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Burlesca e humana

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Michelle Ferret – Repórter

Os fios aparentes do suporte do bigode e o exagero na maquiagem dos atores deixam transparecer não só os vestígios da construção dos personagens como torna-os burlescos. No cenário, painéis se movem formando diferentes ambientações combinando elementos do teatro dos séculos XVII e XVIII, enquanto o colorido do figurino ressalta aos olhos do público que passeia por textos importantes da dramaturgia mundial.

Cláudia Ohana e  Marcos Breda reinventam personagens de clássicos da dramaturgiaÉ essa a atmosfera do espetáculo “Farsa” que traz trechos das obras “Os Faladores” (Cervantes),  “O Urso” (Tchékhov), “O Médico Saltador” (Molière) e “Os Ciúmes de um Pedestre” (Martins Pena) e está em cartaz hoje e amanhã no Hotel Villa Hall ( Hotel Villa do Mar), às 21h.

Relação humana

Os quatro textos tratam do mesmo tema em comum, a relação homem e mulher em suas diferentes óticas. Como contou a atriz Cláudia Ohana para o VIVER, “mesmo sendo dramaturgos que traçam em seus textos a política da época com sátira, o foco da peça é a relação humana. Isso é claro em cenas como o homem que tenta calar a boca da mulher e outra em que um homem perde um duelo”, contou Ohana.

Para a construção dos personagens, os atores participaram de oficinas de palhaço com o grupo “Parlapatões” (SP) e leram sobre bufões, além do aprofundamento nos quatro textos da peça.

“Como o texto traz vários personagens, tivemos que trabalhar fortemente na desconstrução de cada personagem. A troca de roupa é muito ágil no palco, a troca de acessórios, enfim é uma grande brincadeira. A gente usa perucas enormes, roupas coloridas, acessórios diversos para se travestir de outros personagens. Para a composição deles, ainda usamos uma voz diferente. Enfim, me divirto muito”, disse.

Segundo a atriz, atuar textos de dramaturgos importantes na literatura mundial é um desafio. “Todo espetáculo tem um desafio e o que a gente gosta é disso. Mas acredito que o desafio maior de fazer esse tipo de comédia é acreditar realmente nela. Esta é a linha tênue entre a montagem e a interiorização dos personagens. Digo isso, pois é difícil dar o tom da verdade em algo falso”, explicou Cláudia Ohana sobre seu processo de montagem do espetáculo.

Personagens

No desenrolar das histórias, “Os Faladores” conta as peripécias de um falastrão. “O Urso” aborda o relacionamento entre um rude fazendeiro e uma bela viúva. “O Médico Saltador” narra a história de um criado querendo ser médico e “Os Ciúmes de um Pedestre” traz   um capitão-do-mato que mantém enclausuradas em casa, a sua filha e segunda mulher. Com a costura dos textos, o espetáculo passeia por diferentes épocas do teatro  como o teatro russo moderno de  Tchékhov até Molière com sua comédia satírica e de protesto à sociedade francesa, chegando a Martins Pena, considerado o Molière brasileiro.

Em todas as histórias, quem deu o tom dos figurinos foi o conhecido Coca Serpa. Fiel aos locais, mas não às épocas em que se passam as tramas, os figurinos primam pela abundância de formas e cores, tirando partido da teatralidade explícita do espetáculo e explorando os clichês do país de origem dos autores com leques, véus, mantilhas, peinetas, gorros de pele, babados, fitas, rendas, mangas bufantes. O trabalho visagismo assinado por Rose Verçosa acompanha o tom exagerado dos figurinos, abusando das perucas e dos postiços.

Além do figurino e do cenário, a trilha sonora foi especialmente composta por Alexandre Elias e preenche a transição de uma texto para outra.

“A gente canta no espetáculo e é um grande desafio, pois ficamos na frente do pano de boca, enquanto atrás se fazem as trocas necessárias”.

Na visão de Cláudia Ohana, o que mais marca o espetáculo é a união do grupo. “O amor que a gente tem com a peça. Todos nós nos doamos muito para cada segundo desse espetáculo. A peça em si, eu acredito nela, eu acho ela linda”, finalizou Ohana.

Depois de sua estréia nacional  em Porto Alegre, no Theatro São Pedro o espetáculo já fez  turnê por 27 cidades brasileiras e depois  esteve em temporada no Teatro SESC-Ginástico  e Teatro das Artes  no Rio de janeiro,  tendo atingido um público de mais de 60.000 pessoas.

Serviço
Hoje e amanhã. sábado (21h) e domingo (20h),

no Vila Hall (Hotel Vila do Mar).

 Vendas antecipadas na Jogê Lingerie (Natal Shopping 3231 6721) e na Tábua de Carne (3642 1138).

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