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Chances de Tsunami no RN são nulas

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Isaac Lira – Repórter

O possível tsunami em Natal, alardeado na imprensa nacional e nas redes sociais no último domingo, não passou de um “tsunami midiático”. A constatação é do coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN, Joaquim Ferreira Mendes, que concedeu entrevista coletiva para explicar o fato. Segundo Joaquim, nunca houve ameaça real de tsunami na costa potiguar, mas um mal entendido publicado na internet, que gerou uma série de boatos pela cidade. As chances de uma “onda gigante” em Natal num futuro próximo são praticamente nulas.

Às 10h08 do último domingo, houve um tremor de terra na “crosta oceânica”, ou seja no fundo do oceano atlântico, a 1.277 quilômetros do costa do Rio Grande do Norte. Contudo, um site de notícias da internet publicou a informação como sendo a 1,2 quilômetro de Natal. A diferença de mil quilômetros entre a informação falsa e a informação real foi suficiente para mobilizar autoridades e internautas. O Corpo de Bombeiros recebeu ligações de pessoas preocupadas com a notícia, além da consulta oficial da Defesa Civil do Município sobre a situação. O alarde chegou a fixar horário para a chegada da onda gigante em Natal: 13h30. Somente com o auxílio do professor Joaquim Ferreira o equívoco foi desfeito.

Além da distância divulgada de forma incorreta, as características dos movimentos de placas tectônicas no oceano atlântico tornam muito improvável a existência de um tsunami em Natal. No Japão ou na Cordilheira dos Andes, o movimento de placas é vertical. As bordas das placas tectônicas fazem pressão uma contra a outra, provocando movimentos que repercutem na superfície. No caso do tremor de domingo no Oceano Atlântico, as placas em questão são a africana e a sul americana. Como elas estão em um processo de afastamento, a probabilidade de um movimento vertical é quase nula. O movimento ocorrido domingo na verdade foi horizontal, o que não provoca tsunami.

Mesmo se tratando de um falso alarme, o Corpo de Bombeiros manteve o seu efetivo de prontidão durante boa parte do domingo, de acordo com o coronel Carlos Kleber Barbosa, diretor de Engenharia e Operações  do Corpo de Bombeiros. Segundo o professor Joaquim Ferreira, não há como prever ou se preparar para uma catástrofe como um tsunami ou um terremoto. “Existem algumas medidas paliativas, mas não há como prever algo dessa natureza, principalmente quando as cidades estão próximas do epicentro”, diz Joaquim, sempre ressaltando ser praticamente impossível um tsunami em Natal.

Contudo, um abalo sísmico forte o suficiente para afetar o litoral potiguar seria sentido antes da onda gigante, segundo o professor Joaquim Ferreira, pela própria população. “Em uma situação como essa, nem é preciso um alerta oficial. A própria natureza se encarrega de avisar, porque haveria tremores nos prédios mais altos, por exemplo. Isso por si só deixaria a cidade em alerta”, explica.

O registro sobre o tremor de terra na crosta oceânica do Oceano Atlântico foi divulgado pelo serviço geológico do Estados Unidos (USGS). O Brasil, segundo o professor Joaquim Ferreira, ainda não tem recursos para calcular epicentros e utiliza as informações do norte-americanos. Uma das bases de monitoramento vinculadas ao serviço norte-americano, e também à ONU, está localizada em Riachuelo. É a base mais próxima do abalo sísmico realizado no último domingo. Segundo o USGS, o abalo foi de magnitude seis na escala Richter.

Há bases de monitoramento em outras cidades do RN, como Pedro Velho, Pau dos Ferros, e Pedra Preta. A intenção é instalar mais 15 estações em todo o Nordeste para fortalecer a rede de monitoramento.

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