Vicente Serejo
Não há sistema de tributação democrático. Desde a Roma dos Césares que é assim. Nem nunca haverá. Os mais fracos sempre pagam mais do que aos mais fortes. O governo mistura salário com renda e lucro e todos acabam como se fossem iguais. É olhar a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Os sindicatos dos trabalhadores sucumbiram, os patronais ficaram mais fortes ainda e o que resta é uma Nação inquieta e hoje entregue ao crivo duro da crise.
As reformas são necessárias, mas foram impostas a partir de um sistema de pânico que teve no neoliberal Paulo Guedes seu grande e destemido mestre de cerimônia. Ele é aquele que taxou os servidores públicos de parasitas e soltou a fera de sua ira contra as empregadas domésticas pelo pecado de sonharem com uma viagem a Miami. Como se ele, Paulo Guedes, não tivesse sido ex-aluno do ensino público, do ginásio até a bolsa de pós-graduação nos EUA.
Vem logo, logo, a reforma tributária. Vamos saber se virá nos protocolos republicamos para cobrar impostos de quem deve pagar, ou se o ministro Guedes, ecônomo insaciável contra os pequenos, manterá a brutal desigualdade de critérios. Hoje, por exemplo, quem ganha um salário mínimo paga, por um quilo de feijão, a mesma alíquota de ICMS de um milionário. A moto de um entregador de pizza o mesmo valor da gasolina que paga o carro de luxo. É justo?
Como advertiu Delfim Neto, o Brasil adotou o neoliberalismo de Paulo Guedes que é o liberalismo deformado, aprofundando desigualdades, ao invés de tentar reduzi-las para evitar a inquietação social que o ex-ministro da economia disse ser preciso evitar. Temos hoje quarenta milhões de trabalhadores informais fora da previdência que se pretende salvar, e quase dois milhões nas filas da previdência social sonhando com a sua pequena aposentadoria. Um caos.
HOJE – É verdade que o litro de querosene de aviação sai de Guamaré, aqui no RN, e chega aos aviões, no Ceará, por um valor menor do que de Guamaré para S. Gonçalo do Amarante?
TÁTICA – O que resta de oposição no plenário da Assembleia quer elevar a isenção de 2,5 salários para três na reforma previdenciária. O governo, hoje com 100% da comissão, deixa?
BRILHO – O antropólogo Mércio Gomes, seridoense de Currais Novos, é o conferencista que hoje abre o ano cultural da Academia Brasileira de Letras, Rio, sobre a moral e ética no Brasil.
RISCO – Com 100% da comissão, a governadora Fátima Bezerra correrá o risco de passar do remédio ao veneno: aprovar a sua reforma da previdência e desaprovar o seu próprio passado.
NÍSIA – Já pousada nas mãos dos leitores do Brasil a bela edição de ‘O Sino e o Relógio’, da Carambaia. É a antologia dos contos românticos do Brasil, com a presença de Nísia Floresta.
QUAL – Para quem deseja saber: o conto selecionado de Nísia Floresta é ‘Fany ou o modelo das donzelas’, de seus inéditos e dispersos, organizados por Constância Duarte, UFRN, 2009.
FIM – Amanhã, sexta-feira 13, encerra o convênio do Banco do Brasil com a ECT, deixando várias pequenas cidades do Brasil sem serviço bancário. Dizem que é para vender os Correios.
SAÍDA – Diante da saída impossível que é injetar, de uma só vez, R$ 300 milhões de reais na folha de pessoal, a solução seria encurtar o tempo de parcelamento como forma de pactuação de uma solução negociada. Mesmo assim não há no Nordeste crise no salário de professores.
EFEITO – E tudo isto acontece diante do aumento de 16,38% das cinco maiores categorias da folha de pessoal do Estado sem que o Executivo e o Legislativo esboçassem qualquer sinal de preocupação. A professora Fátima Bezerra contabiliza um desgaste interno que não imaginou.