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Chávez rompe relações com Uribe

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VENEZUELA - Decisão de Chávez é vista como uma estratégia para evitar o naufrágio da reforma constitucionalCaracas (AE) – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem o rompimento das relações com o governo de Álvaro Uribe. “Enquanto o presidente Uribe for o presidente da Colômbia, não terei nenhum tipo de relação nem com ele nem com o governo da Colômbia”, declarou Chávez, num evento em Andrés Bello, oeste do país. “Não posso.” Ele acusou Uribe de ser “capaz de mentiras descaradas, de desrespeitar um presidente que chamou de amigo, a quem pediu ajuda”, e acrescentou: “Se ele faz isso com outro presidente, imagine o que não fará com o povo colombiano.”

Não ficou claro se Chávez se referia a um rompimento formal de relações diplomáticas com a Colômbia, segundo maior parceiro comercial da Venezuela, depois dos Estados Unidos, com um comércio bilateral de mais de US$ 5 bilhões e fronteira de 2.200 quilômetros. “Chamamos de volta nosso embaixador em Bogotá e estamos em processo de análise das relações de maneira integral”, disse, mais tarde, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. “O presidente decidirá a política e anunciará ao país.” Em 2005, num rompante como esse, Chávez também “rompeu” com o então presidente do México, Vicente Fox, mas as relações diplomáticas entre os dois países se mantiveram.

De qualquer forma, a ruptura pode durar muito: tanto Chávez (cujo mandato vai até 2012) quanto Uribe (até 2010) aspiram a uma segunda reeleição. A declaração culminou uma escalada iniciada na semana passada, depois que Uribe pôs fim à mediação de Chávez para a libertação de reféns mantidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Antes do anúncio de Chávez, Uribe havia dito ontem, sem citar Chávez: “Os governantes deveriam respeitar o povo que representam antes de agir por raiva e vaidade.” Chávez vinha mediando a troca de reféns por guerrilheiros presos na Colômbia desde o fim de agosto.

Durante a Cúpula Ibero-Americana, realizada há três semanas, em Santiago, ele perguntou a Uribe se podia conversar diretamente com o comandante do Exército colombiano, general Mario Montoya. Segundo o alto comissionado da paz colombiano, Luis Carlos Restrepo, Uribe pediu a ele que não fizesse isso, e que mantivesse os contatos no nível presidencial.

No dia 21, Chávez telefonou para Montoya e tentou convencê-lo a retirar o Exército de uma área no centro-sul da Colômbia, para permitir a negociação com as Farc. Uribe se opõe categoricamente a essa idéia. Naquela noite, Uribe anunciou o fim da mediação de Chávez, ao mesmo tempo em que o presidente venezuelano se vangloriava do seu papel de mediador, num discurso a manifestantes favoráveis a sua reforma constitucional, em Caracas.

Brasília vê manobra de Chávez

Brasília (AE) – Os ataques à Colômbia feitos pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez – que culminaram ontem com a decisão de Caracas romper as relações diplomáticas com Bogotá -, têm, entre outras razões, um forte fator doméstico: o risco de o líder venezuelano ver sua reforma constitucional naufragar no referendo popular de domingo. Fontes do governo brasileiro avaliam que os protestos contra a reforma constitucional, a dispersão de setores antes alinhados a Chávez e a reorganização da oposição tornaram o referendo um problema real para o projeto do presidente venezuelano de consolidar uma ditadura constitucional no país.

Na avaliação de setores diplomáticos brasileiros, sem o apoio de parte de seus eleitores cativos, Chávez recorreu ao clássico método de criar e alimentar um inimigo externo da nação bolivariana para agregar votos favoráveis – patrióticos e com claros sinais chauvinistas – a seu projeto maior. A Colômbia é um país fronteiriço cujo governo está claramente no espectro ideológico oposto ao do bolivarianismo de Chávez.

A tática de usar os problemas externos para mobilizar e unir internamente os aliados também fica patente na forma agressiva como o governo Chávez trata problemas territoriais com a Guiana e própria Colômbia que, antes, tinham dimensão apenas diplomática. O Ministério de Relações Exteriores brasileiro, por enquanto, não quer ver o Brasil no meio dessa confusão política sustentada por Chávez. Primeiro, porque espera o abrandamento dos ataques de Chávez à Colômbia depois do referendo de domingo. Segundo, porque ainda mantém a oferta feita a Bogotá de ceder um território para as negociações de um acordo humanitário entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Ministro ameaça cortar sinal da CNN

San Cristóbal (AE) – O ministro das Telecomunicações da Venezuela, Jesse Chacón, ameaçou ontem tirar do ar a rede de TV americana CNN. A ameaça foi feita depois que o presidente Hugo Chávez acusou a CNN de “convidar” ao seu “magnicídio”. A reação foi provocada por um lapso da CNN em Espanhol, que exibiu, durante sete segundos, na manhã de terça-feira, fotos de Chávez e do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, dividindo a tela, e a legenda “Quem o matou?” sob a imagem do venezuelano.

Chávez denunciou o episódio durante o programa La Hojilla (lâmina de barbear), na TV estatal, na noite de terça-feira. “Isso pode ser considerado um convite ao magnicídio”, dramatizou o presidente. “Um canal que se declarou nosso inimigo.” Para Chávez, a legenda é parte de uma “guerra psicológica” promovida pelo “império norte-americano” nas vésperas do referendo de domingo sobre a reforma constitucional que permite, entre outras coisas, que ele se reeleja indefinidamente.

Chávez disse que pediu à Procuradoria-Geral da República que investigue se a CNN cometeu um crime. “Não existe legislação para atuar diretamente contra a CNN, porque ela não tem a sua sede jurídica aqui”, reconheceu o ministro Chacón.  “Podemos revisar quem coloca o sinal aqui – as operadoras a cabo, que têm contrato privado.” Ele explicou que a medida será tomada caso a Justiça considere que a CNN cometeu um “delito”.

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