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Caixa tem nomes de suspeitos pela violação do sigilo bancário

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ARREPENDIMENTO - Francenildo Costa revela que votou em Lula e afirma que “agora recebe o troco”Brasília (AE) – A Caixa Econômica Federal informou ontem que já identificou a máquina utilizada para o acesso à conta e impressão do extrato do caseiro Francenildo Santos Costa e também o nome dos dois funcionários usuários do equipamento. De acordo com a Caixa, os dois foram ontem mesmo convocados a prestar depoimento na comissão de sindicância interna. Todos os dados reunidos pela investigação feita até o momento, bem como o nome dos dois funcionários, já foram encaminhados pela instituição à Polícia Federal.

A Caixa não informou os nomes dos funcionários sob investigação nem o setor onde foi localizada a máquina. Apesar de toda a pressão que vem sofrendo, a Caixa alegou que não pode divulgar o nome dos funcionários. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, existe todo um rito para a investigação no âmbito administrativo que não pode ser quebrado sob pena de desqualificação de todo o processo.

Na nota oficial a Caixa afirma que a apuração prosseguirá com toda a celeridade possível, “observados os princípios de ampla defesa e do contraditório”. Na nota, a instituição também procura tranqüilizar os clientes alegando que o ato em apuração é um caso isolado que a própria Caixa condena.

Segundo a Caixa, a quebra do sigilo bancário “não ocorreu em suas agências, que continuam prestando todos os serviços com segurança e qualidade”. As informações prestadas pela Caixa em nenhum momento avançam sobre os possíveis mandantes da quebra do sigilo bancário do caseiro que desmentiu, de público, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. “Os funcionários vão depor, inclusive na Polícia Federal e essa questão certamente será colocada”, argumentou a assessoria de imprensa da empresa.

A Caixa rebate a acusação de que há lentidão na apuração interna. Segundo a instituição a portaria instalando a comissão de sindicância saiu na segunda-feira e na terça-feira já foi solicitado o extrato do caseiro à revista “Época”. Na quarta-feira a Caixa já tinha identificado a máquina utilizada para o acesso à conta mas o trabalho de investigação – com cruzamento de sistemas e checagem de horário – que chegou ao nome dos dois usuários só foi concluído na manhã de hoje.

A Caixa explica que o processo está na fase de instrução, quando é realizado a coleta de documentos, diligências e tomada de depoimentos. A fase seguinte é a da elaboração do relatório. É no relatório que estará a penalidade a ser aplicada, no âmbito administrativo, ao funcionário por erro de conduta. A pena pode ser de uma simples advertência, suspensão ou até demissão por justa causa. Qualquer crime detectado na investigação interna, tanto na área civil quanto penal, tem que ser encaminhado à Polícia Federal e Ministério Público para as providências cabíveis.

Ontem, ao comentar a crise que envolve a violação do sigilo do caseiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em curta entrevista, que “não faz sentido” o rumor sobre a saída do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso. Questionado sobre os boatos que circulam em Brasília, Lula respondeu: “Não faz sentido, até porque sou eu quem tem que tomar essa decisão. Quando tiver algo, eu tenho que comunicar”. Indagado se Mattoso havia pedido demissão, Lula disse que não.  O presidente participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e não fugiu à pauta da reunião, que tratou sobre educação.

Francenildo acusa presidente de esconder Antonio Palocci

O caseiro Francenildo Costa afirmou ontem que deveria ser quebrado seu “sigilo eleitoral”. Em seguida, confirmar que votou no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Indagado se votaria de novo, respondeu: “Não. Olha o troco que estou recebendo. Ele (Lula) está escondendo o chefe”, disse Francenildo, referindo-se ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que segundo ele, freqüentava a mansão alugada por ex-assessores do ministro, onde seriam realizados negócios ilícitos.

“Chefe” era como os integrantes da república de Ribeirão se referiam a Palocci na casa localizada no Lago Sul. Sempre que Palocci ia à casa, de acordo com o relato do caseiro ao Estado, os integrantes do grupo de Ribeirão eram alertados por um telefonema de Ademirson Ariosvaldo da Silva, secretário particular de Palocci Segundo Nildo, eles diziam: “Olha, o chefe vem hoje.”

O desabafo de Fracenildo foi feito depois de prestar depoimento por mais de três horas à Política Federal, no inquérito que investiga a quebra do seu sigilo bancário, na Caixa Econômica Federal. Francenildo saiu inconformado com o fato de ter sido ouvido não apenas como vítima, mas também como investigado, sob suspeita de lavagem de dinheiro.

A PF quis saber a origem dos quase R$ 40 mil movimentados na caderneta de poupança de Francenildo, de janeiro até agora, quantia considerada pela PF muito elevada para os padrões de um caseiro. “Faz sentido: a mãe dele é lavadeira”, ironizou o advogado Wlício Chaveiro, que acompanhou o depoimento de Francenildo.

PSDB pede impeachment contra ministro

Brasília (AE) –  O PSDB pediu ontem abertura de processo de “impeachment” contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A denúncia por prática de crime de responsabilidade foi entregue ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a quem cabe agora decidir se o inquérito será ou não aberto pelos deputados. “Espero que ele atue como presidente da Câmara e não como aliado do governo”, afirmou o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), que está no exercício da presidência do partido. “Eu acho que é isso que Goldman tem que esperar mesmo”, respondeu Aldo.

É mais uma ação dos partidos de oposição para afastar o ministro do cargo, desde que se agravaram as denúncias contra ele. O PFL entrou com representação esta semana na Procuradoria Geral da República, alegando também prática de crime de responsabilidade. Já os tucanos optaram por recorrer à Câmara, respaldando-se na lei 1.079, a mesma usada para o “impeachment” do então presidente Fernando Collor. A diferença é que, no caso de ministro de Estado, o julgamento é feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois de o processo ser aberto e aprovado por uma comissão especial e pelo plenário da Câmara dos Deputados. Já o presidente da República é julgado pelo Senado, depois da abertura do processo pela Câmara.

Segundo Goldman, o próprio Aldo Rebelo desconhecia que a mesma lei poderia ser usada para o impedimento de ministros. Por ser uma iniciativa inédita, o presidente da Câmara solicitou pareceres da Procuradoria e da Consultoria da Câmara e preferiu não antecipar sua posição. O PSDB fez três acusações contra Palocci. Na primeira, os tucanos ressaltam que “possivelmente o ministro teria incorrido na prática de crime de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos políticos, individuais e sociais, pois teria se servido de autoridades sob a sua subordinação imediata para praticar abuso de poder”. Cautelosos, deixam como suspeita que o teria se servido de subalternos para quebrar ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

A segunda acusação diz respeito à improbidade administrativa, também prevista na lei 1.079. Nesse caso, o PSDB afirma que Palocci “não se dignou” a responsabilizar seus subordinados nem tomou nenhuma providência contra quem praticou a quebra ilegal de sigilo do caseiro. “O ministro está absolutamente silente desde que ocorreu o episódio envolvendo o caseiro”, disse Goldman que assumiu a presidência do PSDB na ausência do senador Tasso Jereissati (CE), que está no exterior.

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