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Cena de guerra urbana volta a assustar Natal

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VIOLÊNCIA - TV mostra cenas de confronto entre policiais e torcedores

Anarquia, trânsito interrompido, crianças e mulheres chorando, correndo sem direção; pais aflitos com expressão de medo, homens sem ação, apenas tentando proteger sua família. Enquanto uns procuram abrigo em meio ao corre-corre, outros se aventuram no trânsito confuso numa fuga desesperada. Ouvisse a todo instante estouros de bombas, explosivos, tiros; soldados cumprindo o seu dever contra os “pró-terrorismo”, gritos, agonia.

É guerra! E em Natal. Quem estava acostumado com imagens fortes, cenas de violência apenas pela televisão nos conflitos armados do PCC ou étnicos e religiosos mundo à fora, foi surpreendido anteontem, nas imediações do Machadão, logo depois do jogo entre América e Paysandu – pelo Campeonato Brasileiro da Série B – com um cenário real de terror, bem semelhante ao que se ver, mas não se sente, na telinha.

Delinqüentes juvenis, que se infiltram nas torcidas organizadas dos clubes do Estado, em especial, ABC e América, voltaram a atacar sem limites. No papel de proteger a população e conter a violência, a Polícia Militar foi obrigada a usar a força – único método capaz de conter os mais exaltados. “Disfarçados” no meio da multidão, os vândalos acabaram envolvendo gente que não tinha nada com a história e viraram alvo da truculência da PM.  

De acordo com o capitão da PM, Júlio César Vilela, apenas dois adolescentes foram presos durante a batalha entre torcedores da Máfia Vermelha – do América – e a polícia. “O que houve foi uma dispersão da massa”, disse o capitão, que afirmou ainda encontrar duas situações que dificultam a prisão dos delinqüentes: a menoridade da maioria – os que são detidos acabam sendo liberados em seguida – e a falta de provas, já que raramente aparece alguém para prestar queixa contra os suspeitos durante os conflitos de rua.

Por outro lado, quando a PM prende os delinqüentes em conflitos ainda dentro do estádio as providências são tomadas, tudo de acordo com o Estatuto do Torcedor. “Já têm alguns torcedores que foram proibidos de entrar no estádio, conforme a lei. Estes devem comparecer à delegacia no dia do jogo”, explicou o Coronel da PM, Araújo Lima, que considera os delinqüentes envolvidos nos conflitos urbanos de torcidas, vítimas de uma realidade social que assola o País desde sempre.

“É a nossa juventude de hoje. Tudo isso é reflexo de uma falta de acompanhamento dos pais. É uma questão que envolve educação, cultura e o meio em que eles vivem”, destacou o PM. A lei prevê sanções aos pais das crianças e adolescentes infratores. “Como a maioria destes jovens que se infiltram nas torcidas organizadas são de menor, os pais são responsáveis pela conduta dos filhos”, disse o Coronel.

MP tomará novas medidas antiviolência

Surpreso com mais uma cena de guerra urbana provocada por delinqüentes que se infiltram nas torcidas organizadas para propagar o terror em Natal, o promotor Marco Aurélio afirmou que o Ministério Público vai reunir a comissão multidisciplinar – formada para combater a violência dentro e fora dos estádios, entre outras ações – na próxima semana para tomar novas mediadas contra os infratores e torcidas.

“Já temos uma reunião marcada para a semana que vem, onde devemos discutir mais este caso e tomar novas medidas”, confirmou o promotor. A comissão multidisciplinar é composta por membros do MP, além das polícias, civil e militar, clubes e FNF.

Ainda de acordo com Marco Aurélio, o MP orienta a polícia para que todos os delinqüentes infratores sejam levados à Delegacia para que possam ser tomadas as medidas necessárias. “É preciso prender todos os infratores e não apenas dispersar. Prendendo e fichando cada um fica mais fácil a identificação. Com isso, esse adolescente pode sofrer as punições previstas em lei, inclusive, em casos mais graves, com privação de liberdade. Alguns já estão proibidos de ir aos estádios”, esclareceu o promotor.

A diretoria do América, por sua vez, contesta qualquer ato de violência e também se diz surpresa com o cenário de terror de anteontem. De acordo com Ricardo Bezerra, diretor de futebol do clube, pode ter havido provocação por parte dos integrantes da torcida rival – ABC. “Eu não vi a confusão porque estava no vestiário. Mas, deve ter tido o incentivo de alguém. Era um jogo de uma só torcida. E quando acontece isso, geralmente, não há conflitos. Contra o Paysandu, quem foi ao Machadão pôde ver algumas faixas de torcidas do ABC. Por isso, eu acho que possa ter acontecido provocações, já que há uma rivalidade muito grande”, destaca.

Efeito ioiô atormenta o América

Bastou um dia infeliz, onde o principal defeito apontado pelo treinador Roberval Davino foi a falta de tranqüilidade em alguns lances, para o América voltar a situação em que se encontrava antes de conquistar a primeira vitória fora de Natal. Surpreendido pelo Paysandu, no Machadão, onde não perdia desde 15 de abril (2 a 1 Paulista), o Alvirrubro, para não ver a vantagem de realizar dois jogos seguidos em casa na 23ª e 24ª rodadas eliminada , terá de arrancar pontos do Brasiliense, adversário do próximo sábado no estádio Boca do Jacaré.

“Foi o jogo de um time só, nós tivemos o domínio, mas, nesta partida, em particular, sentimos falta dos jogadores mais experientes, com frieza suficiente para saber aproveitar as oportunidades surgidas, que tivesse também tranqüilidade para buscar a melhor alternativa de jogada contra um adversário extremamente fechado”, salientou Davino.

O ataque que vem sendo apontado como o ponto mais fraco da equipe não sofrerá mudanças profundas por falta de opções. Barata, contratado para tentar resolver o problema de falta de gols, ainda não tem condições de estrear. O atleta acha que só estará pronto para atuar num prazo de 15 dias, pelo fato de ter atuado pela última vez no dia 5 de abril contra o Flamengo, no Maracanã, pela Copa do Brasil.

Também não será possível contar com o lateral esquerda Vainer e com o meia Souza, duas peças consideradas importantes no esquema americano. O primeiro ainda vai necessitar de mais dez dias de tratamento para se livrar das dores no púbis, já Souza tentou se exercitar e voltou a reclamar das dores na coxa esquerda.

A boa notícia, por sua vez, fica pelo retorno da dupla Magal e Paulo Isidoro, que não enfrentou o Paysandu devido a suspensão pelo cartão vermelho recebido contra o Ituano.

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