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Cardeais defendem choque de gestão

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Roma (BBC-ABr) – Não se espera que o novo papa rompa com a visão da Igreja Católica sobre o divórcio, o aborto ou relações entre pessoas de mesmo sexo. Mas o tom da discussão entre os cardeais às vésperas do conclave é de mudança, segundo vaticanistas. “Os cardeais estão descontentes com a administração da igreja. O Vaticano está em meio a muitos escândalos, como Vatileaks (documentos confidenciais do Vaticano vazados à imprensa) e a recente renúncia do cadeal escocês (Keith O’Brien, que admitiu ter assediado sexualmente jovens padres)”, disse o vaticanista americano Robert Mickens, em entrevista à BBC Brasil. Em Roma acompanhando o conclave, o autor do livro The Vatican Implosion (A Implosão do Vaticano) diz que neste momento os cardeais ainda buscam “o candidato certo”.
Arcebispo de Milão, Angelo Scola é citado pelos jornais italianos  como favorito ao Trono de São Pedro
O anúncio do Vaticano de que o Conclave terá início nesta terça-feira, se deu em um dia de garoa e céu encoberto em Roma. Dentro do Vaticano, na chamada Congregação Geral, o tempo parece ter clareado, e haveria transparência nas discussões, segundo relatos da reunião vazados à imprensa italiana.

A pressão é por uma reforma na Cúria. O corpo administrativo da igreja foi, nos últimos tempos, permeado por escândalos de ordem financeira e sexual. A perda de controle da situação teria motivado a renúncia de Bento 16. “A discussão sobre tudo isso foi franca, embora fraterna”, relatou o jornal La Stampa, sobre a reunião de sexta-feira. “Vários cardeais de peso têm abordado a questão sem rodeios, pedindo informações sobre o Vatileaks, falando sobre a necessidade de uma mudança de direção na gestão da Cúria e do Secretário de Estado desde o último período”.

Segundo o autor do texto, o vaticanista Andrea Tornielli, quem quer que seja o eleito, o novo papa não poderá ignorar a pressão de reforma, mesmo que seja um candidato ligado aos cardeais da atual Cúria, as quais não interessaria as reformas.

Quanto tempo durará o conclave? “Será um conclave rápido”, arrisca o vaticanista Giacomo Galeazzi, em conversa com a BBC Brasil. “Depois de tanto escândalo, a Igreja vai querer mostrar união e os cardeais vão tentar escolher um papa o mais rápido possível”, disse. A opinião de Galeazzi, no entanto, não é consensual. Robert Mickens diz que “será um conclave mais longo do que os últimos”. “Não há candidatos realmente favoritos. Eles levarão tempo para chegar a um nome, em meio às divisões entre os cardeais próximos à Curia e os que querem reforma”, disse.

O conclave que elegeu Bento 16 durou apenas dois dias, mas à ocasião o então cardeal Joseph Ratzinger exercia grande liderança entre seus pares e era visto como um dos favoritos. A expectativa também era de um papado curto, após três décadas de João Paulo 2 no poder. O contexto agora é diferente. O certo, no entanto, é que a duração do conclave ou o nome do papa são apenas especulações. Os dois vaticanistas ouvidos pela reportagem dizem que Dom Odilo Scherer, de São Paulo, é um candidato com grande potencial.

O cardeal brasileiro é membro do comitê do IOR (Instituto de Obras da Religião), o nome oficial do Banco Vaticano. Ele teria trânsito entre a Cúria e é latino-americano, com ascendência alemã. O jornal La Repubblica publicou artigo dizendo que neste momento, no entanto, o favorito entre os cardeais é Angelo Scola, arcebispo de Milão.

Vaticano tenta anular rumores sobre divisões

Cidade do Vaticano (AE) – O Vaticano tentou reprimir a especulação de que divisões entre cardeais poderiam prolongar o conclave para eleger o novo papa, enquanto os preparativos para o voto prosseguiram com funcionários do corpo de bombeiros instalando a chaminé da Capela Sistina que sinalizará ao mundo quando a decisão for tomada. Mas o espectro de uma inconclusiva primeira de algumas rodadas de votações secretas manteve-se elevado, sem um favorito claro para a eleição que começa na terça-feira e uma longa lista de cardeais tentando discutir os problemas da Igreja antes da votação. “Você não tem absolutamente sua opinião formada” para o conclave, disse nesta semana o cardeal norte-americano Justin Rigali, que participou do conclave que elegeu em 2005 Bento 16. “Você tem as suas impressões.”

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, fez questão de salientar, neste final de semana, que a decisão quase unânime dos 115 cardeais eleitores foi que terça-feira seria a data de início do conclave e que nenhum conclave no século passado demorou mais de cinco dias. “Eu acho que é um processo que pode ser realizado em poucos dias, sem muita dificuldade”, afirmou.

Embora a votação inicial provavelmente vá apresentar a nomeação de um amplo número de candidatos, as rodadas subsequentes vão reduzir gradualmente o campo rapidamente para aqueles candidatos que tem maior probabilidade de obter os dois terços, ou 77, dos votos necessários para  a vitória, acrescentou o porta-voz. “O processo de identificação dos candidatos que podem receber o consenso e sobre quem os cardeais podem convergir pode se mover com notável velocidade”, disse Lombardi.

O Vaticano capricha nos preparativos: no sábado, dentro da Capela Sistina, operários pregaram um carpete de feltro marrom sobre o piso falso que foi construído para nivelar as escadas e cobrir o equipamento de interferência instalado para impedir o uso de celulares ou aparelhos de espionagem.

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