Valério Mesquita
Escritor
01) Patrício Português era uma figura lusitana largamente conhecida em Mossoró, sua segunda pátria. Anos atrás era proprietário de um avião bimotor e navegador aéreo de longo curso das galáxias oestanas. Certa vez, partiu de Natal pilotando a aeronave com destino a Mossoró. Durante a penosa travessia do “dorso do elefante” tomou umas onze doses do “escocês legítimo”, deixando-o fora de órbita. Quando sobrevoava Mossoró para aterrissar, da torre do aeroporto, recebeu o alerta convencional: “Atenção BV-116, torre pedindo a rota!”. “Atenção BV-116 torre pedindo a rota!”. “O quê?”, responde o nosso rico português. “A rota!”, retorna a torre. Patrício, zonzo da cabeça, confundiu as coisas e soltou um longo e sonoro arroto: “Barrrrr”.
02) Há alguns anos um DC-10 da Varig sofreu uma pane no voo Natal/Fortaleza, procedente de São Paulo. O piloto, diante da gravidade do problema, pediu permissão para pouso no aeroporto de Mossoró. Em meio aos procedimentos de aterrissagem já estavam adiantadas as trocas de informações técnicas entre aeronave e torre do aeroporto quando, repentinamente surgiu uma divergência. Do avião saiu o S.O.S: “Atenção torre, peço permissão urgente para DC-10 na pista”. Retruca a torre de controle de voo: “Aqui só desce de um em um. E tamos conversado…”. O avião desceu mas o controlista sumiu.
03) Rizzo, radialista do sul do país, desembarcou na velha Rádio Poty de Natal disposto a colocá-la na liderança da audiência da radiofonia potiguar. E como primeira bossa, mudou o prefixo para: A Super Rádio Poty. O velho capitão Luiz Maria Alves mordaz, resistente e difícil de ser convencido como ninguém de certas mudanças repentinas, discordou frontalmente. E foi logo baixando, o seu edito imperial, bem ao seu estilo, afixado na portaria do jornal. “O superintendente da Rádio Poty, de acordo com os artigos tais e quais do condomínio dos Diários e Rádios Associados, no uso de suas atribuições, determina: “A Rádio Poty não é super de porra nenhuma. É simplesmente Rádio Poty. Datado e assinado, Luiz Maria Alves”.
04) O ex-vereador macaibense Manoel Ferreira de Lima, protagonista de alguns causos já registrados. Esse me foi passado pelo juiz de Direito Cícero Martins de Macêdo Filho. A câmara municipal de Macaíba discutia a concessão do título de cidadania ao brigadeiro Everaldo Breves, comandante do CATRE. A oposição questionava a sua outorga argumentando que o militar não ostentava nenhuma folha de serviços a Macaíba. Eram os anos setenta evidenciados pelo amplo noticiário da corrida sideral quando a mídia explorava a iminente queda do imenso laboratório espacial Sky-Lab, no nordeste do Brasil, possivelmente no Rio Grande do Norte e que terminou despencando na Austrália. O vereador Manoel Ferreira, presidente da câmara, saiu-se com essa pérola de argumentação: “Devemos todos a gratidão ao brigadeiro pois foi ele o responsável pela queda do laboratório espacial longe daqui, na Austrália”. E o título foi aprovado.
05) Nos comícios do interior, notadamente na área rural, tudo é festa. O povo em pé, escuta, sofre, leva chuva, mas permanece. São trazidos ao comício por caminhões de diferentes lugarejos e esperam até terminar. Num povoado de Ielmo Marinho, pela madrugada, chega atrasadíssimo o deputado Henrique Eduardo Alves. Antes dele, o locutor anuncia a palavra do prolixo deputado Lara Ribeiro. Preocupado com o povo, desde as 19 horas presente na praça, o deputado Wober Júnior pediu ao prefeito, irmão do deputado Lara, a essa altura já com a palavra, que apelasse no sentido de encurtar o pronunciamento: “Tarcísio, abrevie o discurso porque senão o povo vai embora”. Lara Ribeiro, guru e PhD em política pelas ribeiras do Potengi, se virou, sinteticamente: “Embora pra onde?”.
07) Numa sessão da Assembleia Legislativa, na apresentação de todas as suas emendas, a deputada Fátima Bezerra sempre mencionava repetidamente a parceria do deputado Leonardo Arruda. Não se contendo, Lara Ribeiro disparou: “É a dupla Batman e Robin”.
