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Castigo

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Vicente Serejo
Agora lembrei de buscar, no cascalho da memória, um velhíssimo adágio do imaginário português que condena os de inteligência pouca e de brilho pardo: “Quem nasceu burro peça a Deus que o mate e ao Diabo que o carregue”. Digo comigo, quando vejo que alguém com o dinheiro de um apartamento de dimensões comuns e os gordos lucros de uma pequena loja de chocolates compra uma mansão de seis milhões de reais, de vastos cômodos e de bela figura. 
Não pense, Senhor Redator, que é por despeito. Reclamo de mim mesmo. Ora, não tive a ideia de botar uma loja de chocolates. Não precisava ser de chocolates belgas e suíços, se para tanto bastaria, como parece, de chocolates brasileiros. Nascidos do doce cacau da Bahia e que hoje já chega aos mercados da Europa. Seria hoje um homem, não digo rico, mas dono de uma vida despreocupada, liberta desses malditos produtos ditos brutos, internos, externos, sei lá…
Tenho acompanhado, triste e macambúzio, o belo exemplo de empreendedorismo do senador Flávio Bolsonaro. Principalmente tenho seguido os passos dos invejosos que teimam em lançar suas dúvidas recalcitrantes sobre a compra de uma casa de apenas seis milhões de reais. Ora, como se um senador da república, dono de uma pequena loja de chocolates e casado com uma dentista certamente bem sucedida, não pudesse morar numa casa boa e bem vistosa.
É tão grande a inveja que até chamam de mansão. Essas almas rastaqueras não sabem que ter amplos jardins, quadra de esportes, piscina, sauna e um terraço gourmet, não é novidade em Brasília. Nas mansões públicas ou privadas da península do Lago de Paranoá. A inveja não acaba nunca no coração frio dos homens. A Côrte apenas mudou de lugar. Saiu do Rio de Janeiro e foi para o Planalto Central. O que muda numa mansão, mais ou menos, em Brasília?
Depois, convenhamos, os jovens são assim, destemidos. Essa coisa de medo não cabe na alma da juventude. Admito, pode ser chato olhar uma casa que se compra com sacrifício filmada nas asas de um drone, exposta nas entranhas, entrâncias e saliências. O político paga esse preço de não ter direito a esconder sua mansão. As redes sociais calculando o valor do seu poder aquisitivo, como se em Brasília, desde a fundação, alguma coisa tenha sido transparente.
Fica, pois, assentado neste livro de registro dos deveres e haveres da pobre condição humana, que é injusto acusar um senador da república de ter uma mansão em Brasília por ter apenas uma pequena loja de chocolates. É negar o mérito do empreendedorismo, quem sabe, que aprendeu no Sebrae, o engenho e a arte de multiplicar peixes e pães. Que sobre o incrédulo caia o velhíssimo esconjuro, aquela maldição que vem da noite medieval: Vade-retro Satanás!  

BEQUE – Os adversários, pressurosos, ainda não notaram que a governadora Fátima Bezerra plantou na Controladoria Geral um beque de espera. Atacante tem que ser bom para driblá-lo. 

DETALHE – Pedro Lopes, o controlador geral, é simples, nada ostenta, mas é auditor de carreira, concursado, e sabe da vida financeira do Estado. Da arrecadação às despesas correntes.
CHATO – O discurso do nosso feminismo não muda. É o mesmo há anos e anos. As mesmas feministas dizendo as mesmas coisas. Fomos modernos com Nísia Floresta. Há século passado.
ALIÁS – A julgar pelo que foi visto, lido e ouvido, a sensação é de fadiga intelectual aguda das nossas ideias. Ou ergue-se o novo para o debate ou nossas feministas nos matarão de tédio. Ufa!
PESTE – O poeta Carlos Gurgel completou um ano de autoexílio, no seu próprio quarto, como a viagem de 42 dias de Xavier de Maistre. Mas sairá da reclusão com um novo livro de poemas.

FEBRE – E seu novo livro reflete esse tempo pestilento e sombrio, com um título que denuncia a dor do mundo: “Féretro da Febre do Fim”. Mas só deverá ser lançado quando a peste passar. 
OLHO – Foi o olho de Margareth Grilo, desta TN, que salvou esta coluna ao desconhecer a naturalidade potiguar de Regina Azevedo entre as 29 poetisas da antologia de Heloísa Buarque. 
AGORA – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, olhando a cena da pandemia, com o Coronavírus, e do pandemônio, com Lula candidato em 2022: “A Lava Jato foi a peste da peste”. 
LUTA – Apesar dos resmungos, muitos com razão, afinal há uma ameaça real à sobrevivência, o RN ficou na melhor colocação no isolamento total do domingo, além dos 55%. Basta a boa consciência. É resistir para o bem de todos. E basta só não acreditar nos delírios bolsonáricos.    
QUIXOTE – O hoje ministro Fábio Faria nasceu rico e vitorioso, mas não nota o risco de voltar à sua terra como um cavaleiro de triste figura. Sua opulência oficial não deixa que ele exerça o mandato como um privilégio nascido do voto e feito para a defesa de uma vida digna para todos. 
RIDÍCULO – O autoritarismo toma conta do posto da Caixa Econômica no Campus da UFRN. O cliente é obrigado a tirar ficha manuscrita para ter acesso ao ticket eletrônico de atendimento presencial, no caixa. E ainda tenta intimidar com seus guardas corpulentos a quem não aceitar. 
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