Anthony Medeiros
Repórter
Os números dispostos pelo CCZ são frutos de um sistema de monitoramento que recebe, em tempo real, as notificações emitidas por unidades médicas da rede pública e privada. Os números finais levam em consideração todos os casos prováveis, retirando os “descartes”, que correspondem aos diagnósticos inicialmente atribuídos às arboviroses, mas depois relacionados a outro tipo de doença.
Nas oito primeiras semanas de 2019 foram 526 casos de dengue, 55 de Febre Chikungunya e 14 de Zika Vírus. Já em 2020, foram 902 de dengue (um crescimento de 71,5%); 156 de Chikungunya (uma flutuação de 183,6% a mais) e 10 de Zika (redução de 28,6%). De acordo com o chefe de Controle de Zoonoses de Natal, Alessandre Medeiros, o aumento é apontado pelas fortes chuvas que atingem a capital potiguar desde o início do ano. O especialista aponta que o início do ano, em razão das condições climáticas, é tradicionalmente onde é notado aumento de casos. “O crescimento é mostrado, geralmente, entre a quinta e sétima semana do ano. O pico de epidemias aparece em abril e, após isso, começa a cair”, explica.
As arboviroses são comuns em regiões de clima tropical, e o termo caracteriza as doenças que são transmitidas por artrópodes (insetos e arbovírus). Ao todo, existem mais de 500 espécies de arbovírus e 150 deles causam doenças em seres humanos. No entanto, a expressão tem sido utilizada para designar, especialmente, as doenças que são transmitidas pelo Aedes aegypti, como o Zika vírus, febre Chikungunya e a dengue.
Ainda de acordo com chefe de Controle de Zoonoses da capital, atualmente Natal vive uma “situação de risco”. O especialista atribui a um subtipo do vírus da Dengue que voltou a circular no RN, algo que não ocorria desde 2008. A presença do sorotipo 2 da doença, aliado ao período chuvoso, o qual favorece à proliferação do Aedes, pode contribuir para um surto da doença no estado nos próximos meses. “Temos um grupo de pessoas que nunca tiveram a dengue 2. Esse grupo é considerado vulnerável. Por isso, redobramos as ações nessas áreas de vulnerabilidade”, aponta o especialista.
Monitoramento
O Centro de Controle de Zoonoses monitora Natal utilizando o método de “armadilhas de oviposição”. Tais armadilhas são compostas por um pote preenchido com água e contendo uma palheta. O intuito da estrutura é simular o ambiente natural de reprodução do vetor, atraindo fêmeas para que sejam depositados ovos. Semanalmente, agentes de endemias da CCZ recolhem as palhetas e quantificam a quantidade de ovos que lá foram depositados. A partir disso, é feita uma análise de risco que, segundo o chefe de Controle de Zoonoses, Alessandre Medeiros, aponta onde é preciso ter ações de intervenção de forma mais enérgica para o combate ao mosquito. “As armadilhas ficam instaladas a cerca de um metro e meio do chão. Num período de alta densidade vetorial, como o início do ano, chegamos a captar 2 mil ovos em uma única palheta”, aponta o especialista.
A CCZ atua em duas frentes. Semanalmente, os agentes visitam imóveis com alta densidade vetorial como borracharias e sucatas. Por lá, são eliminados os focos e fazendo tratamento preventivo. A outra forma é através da visita do agente aos imóveis, efetuando a borrifação em áreas que o monitoramento por armadilhas identificou quantidade significativa de ovos.
Além do monitoramento semanal, um banco de dados é alimentado e informa áreas de persistência, que são áreas que, historicamente, apontam grandes quantidades de focos do mosquito, como é o caso dos bairros de Nossa Senhora da Apresentação, Igapó e proximidades (na zona Norte); pontos isolados da zona Leste, porém com manchas significativas; e zona Oeste como um todo. “Além das ações citadas, ainda dispomos de mobilização social para fazer a articulação com a comunidade, buscando sensibilizar para a eliminação dos focos”, afirma Alessandre, lembrando que o maior número de focos, a nível global, aparece em residências.
De acordo com Alessandre Medeiros, as áreas onde são registradas o maior número de ovos nas armadilhas, na série histórica, também são as que apontam maior número de casos das arboviroses. “Há uma sobreposição entre os mapas de monitoramento”, explica. O especialista aponta que já existem evidências que serão publicadas em trabalho científico que confirmam estudos que afirmam que em áreas de alta densidade vetorial (verificadas com o monitoramento pelas armadilhas), dentro de duas a três semanas eu existe o registro de notificação de arboviroses naquela área. “É o tempo do ovo virar adulto”.
manter sempre limpas as vasilhas de água de animais de estimação;
– não acumular lixo, depositando para o recolhimento apenas no dia adequado;
– estar sempre limpando calhas;
– podando folhas;
não descartar pneus e outros tipos de acumuladores em terrenos baldios;
NOTIFICAÇÕES DE ARBOVIROSES EM NATAL EM 2019/2020:
2019:
Dengue: 526
Chikungunya: 55
Zika: 14
2020
Dengue: 902 (+71,5%)
Chikungunya: 156 (+183,6%)
Zika: 10 (-28,6%)
*8 primeiras semanas.
BAIRROS EM RISCO DE
ARBOVIROSES EM NATAL:
1º Pajuçara 102
Planalto 102
3º Felipe Camarão 82
4º Nossa Sra da Apresentação 81
5º Lagoa Azul 76
6º Pitimbu 52
7º Neópolis 43
8º Potengi 38
Alecrim 38
10º Quintas 36