quinta-feira, 18 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Canto do povo quer voz

- Publicidade -

Ramon Ribeiro
Repórter

De um lado, o coral Canto do Povo, fundado em 1988 e formado por servidores públicos concursados. Do outro, a Camerata de Vozes do RN, grupo surgido em 2012, a partir de dissidentes do primeiro. Os dois são vinculados ao Governo do Estado e foram organizados pelo regente Padre Pedro Ferreira, que depois de dois anos à frente da Camerata, deixou a regência do coral para se dedicar a produção de um livro.
Camerata de Vozes foi comandada pelo maestro Pedro Pereira desde sua criação. O gestou deixou o cargo este ano
Desfalcado depois da criação da Camerata, o Coral do Povo está  praticamente parado – atualmente são 13 efetivos, quando o mínimo deveria ser 45 vozes, segundo o ato normativo que o criou. Além disso, os integrantes se sentiram escanteados, tendo que ir atrás de locais para ensaios e apresentação. Para regência, foi escolhido o coralista Janilson Batista, que ficou à frente do coral até o final do ano passado. Insatisfeitos com a situação, integrantes do coral acionaram o Ministério Público do RN para denunciar a forma como os corais públicos do Governo do Estado vinham sendo conduzidos.

Dentre vários pontos analisados, o MP-RN constatou que a Fundação José Augusto (FJA), responsável pelos corais, não possui os cargos indispensáveis para a estruturação dos dois arranjos de vozes – no caso, um arquivista-copista e um de preparador vogal. Com esse fato, e, tendo em vista a impossibilidade de contratação de novos membros, por o Estado estar acima do limite prudencial, o MP-RN recomendou a FJA a reunião do Coral Canto do Povo e Camerata de Vozes em um único arranjo de voz.

A recomendação foi publicada no último dia 2 de março, no Diário Oficial do RN, e trazia outros tópicos. Como a “disponibilização de local adequado para a realização de ensaios do coral unificado, sobretudo, no que atine à acústica”; “o controle de assiduidade dos coralistas e do cumprimento do cronograma de apresentações”; e “a instauração de devido processo disciplinar em caso de ocorrência de falta funcional, mormente no que atine à ausência injustificada”.

Integrante do Coral Canto do Povo há 11 anos, a soprano Leciana de Oliveira conta que o desejo dos coralistas é o de buscar melhores condições de trabalho. “Somos concursados, pagos pelo contribuinte, o coral não pode ficar encostado”, diz, garantindo que os próprios coralistas buscaram saídas para poder ensaiar e se apresentar, cumprindo o expediente semanal, que atualmente a reuniões no turno da noite.

Se rotina
“Quando a Camerata foi criada, não fomos informados, foi tudo por debaixo do pano. Ficamos largados”, lembra. “A criação da Camerata deixou capenga os dois corais, tanto que os dois estão trabalhando com convidados para completar a equipe”. A Camerata tem se apresentado com 38 vozes em média. Mas apenas 20 são integrantes efetivos.

Para a coralista, a fusão dos dois corais em apenas um resolve a questão, mas ela não sabe se de fato haverá essa junção. “Existe um mau estar, mas não foi a gente que criou essa situação. A Camerata não é ideia nossa. Independente disso, somos todos profissionais e precisamos trabalhar. Se tiver que cantarmos juntos, vamos cantar”, diz.

Nome mais cotado para assumir a regência da Camerata no lugar do Padre Pedro, Tércia de Souza vê a Camerata funcionando bem. Ela diz que não viveu a situação do Canto do Povo e por isso prefere não opinar sobre o outro coral. “A Camerata é legalizada e está funcionando normalmente, ensaiando, se apresentando. Não vejo sentido em mudar isso, juntar os dois corais”, conta.

Primeiras providências

Diretor Adjunto da Fundação José Augusto (FJA), o artista visual Iaperi Araújo reconhece que a situação dos corais é delicada, mas ele garante que todos no órgão estão empenhados em buscar a melhor solução para o caso. O adjunto contou que a FJA já se reuniu com o MP-RN e que algumas providências já estão perto de serem tomadas, mas a questão da junção dos corais será tratada pessoalmente pela diretora geral fundação, a professora Isaura Amélia Rosado. Licenciada para resolver assuntos familiares, ela não pode falar com o VIVER.

“Sobre o local de ensaio, já estamos adaptando a agenda do Teatro de Cultura Popular (Tirol) para estar disponível para os coralistas. Foi solicitado um teclado para os ensaios, estamos indo atrás disso. A quantidade mínima de 10 apresentações também já estamos nos organizando para viabilizar. Outro ponto é a nomeação de um coordenador musical e de coral, vamos articular uma maneira para atender a tópico também”, disse o adjunto Iaperi. “Com a fusão dos corais a solução para alguns pontos será unificada. Mas essa uma questão que só será discutida quando Isaura chegar. A oficialização da fusão cabe a ela”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas