Embora lamentem o desrespeito e excesso mostrado pelos colegas de profissão brasileiros, durante o protesto na solenidade de recepção aos médicos estrangeiros realizadas na última segunda-feira, dia 26, em Fortaleza (CE), não afetaram o ânimo dos profissionais. Os estrangeiros classificam a reação como “política e direcionada ao alvo errado”.
O episódio foi classificado como “lamentável” pelo coordenador pedagógico, Frederico Fernandes. Embora muitos tenham ficado, inicialmente, “amedrontado pela ação truculenta, não abalou o desejo de trabalhar e cooperar com essa população hoje desassistida no país”, disse.
“Como médico, posso entender o protesto. Mas se eles (os médicos brasileiros) estão insatisfeitos, não concordam com as autoridades que fizeram o programa, eu penso que é com essas autoridades que eles devem protestar”, frisa o boliviano Roberto Paz Soruco, que fez faculdade de medicina e trabalhou em Madrid, na Espanha, onde morava. E ressalta que veio ao Brasil atendendo a uma proposta de trabalho feita pelo Consulado brasileiro na Espanha, por meio da Escola de Médicos.
Casado com uma das médicas brasileiras também inscrita no programa, Soruco é um dos nove médicos que virá para a capital. “As expectativas são as melhores. E faremos, com os recursos que temos o melhor que podemos”, disse.
Para o italiano Biadene, a forma de expressar a insatisfação dos médicos foi exagerada. “Eu me senti desrespeitado. Mas a maioria da população aprova o programa e os médicos estrangeiros”, afirma.
Questionado sobre a possibilidade de se submete ao Revalida (exame para validação do diploma de medicina emitido por universidades estrangeiras), uma das reivinicações da categoria no Brasil, o espanhol Jesus Estevez se disse contrários, enquanto o boliviano com título na Espanha, Soruco, e o italiano Biadene cogitam o processo, futuramente, mas são categóricos: “não é isso que vai mudar o meu trabalho”.
