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Brega de raiz

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“No Belina Mamão, não é só o vocalista que é brega. Todo mundo é.”

O romantismo da música brega ou a breguice da música romântica? Enfim, um momento para a reflexão. O projeto Seis & Meia de hoje traz à luz do palco duas gerações que fazem da dor de cotovelo a inspiração do dia-a-dia. Para quem chorou pouco com o baile que a França de Zidane deu no bando do Parreira, o cantor e compositor Waldick Soriano deve completar o estrago. O show ocorre a partir das 18h30, no Teatro Alberto Maranhão.

Em conversa por telefone com a reportagem, o autor do clássico “Eu não sou cachorro, não” prometeu levar às lágrimas até a governadora Wilma de Faria

Vai ser um show muito bonito. Vou apresentar meus grandes sucessos e algumas canções que o pessoal não conhece porque só toca na rádio se a gente pagar. E como não pago para esses vagabundos, eu não apareço na rádio”, disparou.

Na preliminar de Waldick Soriano, a banda potiguar Belina Mamão mostra um repertório recheado de clássicos do brega nacional. Fundada no dia 8 de março deste ano, o quinteto pretende lançar em outubro o primeiro trabalho autoral.

Belina Mamão investe na irreverência

A inspiração do nome da banda veio de dentro de casa. Lembra da Brasília Amarela do Mamonas Assassinas?  Pois é. Da garagem do baixista Franklin Medeiros para o estrelato das plataformas coloridas e cafonas, a Belina Mamão, ano 75, está velhinha em folha. Com direito a remendo e durepox. “Está aqui em casa. Toda detonada. A gente vai com ela para os shows e a galera adora. Tem até cimento e durepox para segurar a lataria”, brinca ele, que durante as apresentações, se transforma em Franscilee Flores.

A irreverência é a marca do grupo, que além de abrir a noite ainda acompanha Soriano. “A gente vai fazer um show irreverente e animado, mesclando músicas nossas com outras consagradas.  Somos fãs de Carlos Alexandre, Odair José, Amado Batista e Reginaldo Rossi. É um som que a gente curte e Waldick Soriano é um dos grandes nomes. Estamos muito animados com o show ”, disse.

Embora admita que a maioria dos artistas rejeita o rótulo de brega, ele confessa que idéia da Belina Mamão é a revitalização do estilo. “A gente vê em todo lugar o pessoal que canta brega dizendo que é romântico. Até o vocalista da nossa banda fala isso no palco, mas quando surgiu a idéia de montar a banda, vimos que em Recife o brega está com força. Com essa nossa irreverência não tem ninguém parecido. A gente assume essa atitude. No Belina Mamão, não é apenas o vocalista que é brega. Todo mundo é”, afirmou. 

Franklin acredita que a apresentação de hoje pode alavancar a carreira do grupo. E lembra que, no primeiro show da banda, uma fã especial causou surpresa. “A gente tocou no Budda Pub a primeira vez e a governadora Wilma de Faria estava lá nos assistindo. O vocalista chamou ela para dançar no meio da boate e ficou todo mundo surpreso. Ela nos disse depois que tinha visto uma entrevista do Belina na televisão e se interessou pela banda”, recorda.  

Apesar do aparente lado ingênuo do estilo, os músicos estão investindo no sucesso do grupo. O propósito declarado de ganhar dinheiro tocando o que o público quer ouvir está na história da formação da banda. “Eu e o vocalista (Anderson, vulgo Dedé Braga) pensamos em fazer um som e a primeira coisa que veio na mente foi montar uma banda de forró. Mas como existem muitas no mercado decidimos investir no brega. E tinha que ser o brega raiz, de qualidade. Cada músico tocava numa banda diferente e queríamos fazer uma coisa que desse retorno financeiro”, disse.  

Ainda que venha com uma irreverência particular, o músico afirma que a banda não tem a pretensão de satirizar o estilo, como faz com o heavy metal, por exemplo, o grupo carioca da MTV, Massacreation. “De modo algum. Nós gostamos do brega. Ninguém quer sacanear nada. Inclusive, o público que for ao show vai ver que apesar da brincadeira com o figurino, seremos fiéis às músicas”, avisou.

Patrícia Pilar filma documentário de Waldick

Waldick Soriano vai virar documentário. As imagens do cantor e dos fãs potiguares chegarão na tela grande ainda este ano pelas mãos da atriz global e produtora Patrícia Pilar, que possui os direitos de imagem do cantor. Ela e sua equipe estarão hoje à noite no TAM filmando tudo.

Pilar chega hoje, mas não quis dizer maiores detalhes. “Está confirmado. Ela deve chegar amanhã (hoje) e filma o show do Waldick. Ela vem fazendo filmagens há dois anos com o Waldick e acredito que o documentário deve estar pronto ainda este ano”, afirmou o produtor João Santana.    

Apenas Nelson Gonçalves e Ângela Maria gravaram mais que Waldick Soriano no Brasil. Ele conversou com a equipe do VIVER semana passada e contou duas histórias sobre suas passagens pela cidade do sol. Uma delas remete ao maior sucesso da carreira do cantor “Eu não sou cachorro, não!”, que foi criada em solo potiguar. “Em 1973, o avião que me traria para cá atrasou um hora em Recife. Meu amigo João Santana estava esperando e quando cheguei disse que não era cachorro para ficar aquele tempo todo me esperando. Pensei que aquilo poderia dar música. Fomos para casa dele e o tema veio na mesma hora. Aí criei a letra”, lembra. 

Também na década de 70, num encontro com o ex-ministro Aluízio Alves, uma brincadeira o pegou de surpresa. “A gente se encontrou no elevador e ele me disse que gostava muito de mim, que quando era criança escutava minhas músicas. Aí eu falei: peraí, ministro! Eu só tenho 45 anos”, recordou. 

Serviço:
Projeto Seis & Meia com Belina Mamão e Waldick Soriano, hoje, a partir das 18h30, no TAM; Preço: R$ 20 (inteira).

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