quinta-feira, 25 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Briga entre detentos deixa 2 mortos

- Publicidade -

Ciro Marques – repórter

Dois detentos condenados pela Justiça, mas que cumpriam pena no Batalhão da Polícia Militar em Nova Cruz, a 93 quilômetros de Natal, morreram na manhã de domingo de Eleição, depois de brigarem dentro da cela número 4 do BPM. O preso Ismael Carlos Costa, conhecido como “Ismael”, 30,  esfaqueou o ex-parceiro de crime, José Aparecido de Oliveira Fonseca, também chamado de “Zé de Madalena”, 25, dentro da cela e depois morreu, devido aos ferimentos provocados pela briga com o colega de confinamento e pelos policiais militares, que tentaram conter a violência entre os dois.

Segundo o comandante do BPM de Nova Cruz, o major Gaspar Ênio Linhares, a briga que resultou na morte dos dois ocorreu por volta das 7h30. “Nós ouvimos os presos chamando e quando chegamos lá encontramos ‘Irmael’ esfaqueando o ‘Zé de Madalena’. Entramos na cela para separar os dois, mas ele continuou golpeando o outro detento e, em seguida, partiu para cima de um dos PMs, que precisou atirar para que ele parasse”, contou.

“Ismael” teria sido baleado na perna pelo PM e levado junto a “Zé de Madalena”, ainda com vida, para o hospital de Nova Cruz. No entanto, devido aos ferimentos, os dois morreram na unidade hospitalar. Segundo o Itep, a causa da morte para “Zé de Madalena” foi mesmo a “arma branca”. A morte de “Irmael” foi provocada por “disparo de arma de fogo”.

O motivo que levou os dois detentos a brigarem dentro da cela ainda é desconhecido para os PMs do Batalhão. Até porque eles eram “parceiros” no mundo do crime, apesar de há cerca de uma semana estarem se desentendendo. “Segundo dizem, ‘Irmael’, ‘Zé de Madalena’ e o outro preso daqui, Júnior Xavier, eram comparsas antes de serem presos. Tanto, que os três se davam bem e nunca tiveram problema algum. Há cerca de uma semana, no entanto, isso mudou. Eles começaram a discutir”, afirmou  major Linhares.

No sábado, a relação entre os dois piorou ainda mais e eles se “juraram” de morte. “Soubemos disso, mas aqui a cela é meio improvisada e não havia muito o que fazer. No domingo, tivemos que impedir a briga com urgência, inclusive porque ele poderia ferir também o Júnior Xavier”, contou o major Linhares. A faca utilizada por “Irmael”, os PMs ainda não sabem como foi conseguida. “Era uma faca pequena, daquelas artesanais. Recolhemos e vamos levá-la para a Delegacia da Polícia Civil local, que vai investigar o caso”.

A combinação entre instalações carcerárias improvisadas e presos perigosos já havia sido alvo do alerta do major Linhares há um bom tempo. “Já havia procurado a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) para pedir vagas na penitenciária estadual de Alcaçuz (em Nísia Floresta, Grande Natal), para eles. Prometeram conseguir agora, com essa ampliação que será feita lá. Eles eram condenados da Justiça, não podiam ficar presos aqui”, afirmou o major.

“Irmael” estava preso há  oito anos e, entre os crimes que é acusado, estão assaltos, homicídios e envolvimento com o tráfico de drogas. Dos mesmo crimes está acusado “Zé de Madalena”, preso há  dois anos.

Memória

Mortes em instituições penais

Na última quinta-feira, dia 30, o menor infrator Joaes Lopes de Souza, de 16 anos, foi assassinado dentro do Centro Educacional de Pitimbu (Ceduc). Três adolescentes da unidade seriam os autores do crime. Um deles teria dado a ordem para que os outros dois – que haviam chegado na unidade  no mesmo dia (às 17 horas) matassem Joaes.

Em Alcaçuz, para onde “Irmael” e “Zé de Madalena” seriam levados, morreu no dia 22 de agosto o detento André Wagner da Silva, 30. No laudo divulgado neste mês, pelo Itep, foram confirmados sinais de torturas no preso, como unhas arrancadas, sangramento no ânus e 51 queimaduras espalhadas pelo corpo. O caso ainda está sendo investigado. Também na penitenciária estadual, em abril deste ano, foi esfaqueado até a morte o detento André Luíz Pereira dos Santos.

Segundo o coordenador estadual de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), Marcos Dionísio Caldas, os detentos são responsabilidade do Estado, e mesmo que tenham sido mortos por colegas de cela, o Estado é quem deve ser responsabilizado. “A partir do momento em que o Estado custodia o detento, ele tem que garantir a integridade física dele”, afirmou o coordenador, em comentário sobre o caso de André Wagner no final de setembro.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas