável aos de Gonçalves Dias, de Cassimiro de Abreu (…)”

Outro grande instante do livro é o conto de Sérgio Sant’Anna, “Na boca do túnel”. O narrador é um técnico de um time suburbano, dando conta de suas teorias e suas táticas. Também de seus fracassos e frustrações. O texto é um gol de placa.  Já o conhecia de seu livro de contos O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro,  publicado pela Editora Ática, em 1982. Lá pras tantas, o técnico-narrador confessa sua admiração pelo futebol de Sócrates:

“Sócrates, o do Corinthians e da Seleção, se em vez de estudar medicina houvesse optado, como seu homônimo da Grécia, pela filosofia, incluindo a estética, talvez pudesse dizer que um estilo, muitas vezes é sinônimo de não complicar. E o futebol dele próprio, Sócrates, semelhante  ao do holandês Cruyff, é feito tanto de habilidade quanto de simplicidade”

E antes que o juiz assopre o último apito, transcrevo o poema de João Cabral de Mello Neto, pernambucano, uma das glórias da poesia em língua portuguesa, torcedor do América de Recife. Título do poema: “O Torcedor do América F.C.”:

O desábito de vencer

não cria o calo da vitória;

não dá à vitória o fio cego

nem lhe cansa as molas nervosas.

Guarda-a sem mofo: coisa fresca.

pele sensível, núbil, nova,

ácida à língua qual cajá,

salto do sol no Cais da Aurora.

Política

De volta à Ribeira, passo pela Tavares de Lira no rumo da calçada do Cova da Onça. Ouvir mestre Gaspar, cujo último papo foi na antevéspera do Natal. Queria sua opinião sobre o momento político desta terra de Poti mais deslumbrada. Foi rápido:

– Nunca a politica do Rio Grande do Norte foi tão insossa.

E o governo Rosalba Ciarlini?

– A governadora continua viajando. Toda semana é vista na Esplanada dos Ministérios.

E a administração Micarla de Sousza?

– Vulgar e silvestre, como diria meu amigo Caio de Souza Leão.

Educação

Veja o resultado de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Ouvidos 4 mil alunos do ensino médio da rede pública, os números apontam que 14% não leram um livro sequer nos últimos cinco anos; 11% leram apenas um livro e 26%, coisa de dois ou três. A informação está na coluna de Ancelmo Gois, que acrescenta:

– A pesquisa revelou também que 93% dos estudantes têm celular, e 78% computador.

Livro

Kerubino Procópio está enviando para os amigos o seu livro Ensaios de Filosofia Caseira. Precisa lançá-lo, imediatamente, logo se vá o vazio do veraneio. A Cidade aguarda.

Novos doutores

Hoje, em Mossoró, a Universidade Federal Rural do Semi-árido faz a festa de colação de grau dos concluintes de seus cursos de graduação do segundo semestre do ano passado

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