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Brincadeira?

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Dácio Galvão
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A crise não brinca. Relembrando um bate-papo com o artista e intelectual Antonio Carlos Nóbrega gestor do Instituto Cultural Brincante, em Vila Madalena, São Paulo, o amargo do desequilíbrio das contas públicas estava expresso na movimentação negativa da área privada. Seu equipamento, com nova sede, sendo a fábrica de ideias que melhor pragmatiza o conjunto de conceitos do pesquisador Mário de Andrade andava completamente mal das pernas enfrentando dificuldades financeiras para bancar suas ações. Quem trabalha com o conceito de entidade nacional, na atualização do brasileirismo em tempos de internet das coisas, desemboca na diversidade cultural e desdobra em capital humano e cidadão sem possibilidade de mensuração, convenhamos, é duro. É duríssimo!

Na ocasião, foi questionado o modelo de política pública para área cultural, os lobbies exercidos em cima de departamentos de marketing’s, direções de empresas que trabalham com leis de incentivos fiscais e a ausência de projeto consistente por parte de autoridades que estruturam o segmento. A picaretagem grassa. Também o pensar a economia criativa no capitalismo sob o prisma do simbólico e do econômico. A produção da cidadania e da circulação de financeira. Aliás, essas mais outras preocupações são antigas uma vez que fora iniciada formalmente pela ONU, 1972, e quando da Agenda 21, na ECO 92, ocorrida no Brasil  em 1992. Daí surgiram novos paradigmas e modelos de sustentabilidades. A curiosidade e bens intangíveis emergiam valores num mundo globalizado e com recursos naturais estratégicos limitados. O ordem mundial tem que ser outra.

Pois é. Esse tipo de assunto posto assim por um artista da calibragem de Antonio Nóbrega mais que amigo de Ariano Suassuna, tendo participado ativamente quando da ativação do Movimento Armorial, nos coloca de frente com uma problemática ampla e desalentadora. O que fora discutido naquela tarde agradável na presença de um dos articuladores do Teatro Brincante, Silas Redondo e o então prefeito de Natal, Carlos Eduardo, era a tradução, em Sampa, de uma garoa desalentadora. Ao mesmo tempo me perguntava se diante do assombro do que falávamos ter uma voz insurgente como a de Nóbrega paradoxalmente não colaborava para elevação de certo debate?

Claro! Mas de lá para cá é passado em torno de um ano. E as coisas estão de mal a pior. A corrida sucessória para o executivo não é alentadora. O populismo de direita e de esquerda predomina. A polarização é previsível. O país é retardatário nas reformas. Congresso terá em torno do mesmo percentual de renovação de eleições anteriores…

As históricas coalizões da esquerda, centro e direita do século passado para os dias atuais fracassaram. Assim como fracassou o vanguarda armada dos anos de 1960-1970. Biografias autodestruídas. Só sobrando o que li e vi na coluna de Ruy Castro. Em vez da costumeira crônica pintou um título: “Sacrifício em vão”. Uma única frase: “E tudo para que chegássemos a esses candidatos à Presidência”. Abaixo substituindo o texto, fotografias dos prováveis: meta-ironia das mais impactantes. Mordaz. Soco no estômago. A fotografia desdobrada em decodificações humanas, éticas, políticas, ideológicas…

E assim vamos sonhando nas cidades inteligentes o pesadelo do século XXI. Não é brincadeira minha gente. Mas relaxar ficou mais que difícil. Só se fala em inovação. E daí?

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