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Cantos da Ribeira

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GRUPO - Los Hermanos

Verão em Natal é praia, e acabou, certo? Nem sempre. Descendo a ladeira rumo ao bairro da Ribeira está fervilhando com  uma programação cultural que merece a atenção de quem gosta de se divertir com qualidade, seja no teatro ou num show de rock. Para quem já começa a sair mais cedo, o grupo Clowns de Shakespeare reestréia um de seus mais premiados espetáculos, a peça “Muito Barulho por Quase Nada”, hoje, às 21h; saindo da seara teatral e aumentando o volume, prossegue a maratona de shows do Circuto Rock DoSol, que traz nesta sexta, o gaúcho Wander Wildner, criador do chamado “punk-brega”; no sábado, o espaço Show Bar recebe os aguardados Los Hermanos, banda que está de CD novo e no auge de sua popularidade no Brasil; e no TAM, o veterano Chico Anysio mostra seu habitual humor inteligente no show “Eu conto, vocês cantam”. O bronze e o banho de mar podem ficar muito bem para depois…

O mestre dos mestres do humor

“Eu conto, vocês cantam”, espetáculo de Chico Anysio que será apresentado em sessão única neste sábado, no Teatro Alberto Maranhão, só poderia ser mesmo uma junção de música e humor, como sugere seu título. Dirigido por André Lucas (um dos muitos humoristas descobertos por Chico), o show é essencialmente interativo, um encontro do artista e público, conduzido pela música e pelo humor sagaz de um humorista com 57 anos de estrada.

Chico, além de fazer rir, quer dar à platéia o prazer de cantar. O repertório do show reúne 17 canções, sucessos de gente como Lulu Santos, Roberto Carlos e Caetano Veloso. O humorista convoca o público a cantar com ele, ao mesmo tempo em que conta as piadas e as histórias que fizeram dele um dos mestres do humor brasileiro. No show, Chico comenta a personalidade do povo do Rio de Janeiro, do povo de Minas, do brasileiro em geral.

No palco, os recursos cênicos de “Eu conto, vocês cantam” é dos mais econômicos: apenas um microfone e um banquinho (modo que sempre se apresentou), e o papo inteligente com a platéia. A partir daí, ele se transforma em vários de seus muitos personagens, e exibe o talento  de contador de histórias nato. A apresentação tem aproximadamente uma hora e meia de duração. Esse é o 17º espetáculo de Chico Anysio, e é considerado um dos seus
melhores shows de carreira.

O tempo do show é até pouco para que Chico Anysio possa exibir tudo que aprendeu de seu tempo de palco e televisão. Nascido em Mamanguape, interior do Ceará, foi convidado para integrar o elenco da TV Globo em 1969. E daí não parou mais. Consagrou-se um dos maiores humoristas do Brasil, através de programas como “Chico Anysio Show”, “Chico City”, “Estados Unidos de Chico City”, “Chico Total” e “Escolinha do Professor Raimundo”. Atualmente, fez participações no “Zorra Total” e no “Sítio do Picapau Amarelo” (como o Dr. Saraiva). Durante 36 anos, foi líder de audiência na rede Globo – cujo contrato atual vai até 2009.

O punk romântico de Wander Wildner

O som é rock barulhento, porém melódico, e as letras derramam-se em lamúrias românticas ao melhor estilo “dor-de-corno”. É brega. Mas também é punk. Foi assim que o gaúcho Wander Wildner escreveu seu nome na cena alternativa nacional, e assim ele se apresenta na segunda noite do festival Circuito Rock DoSol, sexta, na Ribeira. A noite será aberta pela local Montgomery, com suas referências indie 80 e 90, além de uma jam session especial só de clássicos do rock nacional.

Wander Wildner começou na lendária banda punk gaúcha Replicantes (a mesma dos under hits “Surfista calhorda” e “Hippie-punk-rajneesh”), e há dez anos se lançou em carreira solo. Já gravou os discos “Baladas sangrentas” (97), “Buenos dias” (99), “Eu sou feio…mas sou bonito” (2001), “No ritmo da vida” (encartado na revista “Outracoisa”), e o mais novo, a coletânea “Dez anos bebendo vinho”, que compila todos os sucesso do cantor, além de ter alguns vídeo clipes inclusos.

Em dez anos “bebendo vinho” e tocando, o rei (e até agora único representante) do brega-punk possui um repertório extenso de hits que fará o povo cantar e pular, como “Empregada”, “Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo”, “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”, “Eu acredito em milagres”, “Freira desalmada”, “Lugar do caralho”, “O sol que me ilumina”, “Quase um alcoólatra”, “Sonho de verão”, “Ustê”, “Milonga para um homem de pocos dentes”, entre outras.

