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Carlos Ghosn renuncia

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Carlos Ghosn, executivo mais forte da Nissan por 16 anos, decidiu se concentrar na aliança com a Renault e Mitsubishi Motors, que ele pretende alçar ao topo da indústria automotiva global.
Nascido no Brasil, Ghosn se dedicará mais à Renault e Mitsubishi
O franco-libanês-brasileiro de 62 anos cedeu a direção executiva da Nissan a Hiroto Saikawa, mas continuará presidente do conselho administrativo. Nesse posto, vai continuar a supervisionar e orientar a empresa.

Ghosn, que nasceu em Porto Velho (RO), permanece como CEO da francesa Renault, cuja transformação não está completa, e também dirige o conselho administrativo da Mitsubishi Motors, que ele salvou no ano passado de uma verdadeira tormenta.

“Há um momento em que temos de ser realistas sobre o que fazemos e o que podemos fazer de melhor, este é o fator decisivo”, explicou na sede da Nissan em Yokohama.

“Chega um momento em que você tem que passar o bastão para outra pessoa. Sempre disse que queria que um japonês me sucedesse e faz muitos anos que eu preparo Saikawa-san”.

Esta pequena revolução, que será efetivada no início de abril, é o culminar de um processo iniciado no final de outubro, quando a Mitsubishi Motors juntou-se à aliança Renault-Nissan.

Saikawa, presente no grupo desde 1977, foi promovido a co-CEO. Ele agora exercerá sozinho o cargo de chefe executivo, sob a orientação de seu mentor.

Ghosn tem muito trabalho a fazer, e a Nissan está muito bem, enquanto as outras ainda precisam de sua ajuda.

Esta é uma página que se vira para Carlos Ghosn, enviado ao Japão pela Renault em 1999 para reestruturar a Nissan e designado CEO em 2001. Apelidado de “cost killer” (“eliminador de custos”), transformou um grupo à beira da falência em uma empresa muito rentável, com vendas anuais de € 100 bilhões, o que lhe rendeu notoriedade global.Até mesmo o CEO de sua grande rival Toyota, Akio Toyoda, elogiou seu trabalho, dizendo esperar “continuar a beneficiar de sua força para o bem da indústria automotiva”. “Esta mudança planejada vai me permitir dedicar mais tempo e energia para gerenciar o desenvolvimento estratégico e operacional da aliança e sua expansão”, ressaltou Ghosn.

A agenda de Carlos continuará lotada, dividida entre Japão, França e os mercados automotivos estratégicos (Estados Unidos e China em particular).

No Japão, com um olho na Nissan (grupo com 152 mil empregados), Ghosn quer reconstruir a Mitsubishi Motors (30 mil funcionários).

Na França, mantém plenos poderes na Renault (120 mil trabalhadores) e planeja alcançar um volume de negócios de € 70 bilhões até 2022.

À frente da aliança, nascida em 1999, agora ele sonha com a liderança mundial do setor, mesmo afirmando não ser esta a prioridade, preferindo focar economias potencialmente decisivas em uma indústria com margens de lucros baixas.

O conjunto – que inclui também o primeiro fabricante russo Avtovaz (Lada), em grande dificuldade, que começa a se reerguer – com 9,86 milhões de veículos em 2016, aproximando-se da americana General Motors (10 milhões de unidades), em terceiro lugar atrás da Volkswagen (10,3 milhões de unidades) e Toyota (10,18 milhões).

Os grupos estão ligados por participações cruzadas: Renault detém 43,4% do seu parceiro japonês Nissan e 15% da empresa Billancourt. Além disso, soma-se os 34% na Mitsubishi que garantem à Nissan a condição de acionista.

Carreira

Ghosn está entre os presidentes de empresa mais bem pagos do Japão, país onde os salários dos executivos são inferiores aos dos Estados Unidos ou Europa.

De família francesa e libanesa, ele nasceu em Porto Velho (RO) e era vice-presidente da Renault quando assumiu o comando da Nissan em 1999. A montadora japonesa acumulava uma dívida de U$S 20 bilhões e estava à beira da falência.

Pela primeira vez a presidência de uma montadora japonesa passava a ser de um estrangeiro. O brasileiro demitiu 21 mil trabalhadores, quase 14% da força de trabalho, fechou fábricas e reduziu o número de fornecedores. Dez anos depois, Ghosn assumiu também a presidência da Renault, sem deixar a direção da Nissan.

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