Apesar da aparente limpeza percebida ao andar pelas principais avenidas da zona urbana de Ceará-Mirim, o lixo doméstico e acúmulo de folhas e galhos de árvores tomam conta de calçadas à medida que se afasta do centro. Isso está acontecendo devido à irregularidade no recolhimento desse material, há cerca de 2 meses. Os moradores reclamam não só do descaso em relação à limpeza da cidade, mas também da falta de médicos para atendimento no hospital, de medicamentos e educadores nas escolas públicas. A população de Ceará-Mirim está insatisfeita com a falta de atenção que o poder público tem dado à cidade após a eleição.
O auxiliar administrativo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Ceará-Mirim (Sinte-RN), Márcio Roberto, que reside no centro da cidade, reclamou do abandono pelo qual a cidade está passando. “Eu pego o lixo da minha casa e levo para lugares afastados porque não dá para deixar aqui na porta esperando que um carro de lixo passe. Às vezes o lixo apodrece devido à demora. Já faz mais de uma semana que o carro do lixo não passa por aqui, e é porque eu moro no centro da cidade”.
Descaso pior vivem os moradores da Favela do Vale do Amanhecer. Por não terem condições de possuir uma moradia digna, mais de 100 famílias vivem como podem, em barracos que sequer têm banheiro. Com oito anos de existência, o Vale do Amanhecer coloca em perigo a saúde das crianças que brincam pelo lixo nas proximidades dos barracos. Lixo este, que por se apresentar em grande quantidade chega a causar mau cheiro.
Ana Maria Félix, 36, dona-de-casa, moradora da favela há um ano, explicou que o caminhão para recolher esse material, só passa até a metade do Vale, mais na frente, os moradores precisam queimar, ou simplesmente deixar o lixo amontoar.
Além da sujeira acumulada pela cidade, Márcio Roberto informou que, algumas escolas estão sem professor, e portanto, alunos sem aula, porque o contrato dos professores que não são concursados não foi renovado. “Após a eleição a cidade ficou abandonada. Para você ter noção de como a população está incomodada, na semana passada, moradores do Bairro do Carrasco colocaram lixo fechando a rua como forma de protesto”.
A dona-de-casa Fabiana Araújo, 29, também se queixa dos problemas que a cidade vêm enfrentando após a eleição. “É um absurdo. O caminhão do lixo deveria passar por aqui três vezes durante a semana. Às vezes ele passa, outras não, e também acontece de percorrer umas ruas e outras não”. A dona-de-casa reafirma a crise na saúde, explicando que no último domingo uma conhecida foi ter filho no Hospital Municipal Percílio Alves, mas teve que ser levada para Natal, sem sequer passar pelo encaminhamento de algum médico, porque não havia ninguém para atendê-la.
A equipe de reportagem procurou a direção do hospital, na manhã de ontem, para esclarecer os fatos, mas não teve acesso porque o diretor do hospital fazia parte, no momento, de uma equipe cirúrgica.
