Valério Mesquita
Escritor
01) Nos bons tempos do carnaval natalense, o vereador Severino Galvão, autentico representante do bairro do Alecrim, lançou uma linda moça candidata a rainha do carnaval. O gordo e eterno rei momo Paulo Mauz, ficou encantado com tanta beleza. Mas havia um problema: a bela jovem era do Alecrim. Os clubes de elite, tais como, América, Assen, Aero Clube, ABC, não aceitavam perder para uma plebléia. Severino Galvão foi a loucura. O segredo da sua reeleição estava em jogo. Os contrários diziam que a menina era de menor. Na Justiça, Severino provou que só faltava dois meses para a maioridade. O secretário da Segurança e da Ordem Social Rodolfo Pereira deu causa ganha ao Alecrim. O povo se aglomerou na praça do relógio. Na lage do Kitandinha, Severino Galvão, segurando um documento, bradava: “Tenho em mãos a liberação que o doutor “Rodolfo deu”! Salve a nossa rainha! Viva o Alecrim!”.
02) O vereador Altivo Paiva (MDB), trocava de companhia como se troca de camisa. Num desses rodízios, engrampou-se com Amélia, cabocla valente feito cobra choca. Em Mossoró, era fase de “assustados carnavalescos” e o edil festeiro disse em casa que iria a importante reunião do partido. Estava tudo pré-acertado. Num clube da cidade, a turma já o esperava com as respectivas “gatas”. A cerveja e os amassos rolavam. Passava da meia-noite quando Altivo avistou, ao longe, Amélia que o procurava pressurosamente no salão. Alguém, todavia, o dedurou. Vendo que ela caminhava em sua direção e, no mínimo viraria a mesa, Altivo bradou em alto e bom som: “Salve-se quem puder! Lá vem a minha mulher!”. O vereador desceu os degraus de três em três. Amélia não conseguindo alcançá-lo, voltou e soltou a macaca: virou a mesa, distribuiu tapas, bordoadas e impropérios.
03) Em certa sessão do Tribunal de Contas, antes do período momesco, ao final, presidida pelo conselheiro Renato Costa Dias, este desejou aos presentes “um carnaval tranquilo com responsabilidade”. Comentário imediato do seu colega Tarcísio Costa: “Só se for embriagado, dormindo”.
04) Fim de carnaval, em São Gonçalo, todo mundo pegava a estrada de volta proveniente das praias. Um conhecido e erudito vereador da área rural comentava com um amigo: “O carnaval foi ótimo. Passei ‘um pitu’ na mulher e me mandei pro litoral. Tudo isso é bom pra recarregar as baterias. Mas, amigo”, continuou o edil, “o pior de tudo é o retorno. Esse trânsito é uma ‘verdadeira falta de absurdo’”. Hirohito me contou que ele já ganhou três vezes o troféu mobral e já pleiteia uma vaga de controlador de vôo no futuro aeroporto.
05) O prefeito de Angicos, Pedro Moura de Vasconcelos, anos 1960, instalou um serviço radiofônico com cerca de 20 alto-falantes espalhados pela cidade. A discoteca era de fazer inveja às emissoras de rádio de Natal. Entrava no ar às 18 horas e funcionava até as 21:30. Qualquer música que fosse sucesso logo o prefeito mandava buscar na capital. Chegou o carnaval com as famosas marchinhas. Ruy Rey fazia sucesso com uma música cuja letra dizia: “Eu tenho uma vaca leiteira. Dá leite de toda maneira…”. A juventude pedia a mensagem musical até 20 vezes ou mais, por noite. Numa esquina morava o eterno candidato a vereador José Barbosa, mais conhecido por Zé Doido. Colado no muro do Zé haviam instalado uma potente “boca de ferro”. Quando o locutor anunciava “Momentos de Saudade”, Zé Barbosa se deleitava. Porém, a marcha da vaca já estava lhe aborrecendo. Certa noite, depois de ouvi-la por mais de 10 vezes, Zé Doido foi até o estúdio e perguntou ao locutor: “Geraldo, me mostre aí esse disco da vaca leiteira”. O rapaz atendeu. O perturbado ouvinte ofertou: “Dez cruzeiros”, e quebrou o disco em vários pedaços. Após o pagamento retirou-se. A história se espalhou. Por onde Zé Barbosa passava a meninada gritava: “Olha a vaca leiteira!”. Zé se desmanchava em impropérios, começando com o menino terminando com a genitora e demais parentes.
