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Carmem Caballero: “Não foi um pesadelo, aconteceu”

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DOR - Familiares das vítimas mandam recados para as autoridadesSão José do Rio Preto (AE) – Depois de 24 dias de sofrimento, a professora Carmem Caballero não resistiu e desabou. Abaixou-se e de joelhos, caiu em prantos depois de jogar rosas vermelhas sobre o caixão da mãe, a professora aposentada da Unesp Maria Elizabete Silva Caballero, 65. Carmem ainda tinha diante de si, os caixões das filhas Julia Elizabete, 14 anos, e Maria Isabel, 10. Ao ver os caixões das filhas descerem a cova, Carmem precisou ser amparada pelo marido, Luiz Carlos Pereira e pelo pai, Alejandro Cabalero, mas teve forças para mandar beijos e jogar flores brancas.

As três morreram quando voltavam das férias pelo vôo da TAM e foram enterradas juntas nesta sexta-feira, no cemitério Jardim da Paz, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Foi mais um capítulo encerrado para a família, vítima do maior desastre aéreo do País. Horas antes, ainda de manhã, Carmem conseguiu falar com a imprensa, como sempre fez, de forma elegante e tranqüila, desde que descobriu que as filhas e a mãe estavam no Airbus da TAM.

Mas já não era mais a mesma. Na única entrevista que concedeu no dia, não conseguiu terminou de falar tudo que queria. Porém, teve tempo de mandar um recado para as autoridades brasileiras. “Não foi um pesadelo, tudo isso realmente aconteceu”, afirmou Carmem aos jornalistas na Paróquia Santa Rita, onde os corpos foram velados.

A paróquia, por sinal, passou a ser o refúgio dela para agüentar o choque de perder a mãe e as duas filhas de forma tão trágica. “Desde que ficou sabendo da perda das meninas, ela se recolheu à igreja, onde disse ter sentido paz. Para ela, esse acidente deveria servir para as autoridades cuidarem melhor da estrutura dos aeroportos, pois se houvesse uma pista maior, com espaço para escape, o acidente poderia ter sido evitado”, conta o padre Salvador Aparecido dos Santos, que rezou a missa de despedida da avó e netas, assistida por 800 pessoas que se emocionaram quando alunas do Colégio São José, homenagearam as colegas de classes Maria Isabel e Julia, emocionando a todos.

Os corpos chegaram às 7 horas e durante três horas, a igreja foi fechada para que os parentes pudessem se despedir. Às 10 horas foi aberta para ao público. Carmem recebeu cumprimentos de estudantes e amigos e às 11 horas deu a entrevista, na qual comentou: “Tive muito medo, não dormi direito, desejando que minhas filhas e minha mãe pudessem estar voltando vivas, e que tudo não passasse de um pesadelo, mas não foi nada disso. Todos têm que saber que isso não foi um pesadelo, tudo isso realmente aconteceu”, afirmou Carmem.

MP denuncia controladores militares por crime de motim

Brasília (AE) – O Ministério Público Militar ofereceu ontem denúncia à Justiça Militar contra seis controladores do tráfego aéreo que paralisaram o País no dia 30 de março. Cinco controladores militares foram enquadrados por crime de motim e podem pegar de quatro a oito anos de reclusão e, por isso, podem ser expulsos da Força Aérea. São eles: os suboficiais Luiz Marques, Florivaldo Salles e José Tadeu Tavares; o 1º sargento Roberto César Pinto Pereira; e o 2º sargento Welington Fábio Lima da Rocha.

Um controlador de tráfego aéreo civil, Marco Aurélio de Carvalho Espíndola, também foi enquadrado, só que por incitamento à desobediência, podendo pegar de dois a quatro anos de prisão.

O processo no MPM foi analisado com base no Inquérito Policial Militar (IPM), aberto pelo Comando da Aeronáutica, para avaliar as circunstâncias em que ocorreu a paralisação do tráfego aéreo e a participação dos militares no processo e a identificação das suas lideranças.

A 11ª Circunscrição da Justiça Militar analisará a denúncia e poderá acatá-la ou rejeitá-la. Se acatá-la, os controladores serão denunciados e o processo terá andamento.

No IPM aberto em novembro, quando houve a primeira paralisação dos controladores, a promotora da Justiça Militar Ione de Souza Cruz requereu ao juiz-auditor da 11ª CJM o arquivamento do inquérito instaurado para apurar supostos crimes cometidos por militares em atividades de controle de tráfego aéreo.

Durante as investigações, a promotora chegou a identificar algumas práticas que poderiam configurar crime, como a conspiração, o incitamento à desobediência, a ofensa às Forças Armadas e a violação de sigilo funcional. Contudo, não foi possível apontar autoria para tais crimes.

Presidente do STJ apoia juizados especiais

São Paulo (AE) – O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho de Justiça Federal (CJF), ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, confirmou que a instalação dos Juizados Especiais Federais nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília será debatida na pauta de julgamentos da sessão ordinária do CJF, marcada para o dia 31 de agosto. Ele apóia a iniciativa proposta pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas ressalta que a solução para a crise aérea depende de mudanças estruturais no setor.

“A instalação dos juizados especiais é uma maneira de atenuar os problemas que ocorrem com os usuários do nosso sistema aeroviário. Mas estamos atacando os efeitos, quando na verdade, o que precisa ser enfrentado são as causas geradoras da crise, como problemas de planejamento e de infra-estrutura”, afirmou o presidente do STJ. Esta informação foi divulgada pelo site www.stj.com.br.

O ministro disse que é importante o Judiciário participar e contribuir para a solução da crise, mas, em sua opinião, a atuação dos juizados especiais federais nos aeroportos será muito restrita, pois seu âmbito de competência abrange apenas as entidades envolvidas na esfera federal, no caso a União, a Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A Comissão que está discutindo a criação dos juizados especiais nos principais aeroportos do país é presidida pelo coordenador-geral da Justiça Federal, ministro Gilson Dipp, do STJ. A idéia é que os juizados especiais possam resolver conflitos entre passageiros, empresas aéreas e órgãos reguladores e fiscalizadores.

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