Paris – As centrais sindicais francesas e as associações estudantis convocaram ontem uma nova greve nacional para o dia 28 em protesto contra o chamado Contrato de Primeiro Emprego (CPE), lei que reduz os direitos trabalhistas para incentivar a contratação de jovens. As entidades conclamaram também a população a participar, hoje e quinta-feira, de novas manifestações pelas ruas das principais cidades do país. Elas haviam lançado no fim de semana um ultimato ao primeiro-ministro Dominique de Villepin para que revogasse a lei.
Mas o chefe do governo insistiu em sua proposta de diálogo para melhorar o texto, aprovada recentemente pela bancada governista que controla o Parlamento francês. A decretação da greve foi uma resposta ao que os líderes estudantis e centrais sindicais classificam de “intransigência” do primeiro-ministro. Os que se opõem ao CPE sustentam que ele viola a legislação trabalhista francesa ao dar ao empregador o direito de despedir o funcionário passados dois anos da assinatura do contrato, definidos como teste pela lei, sem nenhuma justificativa ou indenização.
A greve vai abranger os setores público e privado. Mas isso não significa uma paralisação total do país. Setores essenciais vão funcionar, embora parcialmente, caso dos transportes coletivos. Villepin passou o dia tentando restabelecer o diálogo. Reuniu-se, pela manhã, com um grupo de líderes estudantis.
Posteriormente, manteve contatos com representantes de médias e grandes empresas que decidiram apoiar a lei. Também o presidente Jacques Chirac voltou a defender abertura de um “diálogo construtivo para melhorar o CPE”. Apesar da convocação da greve nacional, Villepin mostrava-se hoje otimista com os contatos que manteve. “É preciso dar uma chance ao CPE – um primeiro contrato de emprego melhorado pode responder às preocupações de cada um”, disse. Já o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, adversário de Villepin na postulação de uma candidatura à presidência da França, manteve a mesma discrição do início da crise. Indagado sobre se Villepin deve revogar a lei limitou-se a dizer: “É uma questão que cabe ao primeiro-ministro decidir”. Desde a semana passada que a França convive com distúrbios provocados pelo governo que pretende cortar direitos trabalhistas.