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Centro de romarias

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Josineide Silveira de Oliveira e  Louize Gabriela Silva de Souza
Colaboradoras

No cimo do monte, o cruzeiro reluz.

E sobre o altar, a Santa Senhora

Relembra o fluir de graças e luz.

Qual brinde do céu, a fé redentora.

Eis o refrão do hino oficial da Padroeira do Monte do Galo, centro de romaria localizado no munícipio de Carnaúba dos Dantas/RN. Ornada por serrotes e vales a pequena cidade do Seridó venera aquele que, por um rosário de testemunhos de graças alcançadas, institui-se pela fé como lugar sagrado. No mais alto dos serrotes a natureza estendida arquitetou, pelas sucessivas camadas de rochas, um monte/templo sobre o qual se contam de mistérios e sublimidade. Em tempos longínquos, tropeiros que trafegavam pela região diziam ouvir, advindo do monte, o canto de um galo, mesmo sendo desabitadas aquelas paragens. Nos idos de 1800, vaqueiros da Fazenda Baixa Verde, de propriedade de seu Antônio Dantas, na labuta com rebanhos igualmente propagam a narrativa da audição do canto da ave que acorda às manhãs.

À melodia da aurora se junta a exuberância da flora selvagem, e de juazeiros, angicos e facheiros extraiam-se remédios. Também registram os antepassados que do primeiro aclive de subida brotava um olheiro de água que servia para cura das doenças de pele. As histórias de benção e milagres foram se espalhando e aquele recanto passou a ser considerado um lugar onde a vitória das curas sobre os males do corpo e da mente podia ser propagada. Tornaram-se fartos os testemunhos de bem-estar feito por pessoas que acorriam ao local.

O lugar, considerado sagrado pelos moradores e transeuntes da região recebeu, em 25 de outubro de 1928, um Cruzeiro símbolo da vitória de Cristo sobre a morte. No ano de 1930, na mesma data, inaugura-se a capela para abrigar a imagem de Nossa Senhora das Vitórias, doada por Pedro Alberto Dantas como reconhecimento de um milagre recebido. A doação da imagem deveu-se ao cumprimento de uma recomendação feita pela própria virgem a seu Pedro, quando se encontrava na região Amazônica para trabalhar no ciclo da borracha e foi acometido pela febre “Beriberi”. Entre a vida e a morte, durante o estado febril, o agraciado relata que uma mulher aproximou-se dele e advertiu: “se queres viver, volta a tua terra natal o quanto antes; leva contigo uma imagem minha”. Sarado da moléstia, o sobrevivente foi a Belém do Pará à procura de uma imagem condizente com a sua visão da senhora. Ao encontrar o vulto semelhante, e o vendedor não sabendo como se chamava, atribui-lhe o nome de Nossa Senhora das Vitórias. Durante anos o objeto numinoso permaneceu no altar doméstico da família, sendo transferido para o Monte apenas por ocasião da construção da capela.

A devoção no Monte do Galo congrega romeiros potiguares, de outros estados do Brasil e até do exterior. João Batista Dantas, seu Leleu, atual administrador do complexo religioso dá conta de que mais de 120 mil pessoas passam anualmente por aquele santuário esculpido pela natureza, no qual Nossa Senhora das Vitórias se faz remédio e segurança para os que nela confiam.

Todos os anos, à véspera do dia 25 de outubro, feriado religioso consagrado à padroeira do Monte, muitas caravanas chegam à praça do bairro Dom José Adelino e adentram a capelinha de Nossa Senhora do Socorro encravada ao pé do Monte. Durante toda a noite, romeiros e comerciantes misturam-se à semelhança de um formigueiro humano, sobem e descem o estreito acesso ao recinto sagrado. Ao levante do sol a oração se faz festa. Renova-se a alma. No olhar e na voz dos romeiros um misto de gratidão e esperança é desperto e fortalecido a cada visita ao Santuário das Vitórias.

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