sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Casos de arboviroses já somam 1.068 em Natal

- Publicidade -

Anthony Medeiros
Repórter

O número de notificações de arboviroses nas primeiras oito semanas do ano em Natal praticamente dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados obtidos pela TRIBUNA DO NORTE junto ao Núcleo de Análise em Risco de Saúde do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), foram 595 notificações nos meses de janeiro e fevereiro de 2019 contra 1.068 em 2020, um crescimento de 79,49%. Do grupo de doenças causadas por arbovírus e transmitidas pelo Aedes aegypti, a chikungunya apresentou maior salto percentual, com crescimento de 183,6% no período. No entanto, o aumento em número absoluto foi maior em relação à dengue, com 376 notificações da doença registradas a mais que no ano passado.

As armadilhas de oviposição servem para medir índice de infestação e determinar ações nas áreas onde são encontrados maior número de ovos do mosquito em monitoramento de agentes

Os números dispostos pelo CCZ são frutos de um sistema de monitoramento que recebe, em tempo real, as notificações emitidas por unidades médicas da rede pública e privada. Os números finais levam em consideração todos os casos prováveis, retirando os “descartes”, que correspondem aos diagnósticos inicialmente atribuídos às arboviroses, mas depois relacionados a outro tipo de doença.

Nas oito primeiras semanas de 2019 foram 526 casos de dengue, 55 de Febre Chikungunya e 14 de Zika Vírus. Já em 2020, foram 902 de dengue (um crescimento de 71,5%); 156 de Chikungunya (uma flutuação de 183,6% a mais) e 10 de Zika (redução de 28,6%). De acordo com o chefe de Controle de Zoonoses de Natal, Alessandre Medeiros, o aumento é apontado pelas fortes chuvas que atingem a capital potiguar desde o início do ano. O especialista aponta que o início do ano, em razão das condições climáticas, é tradicionalmente onde é notado aumento de casos. “O crescimento é mostrado, geralmente, entre a quinta e sétima semana do ano. O pico de epidemias aparece em abril e, após isso, começa a cair”, explica.

As arboviroses são comuns em regiões de clima tropical, e o termo caracteriza as doenças que são transmitidas por artrópodes (insetos e arbovírus). Ao todo, existem mais de 500 espécies de arbovírus e 150 deles causam doenças em seres humanos. No entanto, a expressão tem sido utilizada para designar, especialmente, as doenças que são transmitidas pelo Aedes aegypti, como o Zika vírus, febre Chikungunya e a dengue.

Ainda de acordo com  chefe de Controle de Zoonoses da capital, atualmente Natal vive uma “situação de risco”. O especialista atribui a um subtipo do vírus da Dengue que voltou a circular no RN, algo que não ocorria desde 2008. A presença do sorotipo 2 da doença, aliado ao período chuvoso, o qual favorece à proliferação do Aedes, pode contribuir para um surto da doença no estado nos próximos meses. “Temos um grupo de pessoas que nunca tiveram a dengue 2. Esse grupo é considerado vulnerável. Por isso, redobramos as ações nessas áreas de vulnerabilidade”, aponta o especialista.

Monitoramento
 O Centro de Controle de Zoonoses monitora Natal utilizando o método de “armadilhas de oviposição”. Tais armadilhas são compostas por um pote preenchido com água e contendo uma palheta. O intuito da estrutura é simular o ambiente natural de reprodução do vetor, atraindo fêmeas para que sejam depositados ovos. Semanalmente, agentes de endemias da CCZ recolhem as palhetas e quantificam a quantidade de ovos que lá foram depositados. A partir disso, é feita uma análise de risco que, segundo o chefe de Controle de Zoonoses, Alessandre Medeiros, aponta onde é preciso ter ações de intervenção de forma mais enérgica para o combate ao mosquito. “As armadilhas ficam instaladas a cerca de um metro e meio do chão. Num período de alta densidade vetorial, como o início do ano, chegamos a captar 2 mil ovos em uma única palheta”, aponta o especialista.

A CCZ atua em duas frentes. Semanalmente, os agentes visitam imóveis com alta densidade vetorial como borracharias e sucatas. Por lá, são eliminados os focos e fazendo tratamento preventivo. A outra forma é através da visita do agente aos imóveis, efetuando a borrifação em áreas que o monitoramento por armadilhas identificou quantidade significativa de ovos.

Além do monitoramento semanal, um banco de dados é alimentado e informa áreas de persistência, que são áreas que, historicamente, apontam grandes quantidades de focos do mosquito, como é o caso dos bairros de Nossa Senhora da Apresentação, Igapó e proximidades (na zona Norte); pontos isolados da zona Leste, porém com manchas significativas; e zona Oeste como um todo. “Além das ações citadas, ainda dispomos de mobilização social para fazer a articulação com a comunidade, buscando sensibilizar para a eliminação dos focos”, afirma Alessandre, lembrando que o maior número de focos, a nível global, aparece em residências.

O serviço de cobertura da capital potiguar conta com 342 agentes de saúde nas atividades. “O número é suficiente. O monitoramento de área de riscos age, justamente, na otimização de recursos humanos”, aponta o  chefe de Controle de Zoonoses do município.
Natal tem 10 bairros com maior risco

O CCZ Natal também monitora, por zonas e bairros da capital, onde foram registradas as notificações de arboviroses. Nas oito primeiras semanas do ano,  os bairros de Pajuçara (zona Norte) e Planalto (zona Oeste) registraram 102 notificações cada.   O quantitativo de cada bairro corresponde a 9,52% das 1.068 ocorrências do início do ano.  Ao todo, 10 dos 36 bairros estão em risco das arboviroses: além dos dois primeiros, Felipe Camarão (82 notificações);  Nossa Senhora da Apresentação (81); Lagoa Azul (76); Pitimbu (52); Neópolis (43); Potengi (38); Alecrim (38); e Quintas (36) completam a lista.

De acordo com Alessandre Medeiros, as áreas onde são registradas o maior número de ovos nas armadilhas, na série histórica, também são as que apontam maior número de casos das arboviroses. “Há uma sobreposição entre os mapas de monitoramento”, explica. O especialista aponta que já existem evidências que serão publicadas em trabalho científico que confirmam estudos que afirmam que em áreas de alta densidade vetorial (verificadas com o monitoramento pelas armadilhas), dentro de duas a três semanas eu existe o registro de notificação de arboviroses naquela área. “É o tempo do ovo virar adulto”.

Prevenção
Medidas contra a proliferação do Aedes Aegypti
lavar sistematicamente depósitos de água e tampar de maneira adequada, sem brechas;

manter sempre limpas as vasilhas de água de animais de estimação;

– não acumular lixo, depositando para o recolhimento apenas no dia adequado;

– estar sempre limpando calhas;

– podando folhas;

não descartar pneus e outros tipos de acumuladores em terrenos baldios;

NOTIFICAÇÕES DE ARBOVIROSES EM NATAL EM 2019/2020:

2019:
Dengue:     526

Chikungunya:     55

Zika:     14

2020
Dengue:     902 (+71,5%)

Chikungunya:     156 (+183,6%)

Zika:     10 (-28,6%)

*8 primeiras semanas.

BAIRROS EM RISCO DE

ARBOVIROSES EM NATAL:

1º Pajuçara     102

Planalto     102

3º Felipe Camarão     82

4º Nossa Sra da Apresentação     81

5º Lagoa Azul     76

6º Pitimbu     52

7º Neópolis     43

8º Potengi     38

Alecrim     38

10º Quintas     36

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas