Caracas – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mantém uma vantagem de 32 pontos porcentuais sobre seu principal adversário em sua busca por um terceiro mandato nas eleições de 3 de dezembro, segundo uma pesquisa promovida pela AP-Ipsos.
Cerca de 59% dos eleitores disseram que votarão em Chávez, enquanto 27% apóiam o candidato oposicionista Manuel Rosales. Treze por cento estavam indecisos ou não quiseram responder. A pesquisa mostrou que 57% dos entrevistados expressaram alguma preocupação de que as pessoas poderiam enfrentar represálias por sua preferência eleitoral – 79% de partidários de Rosales e 46%, de Chávez. Tal temor pode fazer com que os números da pesquisa sejam diferentes do das urnas, já que alguns entrevistados podem ter tido medo de manifestar sua verdadeira opinião.
A sondagem foi promovida entre 10 e 18 de novembro entre 2.500 eleitores entrevistados pessoalmente em suas casas. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa detectou profundas diferenças entre as classes sociais, com os mais ricos apoiando firmemente Rosales, enquanto a classe média aparecendo dividida e os mais pobres estando solidamente ao lado de Chávez – 70% a 16%.
Os venezuelanos, apontou a sondagem, estão no geral satisfeitos com o rumo do país, com 61% dos entrevistados dizendo que a Venezuela está no caminho certo e 31% acreditando que ele está na direção errada. Sessenta e três por cento aprovam a administração Chávez, apesar de 66% considerarem que o presidente é autoritário. Chávez é um aliado próximo do presidente cubano, Fidel Castro, mas 84% dos venezuelanos são contrários à adoção de um sistema político como o existente em Cuba.
A forma, muitas vezes bombástica, como Chávez atua no cenário internacional é apoiada por 53% dos venezuelanos. O presidente dos EUA, George W. Bush, é altamente impopular na Venezuela, 63% dos entrevistados têm uma visão negativa de Bush, enquanto apenas 20% o vêem com bons olhos. Em comparação, 42% têm uma opinião positiva sobre Fidel.
Já o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, é bem visto por 53% dos venezuelanos. Os Estados Unidos são considerados uma ameaça militar por 51%, sendo que apenas 37% dos venezuelanos tem uma visão favorável dos EUA no geral, contra 46% para Cuba e 28% para o Irã. Uma grande maioria, 79%, considera que há democracia na Venezuela, apesar de 46% dizerem haver hoje menos liberdade política do que no passado.
O resultado da pesquisa reforça a controvertida figura de Chávez. Enquanto 48% acreditam que ele coloca seus interesses políticos pessoais acima dos da Venezuela, 64% afirma que ele resolve os problemas da população e 59% o descrevem como um bom administrador. Chávez recebeu as melhores notas em suas políticas de educação, com 75% de aprovação, e saúde, 74%, e as piores no trato da corrupção e criminalidade – 45% e 34%, respectivamente.
A criminalidade é a maior preocupação dos venezuelanos: para 67% é o maior problema do país, com o desemprego ficando em segundo lugar. O índice de desemprego é hoje de pouco menos de 9%, mas 23% dos pesquisados se apresentaram como desempregados. A sondagem mostrou que os programas sociais financiados pelos recursos petrolíferos – de atendimento médico gratuito a mercearias fortemente subsidiadas pelo governo -, se traduzem em respaldo eleitoral para Chávez. Sessenta e oito por cento dos que foram beneficiados por pelo menos um dos programas, ou conhecem alguém que o foi, afirmaram que votarão em Chávez, contra 23% daqueles que não foram.