O punk romântico e bagaceiro vez por outra invade os grandes escalões do rock nacional. Vide a regravação da sua “Bebendo vinho”, pela banda Ira!. A última aparição de Wildner na grande mídia foi na regravação do “Acústico MTV Bandas Gaúchas”, que rolou com alta rotatividade naquela televisão e popularizando ainda mais o artista gaúcho. Cantando o amor meloso com muitas guitarras altas, o punk gaúcho está pronto para as altas paradas de sucesso.

É MPB ou é rock and roll? Talvez por ser um pouco de cada um, o quarteto Los Hermanos seja esse atual fenômeno de popularidade, um dos nomes mais aclamados entre crítica e público da seara pop moderna no Brasil. É em pleno auge de sua carreira que os cariocas voltam a Natal, em show neste sábado, a partir das 22h, no espaço Show Bar, Ribeira. Na mesma noite, também se apresentam os locais SeuZé e a banda Orquestra Boca Seca. Novas formas de mostrar brasilidade estarão no palco.

A banda está em plena turnê de divulgação de seu novo álbum, o polêmico “4”, onde as fronteiras entre a MPB e o rock melancólico se mostram cada vez mais embaçadas e experimentais. O set list do novo show – cujo início da turnê é bem recente – entremeia boa parte das canções do novo disco, com outros sucessos mais antigos. Entre as músicas que serão ouvidas, estão “Dois barcos”, “Primeiro andar”, “Pierrot”, “Descoberta”, “Onze dias”, “Quem sabe”, “Anna Júlia”, “O vento”, “Condicional”, “Morena”, “Cara estranho”, “Além do que se vê”, “Conversa de botas batidas”, “Fez-se mar”, “Todo carnaval tem seu fim”, “Sentimental”, “O vencedor”, “A flor”, entre uma ou outra surpresa.

A banda foi criação dos estudantes universitários Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, em meados dos anos 90; antes, tocavam um hardcore de letras românticas (Emo?). Em seguida, foram sofisticando os arranjos e inserindo melodias e ritmos do samba – o que virou uma marca registrada da banda logo adiante. Nessa fase, já estavam na formação o tecladista Bruno Medina e o baterista Rodrigo Barra. Quando a famosa (e ao mesmo tempo odiada) “Anna Júlia” estourou nas paradas, o grupo já era conhecido no underground carioca. Hoje, quatro álbuns depois, despertam uma devoção parecida com a de algumas bandas dos anos 80. E também há quem não goste…

Los Hermanos. Sábado, a partir das 22h, no Show Bar, Ribeira. Preço: R$15 (pista, nas Yellow Vídeo) e R$20 (camarote, no restaurante Bella Natal). Tel.: 3207-4885.

Um Shakespeare adaptado

Uma das comédias locais mais aplaudidas dentro e fora dos palcos natalenses, o espetáculo “Muito barulho por quase nada”, do grupo Clowns de Shakespeare,  volta hoje (sexta-feira) nesta temporada de janeiro na Casa da Ribeira, às 21h. A peça, dirigida por Fernando Yamamoto e Eduardo Moreira, destaca na volta ao palco da cidade, o lançamento em CD de sua trilha sonora (composta por Marco França). A música é executada ao vivo pelos atores.

“Muito barulho…” é uma livre adaptação da obra – quase –  homônima do dramaturgo inglês William Shakespeare, “Muito barulho por nada”. Os integrantes buscaram subverter a narrativa, evitar regionalismos, e conservar o tom crítico e irreverente da obra, costurando diálogos cômicos. Portanto, a peça conta a história de dois amores: a romântica paixão de Cláudio e Hero, e a destrambelhada troca de farpas entre Benedito e Beatriz. Tudo se passa na casa do senhor Leonato, um patriarca viúvo que faz de tudo para ver sua sobrinha Beatriz e sua filha Hero casadas.

Os amores são vítimas, no entanto, de um plano maquiavélico de Don John, irmão bastardo do príncipe Pedro. Ele prepara uma emboscada para Cláudio que, iludido, vê sua amada o traindo às vésperas do casamento. A peça mostra uma história passional de conquistas, desilusões, amores e brigas. O figurino quinhentista, assinado por João Marcelino, completa a trama cômica e trágica. 

“Muito barulho por quase nada” estreou em 2003, marcando a reabertura da Casa da Ribeira à época. Com a aprovação de crítica e público, seguiu numa turnê bem sucedida por 12 cidades, de cinco estados do país, como Mossoró, Caicó, Maceió, Garanhuns, Ouro Preto, Diamantina, Belo Horizonte, Fortaleza, e Nova Olinda. Em Guaramiranga (Ceará), o grupo participou de um festival competitivo e arrebatou seis prêmios.

Muito Barulho Por Quase Nada. Sexta, às 21h, na Casa da Ribeira. Preço: R$14 (inteira) e R$7 (estudante). Tel.: 3211-7710.

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