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Campanha da CNBB começa hoje

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Brasília (AE) – A onda de discussões sobre temas ambientais, iniciada há três semanas com a divulgação de um estudo internacional sobre o aquecimento do planeta, ganha um novo reforço hoje, com o lançamento da Campanha da Fraternidade 2007. Neste ano, a Igreja escolheu como tema “Fraternidade e Amazônia – Vida e missão neste chão”. Pura coincidência. O tema estava definido havia dois anos.

A idéia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é revelar a seus fiéis a realidade da Amazônia, as dificuldades em que vivem seus habitantes e, sobretudo, mostrar como a mudança de hábitos pode trazer benefícios para a região. “A revisão dos padrões de consumo e a ênfase para que governos adotem políticas que proporcionem o desenvolvimento sustentável da Amazônia são uma forma de fraternidade”, diz o secretário-executivo da campanha, cônego José Carlos Dias Toffoli, o padre Carlão.

O texto básico da campanha é um verdadeiro libelo. Traz desde as estatísticas que retratam as desigualdades entre os habitantes da Amazônia e o restante do País à lista das conseqüências nefastas da militarização, do tráfico de drogas, os problemas da ocupação de terra e a disputa por territórios. No trecho sobre os objetivos da campanha, o documento recomenda: “Denunciar as situações que agridem a vida, ameaçam os povos e projetos de dominação que perpetuam modelos econômicos colonialistas”.

Esta é a terceira vez, em 43 anos, que a CNBB aborda um tema ligado a questões ambientais. Em 1979, o lema foi “Preserve o que é de todos” e, em 2004, a água e seu uso racional. Desta vez, no entanto, há uma mescla entre a preservação do ambiente e a necessidade de melhorar as condições de vida da população da Amazônia – uma campanha sócio-ambiental.

O lançamento oficial da campanha será em uma ilha próxima a Belém (PA). Estarão presentes a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a secretária de coordenação da Amazônia, Muriel Saragoussi. Em Natal, a campanha será lançada no dia 3 de março, quando haverá o seminário sobre o tema da campanha. O local e a programação devem ser divulgados pela Arquidiocese nesta semana. “Antes de mais nada, é uma campanha educativa”, avalia Muriel.

Ela observa que, entre seus muitos mitos, o Brasil perpetua o da Amazônia e seu povo. “É preciso ir além do folclore. Há uma relação muito especial entre o homem e a natureza naquela região”, afirma Muriel. “E não há apenas um povo, não é uma Amazônia, são várias: a das águas, a da terra firme, a das cidades.”

Para Muriel, o tema da campanha representa mais do que uma coincidência. É um importante aliado num momento em que o meio ambiente passou a ser tratado como a pedra no sapato para o desenvolvimento. “Desenvolvimento não é sinônimo de obra. É muito mais que isso. E é algo que tentamos colocar em prática, por exemplo, com o projeto da BR-163.”

O texto da CNBB faz coro ao discurso de Muriel: “Mesmo sabendo que as populações da Amazônia precisam de estradas, de energia, de comunicação, preocupa-nos que as prioridades de investimento sejam direcionadas aos interesses do capital. A abertura de estradas não pode continuar estimulando o aumento do desmatamento, a invasão das terras indígenas e o incentivo à grilagem. As barragens não podem continuar significando remoção de povoados inteiros , alagamento de vastas áreas de florestas, ocupações de terras. As hidrovias não podem trazer o desequilíbrio ambiental, o assoreamento dos rios, o prejuízo à fauna e à flora aquática”.

A coordenadora da ONG WWF-Brasil, Denise Hamu, elogiou a iniciativa da CNBB. “A Igreja tem uma influência, uma capilaridade muito grande. E a mensagem pode não só alertar para a importância da preservação da região, mas despertar o orgulho dela.” Denise observa que o País precisa encontrar variáveis inovadoras para o desenvolvimento e despertar para o fato de que meio ambiente não é entrave, mas uma oportunidade.

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